Seguro de existir, Descartes acredita supor que não há outra certeza. Mas há muitas outras, desde que ele comece a meditar. Ele julga, inovador como é, que deve manter a atitude, tradicional em metafísica, duma dúvida universal que está ligada à vontade, quer ao início, quer à saída de tudo aquilo que se pensa. E isto é uma atitude profissional. Ei-lo, no entanto, a braços com um problema sério. A experiência do sonho, os erros da percepção, as ilusões do tacto e do olhar, as alucinações de tipo diverso, engendraram desde tempos imemoriais, esta questão teórica - tão positivamente teórica que se poderá perguntar, à parte, se ela não será puramente verbal.
Paul Valéry, in Variété V (pg. 234).
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