quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Da tarde para a noite lisboeta


A meio da tarde, as gaivotas deixavam-se cair, em peso morto, do seu voo alto, sobre o Tejo. Quando não se abandonavam, lassas e indiferentes, ao vento forte que as arrastava para norte. Foi talvez por esse vento, que soprava de sul, que a temperatura ficou mais amena.
Quando saí, a rua estava juncada de folhas mortas da ficus, ficus que se debruça, altaneira, sobre o muro. Turistas, nesta zona, como sempre, muitos. Com predomínio castelhano e, alguns, bem desabotoados - fizeram-me sentir frio.
Depois, no leilão, a crise não se notava mesmo nada. A primeira edição de "Os Maias", de Eça, atingiu os 1.100,00 euros; as "Views of Cintra", de W. H. Burnett, foram vendidas por 5.700,00 euros. Felizmente que a BNP optou por grande parte da correspondência manuscrita dirigida a Fontes Pereira de Melo. Assim ficará disponível a quem a quiser estudar. Os livros de José Régio é que sairam baratos. Sinal dos tempos?
No Chiado, o rio adolescente crescia, em direcção ao Bairro Alto. Maciço, truculento. Por vezes gritante, nalguns passos trôpegos, já bem aquecidos...

4 comentários:

  1. Mas é que o tempo aqueceu estupidamente.
    Há pouco, no Metro, iam alguns adolescentes para engrossar o caudal do rio.

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  2. Às sextas ou vésperas de feriado, o rio é sempre caudaloso: até parece que não há crise que lhe chegue...

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  3. Nunca pensei dizer isto, mas é uma praga para os habitantes do bairro.

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  4. Estou inteiramente de acordo,Miss Tolstoi.

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