quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Camusiana : original e traduções


Dificilmente, algum autor estrangeiro, neste caso francês, terá tido maior influência nas gerações portuguesas que liam e que perfizeram os vintes anos, na década de 60 do século passado. O seu lado solar, a sua generosidade e solidariedade militante, bem como o seu empenhamento nas grandes questões do tempo, fizeram de Albert Camus (1913-1960) uma referência incontornável.
A Livros do Brasil editou-lhe praticamente toda a obra de ficção e teatro, e até os célebres "Cadernos" memorialísticos e de reflexão, na conhecida colecção Miniatura. Outras editoras portuguesas publicaram, praticamente, todos os restantes livros. Creio que a única obra que não chegou a ser traduzida para português, terá sido este L'Été (1954), que aparece na imagem, na sua edição original.
Aqui fica uma pequena iconografia bibliográfica para celebrar o centenário do nascimento de Albert Camus.

Nota: as capas da Miniatura são da autoria de Bernardo Marques.

Pinacoteca Pessoal 62 : Cézanne


Não sendo dos quadros mais conhecidos de Paul Cézanne (1839-1906), esta tela, executada por volta de 1870, pertence ao acervo do Museu de Arte de S. Paulo (Brasil). Retrata a concentração relaxada de Émile Zola (1840-1902) escutando a leitura de um manuscrito, por parte do seu secretário, Paul Alexis. E é um bom exemplo da obra de Cézanne, como ponto-charneira entre o Impressionismo e as novas correntes que vieram a florescer, com o dealbar do século XX, na Europa.

Albert Camus : servir a verdade e a liberdade

Passa, hoje, o centenário do nascimento de Albert Camus (1913-1960). Em geminação com o Prosimetron e MR, aqui o lembramos, como exemplo de intelectual comprometido com o seu tempo, em luta pela justiça, a verdade e a liberdade. Sua e dos outros. Solidária, em suma.

Da Janela do Aposento 39: Educação ? Ensino ?





A condição de “posto em sossego” desobrigou-me a qualquer declaração de interesse, mas não me livrou do desassossego perante o desnorte, ao nível nacional e europeu, nas questões da educação e do ensino.
A confusão entre os dois conceitos tem décadas, ao ponto de ganhar estatuto, na nova proposta do “Programa de Português”, sob o lema de “Educação Literária” quando, de facto, se pretende traçar objectivos de ensino na vertente de leitura de textos literários. Contudo, a confusão conceptual tem uma raiz e uma origem, i.e., uma Lei de Bases do Sistema Educativo, de 1986, que declarava, nos seus considerandos preambulares, que o “Estado não pode atribuir-se o direito de programar a educação e a cultura segundo quaisquer directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas”. Embora sempre negligenciado, tamanho embuste paradoxal e conceptual abriu a porta ao declive em que nos encontramos.
Passamos a definir a educação em função de universos restritos. Uma Lei de Bases definida com os olhos postos nos filhos lá de casa, esquecendo que a realidade era bem outra. O que até levou um Ministro, após a sua saída, a declarar que “o difícil é sentá-los”, uma evidência que qualquer docente sabia, e bem demais para ser verdade.
O medo perante um “cânone literário” para leccionar, e ensinar, privou uma geração de alunos de uma percepção “cronológica e antológica” da Literatura Portuguesa, substituindo-a por uma salganhada de leituras da “literatura universal”, entremeada por excertos, envergonhados, dos chamados clássicos nacionais. Não merece a pena citar os “bons ventos” responsáveis, nem os famigerados “planos nacionais” que suportam semelhante opção.
Os chamados Programas, ou Metas Curriculares, orientaram-se pela vaidade ou inclinação académica dos seus redactores. Nalguns casos, o aparato “teórico de enquadramento” é um portento. Noutros, para descer a um nível inferior da linguagem, a “montanha pariu um rato”, como é o caso da recente proposta de Programa de Português para o Ensino Secundário, da autoria de Helena Buescu.
Convém recordar que este novo programa surge num momento em que a escolaridade obrigatória se alargou até ao 12º Ano, i.e., declarando-se válido e exequível, para o universo dos alunos, uma recuperação de um determinado “cânone literário”.
E neste “novo Programa”, de “gato escondido com rabo de fora”, sucede que a selecção “cronológica” anda aos saltos e a “antologia” se resume, na generalidade, a excertos, acusando determinadas opções estéticas e particulares dos redactores. O espanto geral perante uma encenação tão inconsistente permite apenas citar alguns exemplos mais aberrantes:
Cantigas de Amigo (escolher 5), Cantigas de Amor (escolher 3), Crónica de D. João I (escolher 2 capítulos), História Trágico-Marítima (Capítulo V), A.Vieira, Sermão de Santo António (passou a ter capítulos, em vez de partes do sermão, Cap. I – integral – o restante em excertos), e, para finalizar, A. Garrett, Viagens na Minha Terra (escolher 5 capítulos!). As opções relativamente ao Século XX dispensam qualquer consideração. Pobres professores, infelizes criaturas !
Tenho saudades do tempo em que os estudantes entoavam “loas”, cantando vivas à Academia e aos professores, porque lhes reconheciam valor na sua capacidade de orientar os seus estudos de uma forma sábia, objectiva e desinteressada.

Post de HMJ

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Para variar : Adoniran Barbosa (1910-1982)

Para quem ainda tivesse dúvidas


Também na Inglaterra, Georges Simenon é considerado um clássico. O anúncio é do último TLS. E esta nova ronda de traduções da Penguin, inicia-se pelo que foi o nº 145, da Vampiro, em Portugal, com o título "Pietr, o Letão".

A esperança nacional


A jovem, alourada artificiosamente, ao balcão da tabacaria outrabandista, pediu ao empregado, assertiva e alegre, a "Caras" e duas raspadinhas de 1 euro. Pagou, e saiu feliz.
Mais alto, há quem se desunhe e grite, convictamente, por José Rodrigues dos Santos e Maria Filomena Mónica, que também são produtos nacionais. E também são felizes por esta opção intelectual.
Felizmente, que há gostos para tudo. E que Portugal é uma democracia, teoricamente. Ainda.

Movimentos desencontrados e frenéticos


A anunciação, feita recentemente, pelo Ministério da Educação, de novos programas para o ensino da Matemática e do Português, para o secundário, embora ainda sujeitos a debate público, provocou, pela surpresa, muitas reacções. Para um leigo como eu, no entanto, a estratégia parece-me desencontrada na sua base de partida e fruto de uma caprichosa incoerência de intenções. Talvez, no fundo, acompanhe, solidariamente, a confusão que preside às políticas ziguezagueantes deste inenarrável governo.
É evidente que nem tudo é inútil ou despropositado nestes novos programas, mas repare-se: na Matemática do secundário são inseridos temas e áreas avançadas que, até agora, estavam apenas reservados ao ensino universitário, dada a sua complexidade abstracta e difícil; por outro lado, no Português, é um regresso ao passado (cerca de 20 anos atrás) com a reintrodução de Fernão Lopes, poesia trovadoresca, Garção, Camilo Pessanha, por exemplo.
Embora Crato seja no Sul, parece-me que anda por aqui um grande desnorte...

A par e passo 64


Uma literatura vale o que vale o leitor: tudo aquilo que diminui este em relação à qualidade da linguagem, à atenção dedicada, e o torna céptico no que diz respeito aos julgamentos que lhe querem impor, pré-formados, é funesto à aceitação das letras. O mesmo é dizer que a publicidade comercial, a facilidade e a rapidez de espectáculos com imagens directas, a instituição de prémios literários, o desejo de impressionar pela surpresa, de agir pela novidade forçada, pelo choque das expressões e reaproximações abruptas, enfim, a multiplicação das obras, não são condições favoráveis à formação de um público mais sensível às subtilezas e profundidade da arte.

Paul Valéry, in Regards sur le Monde actuel (pg. 221).

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Franz Schubert / Aafje Heynes


Civilidade (29)


Diz-nos o Padre João de N. Sra. da Porta Siqueira, no seu "Escola de Politica, ou Tratado Practico da Civilidade Portugueza" (Porto, 1803) que, ao convidarmos alguém, para almoçar ou jantar em nossa casa, devemos ter em atenção o gosto e preferências dos nossos convidados. É o que eu faço, normalmente, mas houve uma vez, aqui há uns anos, que me esqueci. E, logo que abri a porta, ao casal de amigos, perguntei de chofre: "Gostam de coelho?"; e ele me respondeu de imediato: "Não sei! Nunca comi..."
Fiquei petrificado, até porque o almoço já estava quase pronto, e não havia tempo para alternativas. Felizmente era um coelho bravo e, talvez por amizade ou deferência, eles comeram e não se queixaram.
Mas voltando ao Padre João, é assim que ele diz como se deve trinchar um coelho: "Fende-se desde o pescoço, correndo ao longo do espinhaço; e depois estes lombos se vão cortando às postas atravessadas para os ministrar; o mais se parte á vontade."
Este ministrar é que me deixou bastante curioso...

Curiosidades 18


A fazer fé na informação baseada em estudos credíveis e sérios, fundamentados sobretudo em experiências da I Grande Guerra, e referidos por Leo Murray (Brains and Bullets, Biteback), nas batalhas, de uma forma geral, 4 em cada 5 soldados são "não-lutadores". E apenas 1 é verdadeiramente belicoso. O aperto e o perigo iminente, no entanto, despertam, muitas vezes, o instinto de sobrevivência e a adrenalina que obrigam, também, os mais pacíficos a lutarem. Daí as deserções e execuções sumárias, nos próprios campos de batalha, por esse motivo.
É sabido que a nomenclatura portuguesa, no aspecto militar, tem grande parte da sua origem nos escalões franceses do Exército. Assim, por exemplo, o posto de sargento vem do francês: sergent.
Quem vê filmes ou mesmo cenas reais filmadas, ao vivo, da guerra, ou paradas militares, dificilmente imaginará que, nos tempos mais recuados, os exércitos eram bandos desordenados, ou hordas de gente indisciplinada que fora arrebanhada, normalmente à força, para combater. E que, por isso mesmo, procuravam a primeira oportunidade para fugir. Daí a existência dos sergent (serre-gent ou serre gens) que, na retaguarda, seguravam e empurravam os recalcitrantes, obrigando-os a combater.

Para os nossos leitores, em primeira mão



Na sequência da informação, dada por FVN no Prosimetron, sobre o "Achado sensacional de Munique", uma estação de televisão alemã apresentou, hoje, alguns quadros que são dados como desconhecidos do público.
Para os nossos leitores seleccionei a imagem de dois quadros. Em cima um Chagall e, a seguir, um Matisse.


Post de HMJ

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Interlúdio 39


Apontamento 27: Cavar o fosso



Infelizmente, vai sendo hábito que tanto o Presidente da Comissão Europeia, como os seus Comissários, proferem discursos impróprios, até contrários aos princípios e o espírito do Tratado da UE, ofendendo os povos da Europa que, pretensamente, julgam representar.
A figura, ou criatura, em epígrafe deve interpretar, como virtual, um dos considerandos preambulares do Tratado da UE, que reza assim:
"Desejando aprofundar a solidariedade entre os seus povos". [sic]
Certamente, não leu, ou já não se lembra, do artigo 3º do referido Tratado, nomeadamente quando se pronuncia, de forma ofensiva, sobre as "pensões generosas" atribuídas em Portugal. 
Contudo, tal ofensa ultrapassa o limite do tolerável, quando ele concede a um dos seus directores, Jürgen Kröger, uma reforma aos 61 anos de idade. E, ao que parece, o dito director sai já com um novo contrato de "prestação de serviços" na carteira. 


Ora, os restantes funcionários da CE como a generalidade dos trabalhadores europeus, sobretudo os Portugueses, devem lembrar-se bem da cara deste senhor, sobretudo a maioria que tem de trabalhar mais uns aninhos até chegar à idade de reforma. Nem sequer interessa, nesta questão de princípio, a "pensão generosa" que o Sr. Kröger vai auferir. 
Interessa, sim, que este tipo de "solidariedade" aprofundará ainda mais o fosso entre os actuais dirigentes de uma instituição, criada para defender a paz, e os cidadãos europeus.

Post de HMJ

Das primeiras greguerías de D. Ramón


Das primeiras greguerías de Ramón Gómez de la Serna (1888-1963), feitas no dealbar dos seus 20 anos, até às do ano da sua morte, há todo um exercício de depuração, contenção e essencialidade aforística. Entre os longos parágrafos das greguerías iniciais e a brevidade tensa das últimas, apenas e sempre, algumas coisas em comum: uma extrema atenção ao pormenor das acções mais banais ou acontecimentos fortuitos, aliada a uma intuição singular sobre jogos de palavras improváveis, e associações quase surreais; mas também um olhar de inocência, que quase parece infantil, orientado para o deslumbramento e descoberta das coisas de todos os dias, quando não, da sua desmontagem inteligente.
Passamos a traduzir, então, uma greguería ramoniana, do primeiro ciclo, entre 1911 e 1919. Segue:

"Pobre morcãozito brando e voluptuoso metido no coração da fruta!... Encontramo-lo demasiado tarde, quando já não podemos deixar-lhe o fruto só para ele... Sentimos o seu frio repentino ao ser posto perante a intempérie, assim nu e em carne viva... Sentimos o golpe no seu destino, sentenciado a morrer desalojado que foi da incubadora onde vivia tão docemente... E, às vezes, sentimos um súbito arrepio, uma dor penetrante, inadvertidamente, ao cortá-lo em dois, com a faca, quando partimos a fruta!
Terrível susto, o do morcãozito e o nosso!"

A safra de 2013



Apresenta-se a nossa safra de azeitonas de 2013. Não se poderá falar em abundância, mas, considerando o facto de as azeitonas terem sido criadas numa varanda outrabandista, elas desenvolveram-se bem em tamanho. Seguimos os preceitos de pessoas conhecidas para as banhar - em água de mesa - durante uns dias, antes de as temperar.
Aqui estão, para mais uma prova virtual.
Bom proveito !

Post de HMJ

domingo, 3 de novembro de 2013

Nina Simone : "Wild is the Wind"


Diários de Paul Klee



O "post" de FVN, no Prosimetron, sobre Paul Klee fez-me recordar o gosto pela obra do artista e o interesse pela sua personalidade. Já não sei dizer quando nasceu, nem como surgiu, essa eleição. Deve ter sido em finais dos anos 60 do século passado, pelo apontamento de leitura nos seus "Diários", de que ainda guardo um exemplar, da edição de 1957, impresso em Colónia. 


Os textos, em alemão, não devem constituir obstáculo para FVN, por isso, fica aqui o registo.

Para os restantes leitores, escolhi uma fotografia do atelier de Paul Klee, reproduzida na obra acima apresentada.


Post de HMJ

Citações CLVIII


Para alguns génios, uma morte prematura acelera o caminho para a canonização.

David Papineau (1947).

Filatelia LXXVII : Bibliografia estrangeira


Não se pode dizer que a bibliografia filatélica portuguesa, especializada e essencial, seja muito ampla. Tirando os trabalhos de Cunha Lamas, Castro Brandão, Oliveira Marques, Mário O. Vieira e Vaz Pereira, pouco mais haverá de importante a consultar, sobretudo, no que aos selos clássicos portugueses diz respeito. Alguns notáveis coleccionadores lusos levaram conhecimentos e sabedoria prática para a cova. Outros, terão guardado importantes segredos para si. E não os revelam, provavelmente, para poderem, sem concorrência, enriquecer as suas colecções.
Penso que, no estrangeiro, as coisas não se passam inteiramente assim. E, sobretudo na Inglaterra, Alemanha e E. U. A., há importantes monografias filatélicas e mesmo catálogos especializados que, ainda hoje, me surpreendem pela minúcia e abordagem aprofundada de temas.
Dos livros em imagem, apenas o que é dedicado a selos raros é verdadeiramente especializado. Mas "The Postage Stamp...", da Pelican Books, escrito por L. N. e M. Williams é um trabalho amplo e notável.

sábado, 2 de novembro de 2013

Retratos 12


O sr. Abílio respira honestidade profissional por todos os poros. E nos preços que faz. Nos seus 80 anos, improváveis e rijíssimos, embora muito afáveis, leva já 67 de profissão constante, porque iniciou a sua aprendizagem a meio  da adolescência, mal completara os 13 anos. Aprendeu os rudimentos de artífice numa relojoaria da rua dos Sapateiros, em Lisboa, que tinha a representação da Patek Philippe e mais duas ou três marcas de consagrada respeitabilidade. Aí se vendiam, à confiança, e arranjavam relógios, a cargo de três bons profisionais.
Depois, e anos mais tarde, por razões várias veio a estabelecer-se na Outra Banda do Tejo.
A relojoaria, pequena, na velha Almada, está desarrumada, mas só para quem vem de fora. Pequenos ponteiros para substituição, coroas, braceletes, tudo ele encontra, com rapidez surpreendente, gesto sucinto e habituado, naquele aparente caos humano e ameno de trabalho manual.
Nós tinhamos entrado para comprar uma pilha e duas braceletes de relógio, iam as 11 quase no fim. E, de repente, poucos minutos passados, quatro ou cinco grandes e maviosos relógios começaram a bater, em uníssono de inesperada sinfonia, as 12 horas. Tenho de confessar que, por momentos, me senti transportado à infância, e uma tranquilidade beatífica e feliz me banhou a memória...

Mais um leilão de Outono


É já nos próximos dias 4, 5 e 6 de Novembro que Pedro de Azevedo leva a efeito um leilão de livros e gravuras, no Amazónia Lisboa Hotel, pelas 19h30. De destacar uma magnífica queiroziana, dois manuscritos de Camilo e a primeira edição do (Paris, 1892), de António Nobre com uma estimativa de venda entre 500 e 700 euros. E, ainda, a bem rara edição primeira (1566/67) da Crónica de D. Manuel, de Damião de Góis, com uma perspectiva de venda de 3.000/4.500 euros.

Max Bruch (1838-1920) : Op. 57


Na passagem de mais um aniversário do nascimento de Jorge de Sena


Nota: o poema pertence ao livro "Peregrinatio ad Loca Infecta" (Portugália, 1969).
Na fotografia, Jorge de Sena (1919-1978) está ladeado, à esquerda, por Óscar Lopes, e Eugénio de Andrade, à direita.

Uma fotografia, de vez em quando (19)


Fotógrafo de rua, sociólogo visual de uma certa América do Norte do séc. XX, Garry Winogrand (1928-1984) deixou-nos uma obra vasta que retrata uma época, quase sempre de seres humanos anónimos, se exceptuarmos o emblemático retrato de Marilyn Monroe, que também aqui fica.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Nem sempre em verso


Das múltiplas actividades a que se dedicou, quase nunca excessivamente burocráticas, e para além de crónicas certeiras e poemas, Alexandre O'Neill (1924-1986) trabalhou também em publicidade. É da sua autoria um dos slogans portugueses mais conhecidos, que fez para o Instituto de Socorros a Náufragos, e que reza assim: "Há mar e mar, há ir e voltar". Recusado que lhe foi um anterior, que dizia: "Passe um Verão desafogado". Feitos por ele, são também os seguintes:
- para a Gazcidla - "Gazcidla na cozinha é um descanso".
- e outro recusado, e que se destinava a uma estalagem, em Colares: "Na estalagem X você está como não está em sua casa".
Finalmente, um feito por brincadeira, para o Metropolitano de Lisboa: "Vá de Metro, Satanás!"

Em destaque


Dá gosto ler um texto assim. Porque nos agita os neurónios, tem a elegância limpa de não usar palavrões e diz verdades como punhos.
Vem na ípsilon, do jornal Público de hoje. E foi escrito por António Guerreiro. 
Há que clicar sobre esta crónica magistral, para aumentar. E ler.

Memória (83) : João Bagão e Luiz Goes


Adagiário CLXI : Novembro (4)


1. De Santos (1) ao Natal, perde a padeira o cabedal.
2. No dia de S. Martinho (11), fura o teu pipinho.
3. Por S. Clemente (22), alça a mão da semente.
4. Por Santo André (30), todo o dia noite é.