terça-feira, 5 de novembro de 2013

Civilidade (29)


Diz-nos o Padre João de N. Sra. da Porta Siqueira, no seu "Escola de Politica, ou Tratado Practico da Civilidade Portugueza" (Porto, 1803) que, ao convidarmos alguém, para almoçar ou jantar em nossa casa, devemos ter em atenção o gosto e preferências dos nossos convidados. É o que eu faço, normalmente, mas houve uma vez, aqui há uns anos, que me esqueci. E, logo que abri a porta, ao casal de amigos, perguntei de chofre: "Gostam de coelho?"; e ele me respondeu de imediato: "Não sei! Nunca comi..."
Fiquei petrificado, até porque o almoço já estava quase pronto, e não havia tempo para alternativas. Felizmente era um coelho bravo e, talvez por amizade ou deferência, eles comeram e não se queixaram.
Mas voltando ao Padre João, é assim que ele diz como se deve trinchar um coelho: "Fende-se desde o pescoço, correndo ao longo do espinhaço; e depois estes lombos se vão cortando às postas atravessadas para os ministrar; o mais se parte á vontade."
Este ministrar é que me deixou bastante curioso...

4 comentários:

  1. É um dos poucos alimentos que nem consigo imaginar comer ou cheirar... Gostava de arroz de coelho quando era pequena, mas desde que vi um a ser morto antes de ser transformado em arroz, nunca mais...
    Entretanto, tenho uma amiga que não come carne e convidei-a para jantar. Fiz pescada assada, achando que era algo inocente, mas ela era alérgica a pescada.

    ResponderEliminar
  2. Pois eu gosto, embora espaçadamente...
    Há horas de azar..:-(

    ResponderEliminar
  3. Eu gosto de coelho, mas há muita gente que não come.
    Esse seu amigo, que nunca tinha experimentado, não seria judeu?

    ResponderEliminar
  4. Que eu saiba, não é - pureza de sangue e de princípios, na minha opinião.
    Mas eu creio que há muita gente que se lembra da velha história "de gato por lebre"..:-))

    ResponderEliminar