terça-feira, 1 de julho de 2025

 

O lado visionário e paradoxal da obra do holandês Maurits Cornelis Escher (1898-1972) está profusamente documentada neste livro da Taschen que teve a sua versão (2008) portuguesa, fielmente reproduzida da original, e que tem a vantagem de todas as gravuras serem acompanhadas de um texto alusivo e/ou explicativo do seu autor.



A xilogravura 7. Sonho (1935) é legendada pelas seguintes palavras de Escher: " sonha o bispo com um louva-a-deus, ou é toda a representação um sonho do artista?"


Grato reconhecimento a H. N.

Ferruccio Busoni (1866-1924) - Sonatina brevis K 280

Adagiário CCCLXXXI


 

Cágado para que queres botas, se tens as pernas tortas?

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Teixeira Gomes

 


Em imagem, são duas das obras fundamentais na bibliografia de Manuel Teixeira Gomes (1860-1941), para melhor compreensão da vida e obra do escritor algarvio. A primeira, que tem como autor o jornalista Norberto Lopes (1900-1989), a segunda de Urbano Rodrigues (1888-1971), cujo filho, Urbano Tavares Rodrigues (1923-2013), reincidiu familiarmente com pelo menos 4 estudos sobre o mesmo prosador. Circunstância feliz, semelhante ao que aconteceu com os Prado Coelho no estudo continuado de Camilo Castelo Branco.
(Até parece que há gostos que se transmitem nos genes.)

sábado, 28 de junho de 2025

Ideias fixas 97

 
A vantagem do maestro é que, em toda a orquestra, é o único profissional que pode dar-se ao luxo de perder as estribeiras com o corpo e gesticular à vontade e com desatino frenético.

Final da 1ª. Sinfonia de Mahler ("Titã")

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Sacrilégio

 
Em zapping ocasional, na RTP Memória, ouvi, há pouco e por acaso, a voz de Alfredo Marceneiro (1891-1982) a cantar um fado ("Amor é água que corre..."). E, inesperadamente, lembrei-me de Bob Dylan.
Será por serem vozes a cair da tripeça?

Estado da natura 4

 

Embora no pleno geral da produção que, normalmente, coincide por este altura do ano, nunca o vaso da varanda a sul nos tinha brindado com um tão numeroso conjunto de buquês de hortênsias, quase em simultâneo esplendor florido.

terça-feira, 24 de junho de 2025

Desabafo (98)


Dizem os jornais que o Ministério Público vai entrar em greve em Julho. Os canais televisivos confirmam.
E eu que pensava que os agentes da pequena justiça à portuguesa estavam em greve prolongada, há anos!...

segunda-feira, 23 de junho de 2025

Em louvor de uma editora

 
Houve tempo em Portugal em que as editoras tinham preocupações pedagógicas, quando não éticas. Guiavam-se também pelo lucro naturalmente, mas orientavam as escolhas das suas obras por critérios de qualidade literária. De David Corazzi a Rolland & Semiond, da Portugália aos Livros do Brasil, mais recentemente, comprar livros destas editoras era uma garantia de estarmos a adquirir obras de nível cultural. Hoje, são raras as empresas que pautam os seus critérios para lá do lucro, exclusivamente.



De fora, chegavam-nos também ecos da exemplaridade estética de algumas casas editoras. Uma das que eu tenho de memória era a empresa de Albert Skira (1904-1973), sediada na Suiça, que se especializou de forma magnífica em livros de arte e sobre pintores. Aqui a lembro, por imagem, através de um belíssimo livro sobre Henri Matisse (1869-1954), de 1959, obra que me foi oferecido pelo meu amigo H. N., a quem mais uma vez agradeço a lembrança.



Impromptu 83

sábado, 21 de junho de 2025

Antologia 25



As Matanças

Mês de Dezembro, na Junça, na casa do Manuel Coelho, lavrador dos mais remediados da povoação e que, por esse facto e por ter numerosa família, mata dois porcos, cada um deles de peso não inferior a oito arrobas. Mal amanheceu, toda a família se pôs a pé, a arrumar, a limpar, a chegar os panelões à fogueira de ramos de tomilho e de giestas com achas de carrasqueira e freixo, o mais novito até, o Augusto, em fralda ainda, a fazer piruetas e a cantarolar no meio da casa. Os porcos, que não comeram a ração última da tarde, grunhem na corte, desconhecedores do mal que os espreita. Afiam-se facas, ajeitam-se estopas para calafetar o buraco mortal da mortal ferida do porco, limpam-se convenientemente alguidares e barrenhões para o sangue, deita-se-lhes uma porção de sal no fundo, vai-se ao sobrado pelo chambaril que há-de suspender pelos jarretes o cadáver, para ser aberto; (...)

Carlos Alberto Marques, in Beira Alta (pg. 157).

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Bibliofilia 223



Já por aqui falei  de M. Moleiro Editor, sediado em Barcelona e com delegação em Madrid.
Ciclicamente, recebo encartes que dão conta, por imagem e texto, das reproduções que fazem, para venda, de livros preciosos e raros de vários países. Neste último encarte que recebi, anunciam a edição facsimilada do Atlas de Fernão Vaz Dourado (1571), que consta do acervo da Torre do Tombo.
O editor Moleiro está presente na Feira do Livro de Lisboa no pavilhão D38, até 22 de Junho de 2025. 



quinta-feira, 19 de junho de 2025

Citações DXV



Dever da lucidez: conseguir chegar a um desespero correcto, a uma ferocidade olímpica.

E. M. Cioran (1911-1995), in Syllogismes de l'amertume  (1952).

quarta-feira, 18 de junho de 2025

terça-feira, 17 de junho de 2025

Alfred Brendel (1931-2025)

 

Faleceu um dos meus pianistas preferidos para ouvir Liszt, Beethoven ou Schubert.

Divagações 206

 

É minha convicção que o rigor e a exigência abrandaram no mundo, nos últimos tempos. A tolerância quando não o relaxe ganharam uma flexibilidade impensável ainda no século passado. Ponto assente, anteriormente, era de considerar a literatura policial como um género menor...
A precedência de Georges Simenon em La Pléiade, de algum modo, permitiu que a prestigiada colecção francesa, quase equivalente a uma academia de imortais, viesse a albergar  agora parte dos livros de Arthur Conan Doyle (1859-1930), em dois volumes. Incluindo a dita obra canónica do escritor composta por 4 romances policiais e 56 novelas, produzidos entre 1887 (Um estudo em vermelho) e 1927, que têm por figura central o detective Sherlock Holmes. 

domingo, 15 de junho de 2025

2 poemas de Dorothy Wellesley (1889-1956), em versão poruguesa



Moon

Ah, quem consegue esquecer  sua primeira noite?
Por onde a lua carnal há-de nascer?
A terrena, a  luz mais sensual
que no céu do planeta havia de brilhar.


Godparents

A divina Imaginação veio até mim,
Para acender a candeia da cabana.
A doce Filosofia abriu a porta 
E a sublime Razão veio com ela.


Dorothy Wellesley (1889-1956), in Lost Planet and other poems (1942).





sexta-feira, 13 de junho de 2025

Comic Relief (164)

 

É passível de variadas interpretações, quanto a mim, este curioso cartoon de Selçuk (1954), inserido recentemente em Le Monde. Entre a artificialidade da profissão em causa (diplomacia) e seus agentes flexíveis, e as guerras que, por interpostos terceiros, grassam no mundo, por exemplo.
Que cada um faça a sua própria leitura.

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Memória 152

 

Passaram recentemente (6 de Junho) 150 anos sobre o nascimento do grande escritor alemão Thomas Mann (1875-1955). Obras como A Montanha Mágica (1924) ou A Morte em Veneza (1912) fazem parte da minha memória maior de literatura europeia.
Assim, esta modesta evocação.

Maria João Pires | Claude Debussy: Arabesque No. 1

quarta-feira, 11 de junho de 2025

Penúltimos



Tive hoje a grata surpresa de me oferecerem os dois penúltimos volumes que me faltavam da Antologia da Terra Portuguesa. O meu bom amigo H. N. sabia que me faltavam apenas 3 livros da colecção da Bertrand, editora que, quase sempre e por mau costume, não indica a data da impressão das obras... Esta série é, vagamente, dos anos 50 do século passado e foi orientada por escritores e poetas competentes.
A partir de agora ficou apenas a faltar-me o volume nº 14, Os Açores, organizado por A. Côrtes Rodrigues.

terça-feira, 10 de junho de 2025

De antologia...

 


" Somos portugueses porque somos universais e somos universais porque somos portugueses."

Marcelo Rebelo de Sousa (1948), no discurso do 10 de Junho de 2025.

Curiosidades 112

 

Em imagem, dois livros estrangeiros que vieram de longe e que têm em comum o facto de eu nunca os ter lido completamente. Acompanham-me desde 1963. Se a obra de teatro de Brecht (1898-1956) me foi oferecida, o calhamaço (1.600 páginas) do historiador e jornalista Shirer (1904-1993) comprei-o em Paris, em Setembro desse ano, por 11,35 francos  franceses. Julgo que ainda é considerado um clássico para a história do nazismo.
Por várias razões subjectivas tenho-os em particular estima.

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Regionalismos madeirenses (6)

 

Embora de uso circunscrito em geografia limitada, os regionalismos não deixam de ter um uso apropriado e muitas vezes necessário à zona em que se aplicam. A sua origem ou construção nem sempre é possível descobri-la. Aqui deixo mais cinco regionalismos da Madeira e sua respectiva significação.

1. Infundilhar - colocar alguma coisa num lugar em que não possa ser encontrado com facilidade.
2. Jaleco - jaqueta turca cujas mangas chegavam só aos cotovelos.
3. Jambono - pessoa ou animal de pequena estatura e muito nutrido.
4. Manono - que está cheio de sono.
5. Patachada - palavra ou frase proferida de maneira insensata ou disparatada.

domingo, 8 de junho de 2025

Retratos (34)

 

Há coisas que, contra toda a evidência, não condizem. Até aos 40 anos o L. T.  Almeida nunca teve o formato físico do pai que era rotundo como uma dorna. Quase elegante, embora um pouco entroncado e de pouca altura, era também um pouco tosco nas relações pessoais, mas quase sempre pragmático.
Tinha no entanto alguma sabedoria prática para criar currículo, desde cedo, para outros voos mais altos. Começou jovem ainda pelos bombeiros, por asilos de caridade, por grupos desportivos de amadores. Foi-se sentando cada vez mais e foi assim que engordou excessivamente. No caminho, presidindo a assembleias gerais, conseguiu afundar duas empresas, que eram sadias, e mandar para o desemprego cerca de 40 pessoas. Mas era um homem feliz e governava-se bem. Sabendo escolher os colaboradores pela fidelidade e aquiescência canina de atitudes.

sábado, 7 de junho de 2025

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Perguntar não ofende (6)

 
Então não convidaram o Tony Carreira para a tomada de posse do novo Governo?!...

Osmose 144



Foi um homem das arábias, este Frei António das Chagas (1631-1682), cujo nome original era António da Fonseca Soares, nascido na Vidigueira e fundador do convento de Varatojo. Soldado implacável, por alguns anos, no Brasil, por aí foi conhecido como Capitão Bonina. Quem dele, falou com propriedade de investigação literária, foi Mª. de Lourdes Belchior. Nunca foi meu poeta predilecto pelo abuso de barroquismo dos seus versos, mas acabo de sinalizar a compra das suas Cartas Espirituais ( 2ª. edição, de 1701) na Livraria Lumière (Porto).
Não tendo sido barata a aquisição, interessava-me estudar-lhe melhor a obra, para lá do volume da Sá da Costa que tenho na minha bibiblioteca. A ver vamos...



quarta-feira, 4 de junho de 2025

Uma fotografia, de vez em quando... 197



Há coisas e imagens que nunca esquecemos.

Eduardo Gageiro (1935-2025) deixou-nos hoje.

Mas herdamos o seu olhar infinito.

Profissionalismo



Aqui está mais um bom exemplo do labor intenso da pequenina justiça à portuguesa e dos seus apaniguados... 

terça-feira, 3 de junho de 2025

Revivalismo Ligeiro CCCXLI

Dos tempos que correm

 


Há três coisas muito prováveis de se verem juntas ou próximas na rua quando passamos, ou de casa:

- uma ou mais romenas sentadas junto duma porta da igreja a chocalhar uma caixa para chamar a atenção.

- um ou dois jovens da Glovo à porta de supermercados, encostados às bicicletas, esperando encomendas.

- um PR no écran da tv, junto de um microfone, a debitar banalidades, depois de ter espalhado a confusão.


segunda-feira, 2 de junho de 2025

Ideias fixas 96

 

Estou convencidíssimo que o Tavares é um filho natural, embora muito inferior em qualidade, de Agustina.

Citações DXIV

 

"Mlle. Sagan não pode perder o seu tempo a conduzir automóveis e, simultaneamente, empunhar como deve ser a sua caneta."



Louis-Ferdinand Céline (1894-1961) sobre Françoise Sagan (1935-2004).

Henry Purcell (1659-1695)

domingo, 1 de junho de 2025

Resultados



PSG - Inter

5-O

Dois mortos e cerca de 500 detidos.

Uma fotografia, de vez em quando... 196

 


Terá sido assim, há dias, este pequeno almoço renano e abundante, na presença do felino entediado que, pelo traçado do olhar, costumam apelidar de Schlafzimmeraugen. Ou seja: olhos de quarto de dormir...

Adagiário CCCLXXX

 .

Não há coisa encoberta senão aos olhos da toupeira

sábado, 31 de maio de 2025

Últimas aquisições (60)



 A influência cultural da França em Portugal, até meados do século XX, foi predominante. Antes, terá sido a catelhana e a galega, hoje predomina a inglesa e a norte-americana, com todas as vicissitudes negativas que esta última traz atrás de si.
Este número duplo e especial do Lire aborda em dossiês especializados 7 escritores clássicos da literatura gaulesa. A revista densa (226 páginas) é cara (20 euros), mas antecipo que deve valer a pena comprá-la.

sexta-feira, 30 de maio de 2025

O mistério das lojas de "souvenirs"

 

Só quem não quiser ver é que não percebe para que servem as lojas de souvenirs que proliferaram como cogumelos em Lisboa, nos últimos anos. Mais ainda que os alojamentos locais clandestinos...
Claro que a ASAE e a PSP andam ocupadíssimas com outras coisas mais mediáticas...

quinta-feira, 29 de maio de 2025

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Apontamento 183: não sirvas a quem serviu ...

 

Por entender que me assiste uma dupla razão para falar da emigração portuguesa – esquecendo uma imigração voluntária em contraciclo – não posso, no dia de hoje, deixar de manifestar o meu profundo desagrado perante a falta de humanidade, discernimento e completa ausência de aprendizagem dos emigrantes portugueses.

Com o devido respeito, uma grande parte saiu, por necessidade, mas carente de uma educação básica que o país lhes negou ! Se alguma educação, formação profissional ou cultura adquiriram, foi no país de acolhimento que, graças a uma abertura de espírito de muitos, ajudou para que o objectivo, essencialmente capitalista, também tivesse uma face humana.

Remete para a imagem para recordar a recepção de um imigrante português na Alemanha.

Obviamente não pretendo passar uma esponja sobre muitas adversidades, atropelos e explorações espúrias.

Mas, é por tudo isto, de experiências marcantes em terras alheias que não entendo o sentido de voto dos emigrantes/eleitores, sobretudo na Europa.

Então, se o Estado Novo era tão bom para os pobrezinhos, como diz agora um partido de extrema-direita portuguesa, por que motivo fugiram tantos portugueses ou foram saltar a fronteira em condições abomináveis ?

E, agora, “amiguinhos” vão eleger os sucedâneos dos abutres e carcereiros da altura ?

Enfim, a educação e formação que receberam, pais, filhos e descendentes, passando de uma miséria de condições de vida, e habitação indigna, para uma condição humana relativamente civilizada, não permitiu desenvolver um pensar crítico sobre os verdadeiros agentes da construção democrática?

Bem sei que a vida é feita de opções! Votar em quem pretende – de forma ínvia – cortar as conquistas da democracia e da liberdade, limitando também a vivência civilizada dos emigrantes portugueses no centro da Europa, manifesta uma enorme ignorância, falta de virtude e, sobretudo, incapacidade de mostrar que aprendeu alguma coisa na vida.

Parece que não aprenderam a viver em liberdade depois da Ditatura !

Com enorme pena minha, porque trouxe comigo a DEMOCRACIA, bem superior da Humanidade, custa a aceitar esta deriva acrítica, acéfala e desumana. Tanto em Portugal como na Europa.

Post de HMJ

Refeiçoar à antiga



Desde que as vacas enlouqueceram que as miudezas das ditas quase desapareceram dos restaurantes. Rins, fressuras, bofes, é vê-los!...
Ora eu que sempre gostei de língua de vitela estufada, se a quiser comer, já sei que tenho que amesendar no balcão de O Galeto, na avenida da República.
Que o espaço ao balcão é muito curto para as minhas pernas, eu sabia, que o arquitecto Vitor Palla (1922-2006), em 1966 ao projectá-lo, não teve em linha de conta que os íncolas nacionais iam crescer...
Confirmei o serviço desordenado (já dele aqui falei em 22/9/24), que não por escassez de empregados, mas ausência de organização e chefia competente. E a falta de vnhos que até eram recomendados na ementa!...
Da cozinha, tirando o espúrio Toucinho do Céu, que em vez de amêndoa, tinha coco, só posso dizer bem. E a Língua Estufada, acompanhada de puré e folhas de agrião e rúcula, estava óptima.

terça-feira, 27 de maio de 2025

Antologia 24



 " Em Gaza, os pais decidiram escrever o nome dos seus filhos nas pernas deles, com tinta preta e assim, se a família for separada durante um bombardeamento israelita, eles terão alguma esperança de vir a encontrá-los de novo; ou pelo menos terem a possibilidade de identificar os seus corpos."

TLS (nº 6358), in We are the news (pg. 8).

segunda-feira, 26 de maio de 2025

Recuperado de um moleskine (47)

 

Há improváveis filhos pródigos que regressam de obscuros lugares, inesperadamente. Ignoro quase sempre o motivo da partida. Não sei por onde andaram, desconheço a razão por que voltaram, mas alegro-me um pouco, ainda que de guarda, precavido. Cuido-me, apenas, pelo incerto futuro que pode vir, outra vez desregulado e sem aviso prévio.
Há impulsos, arrependimentos, remorsos da razão irreprimíveis que desconhecem a lógica humana. Movimentos  erráticos como a arritmia do nosso imprevisível coração.

domingo, 25 de maio de 2025

Do que fui lendo por aí... 69



Nem sempre a pequenez de um país o remete, fatalmente, para a sua insignificância diplomática ou para uma neutralidade política obrigatória. É isso que me vem dizendo a leitura (vou na página 107 das 592 totais) deste interessante livro, capa em imagem acima, que me foi emprestado por H. N., em boa hora.
Em abono dessa ideia inicial eu poderia também lembrar Cuba dos tempos de Fidel ou até mesmo a Coreia do Norte e o seu algo ridículo Kim Jong-un, presentemente.

sábado, 24 de maio de 2025

Interlúdio 106

Com ambição de máxima

 
A concisão e a discrição são virtudes maiores de maturidade atingida, embora nem todos o reconheçam ou cultivem, e possam demorar anos a adquirir, como princípio. Poupam aos mais velhos a paciência e o cansaço quotidianos. Porque a síntese e o equilíbrio são sempre um esforço de inteligência lógica, irreconhecível dos espalhafatosos e incontinentes, sempre abundantes por este nosso mundo vulgarmente irracional. A redundância, o excesso e a verborreia não deixam de ser epidemias contagiosas e de pouca utilidade.
Assim parece ser bastante difícil dizer apenas o essencial à vida.

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Sebastião Salgado (1944-2025)

 

Fechou-se para sempre um olhar singular sobre este nosso mundo.

Citações DXIII

 

É conveniente desconfiar dos engenheiros, começam pela máquina de costura e acabam por criar a bomba atómica.

Marcel Pagnol (1895-1974), in Critique des critiques.

quinta-feira, 22 de maio de 2025

Auto-nomeados e promovidos

 
Aparentemente, são de geração espontânea, sem cursos académicos ou canudos. Muitas vezes até sem percurso profissional conhecido, anteriormente. Eis alguns dos arrivistas que proliferaram como cogumelos oportunistas: curadores, chefs de cozinha, influencers, comentadores de tv. Mas há mais...

De outro modo: Bach / Loussier

terça-feira, 20 de maio de 2025

Mercearias Finas 209

 

Perguntar-se-á o que virão aqui fazer as imagens, em fotografia, de algumas preciosidades enológicas portuguesas, que passo a descrever cronológicamente:

1. Bairrada Garrafeira 1980 das Caves D. Teodósio, e que custou, na altura (anos 90), Esc. 1.055$00.
2. Barca Velha 1985, ícone dos vinhos nacionais que me foi oferecido pelo meu Amigo A. de A. Mattos.
3. Sogrape Garrafeira Bairrada 1985 que, numa mercearia da rua do Arsenal (Lisboa), me custou Esc. 890$00.

Ora, estes tintos de gabarito vieram à colação por os associar, em qualidade, a um Barolo de 2018 (oferta gentil do meu Amigo H. N.) que decidi abrir para acompanhar um rosbife de vitela maronesa excelente, há poucos dias atrás. O tinto italiano portou-se lindamente, nos seus 13,5º equilibrados. Como é costume deste Nebbiolo monocasta a que chamam o rei dos vinhos do Piemonte - com inteira propriedade.

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Regionalismos madeirenses (5)

 

Na sequência insular da temática, por aqui deixamos mais cinco regionalismos da Ilha da Madeira, colhidos na obra referida, de Ana Cristina Figueiredo, que temos vindo a consultar. Seguem-se:

1. Estriçar - apertar, cerrar, comprimir, cortar.
2. Favado - que apresenta muitas marcas deixadas por picadas de insectos.
3. Gabana * - construção rústica que serve normalmente de casa aos animais; casota, chiqueiro, curral.
4. Gerno - coisa nenhuma, nada.
5. Grima - entidade que personifica o mal; demónio, Satanás.


* creio que o substantivo não terá nada a ver com a conhecida marca de perfumes italiana Dolce & Gabbana..:-)

domingo, 18 de maio de 2025

Nota



Houve um senhor presidente que andou, durante anos, a espreitar tanto debaixo da cama da avó para a assustar, até conseguir o seu intento maior, desestabilizar e instaurar o caos na casa, acabando com a harmonia familiar e a convivência pacífica.

Assim, ficou na história como o cangalheiro da História Democrática de um país que tanto andou e sofreu para ter um cravo como memória, flor de que, no fundo, não apreciava bem o cheiro.

Post de HMJ

Desencanto


Creio que nunca votei, como hoje, com tanto fastio e falta de entusiasmo, nestes 56 anos de eleitor que já levo. E em que apenas falhei uma vez, às europeias, nos anos 80, por estar acamado e com febre.
Fi-lo com sacrifício e apenas com o sentido do dever cívico e, ilusoriamente, como se pensasse que o meu voto iria evitar que o estado de coisas descambasse ainda mais, em Portugal.
Quem diria, depois do 25 de Abril, com os achegas chungas !?...

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Cepticismo críptico


Ninguém me tira da ideia que o homenzinho é um actor espalhafatoso e mediocre que, apesar do desempenho infeliz da tragédia de estreia, a criatura resolveu fazer um encore sem que o público lhe tivesse pedido...

quinta-feira, 15 de maio de 2025

Exposição

 

Na Galeria Sá da Costa, ao Chiado, abriu recentemente (30/4) uma nova exposição de pintura de Pedro Chorão (1945), que se manterá aberta ao público até 24 de Maio de 2025.



Desabafo (97)

 
A Sapo procurava hoje, em anúncio, escritores para livros infantis.
Bastaria andar pela blogosfera para os encontrar às dezenas nos blogues mais banais.
Ou pedir ajuda à criativa do Zink para os contratar.
Que a infantilidade, actualmente, abunda, e as criancinhas ainda não têm o sentido crítico apurado...

Pinacoteca Pessoal 213

 

Amigo de Pablo Picasso e, ao que se diz, inicialmente, influenciado por Seurat, o italiano Gino Severini (1883-1966) adoptou a partir de certa altura, e até ao fim da vida, uma postura neo-clássica na sua obra, abandonando a perspectiva inicial de modernismo futurista.
Uma serenidade marcante ressalta de muitas das suas pinturas. Da sua obra, para além do auto-retrato, escolhi este Pierrot Músico, de 1924, que pertence ao museu Boymans-van Beuningen, de Roterdão.



quarta-feira, 14 de maio de 2025

Bibliofilia 222

 

Houve um tempo em que foi moda a fotobiografia sobre escritores, depois acabaram por se terem esgotado os fotografáveis merecedores. Esta obra acima, com imagem de capa, de António Nobre (1867-1900), foi editada em Setembro de 2001, com orientação competente de Mário Cláudio (1941). Textos e citações do poeta apropriados, e com um aparato iconográfico notável, bem merece ser recordada aqui, pela sua qualidade.
Ou não fosse Nobre um dos meus poetas portugueses preferidos.

terça-feira, 13 de maio de 2025

Divagações 205

 
Ao que parece, e comprovadamente, os elefantes têm reacções sensíveis pela morte de parentes ou componentes da sua manada. Estas mosquinhas da fruta que eu detesto e mato, sempre que posso, com grato prazer, demonstram, pelo contrário, alguma neutralidade sentimental, mas também burrice, pois são capazes de pousar, pouco tempo depois, junto de alguma colega falecida, com manifesta indiferença.
Entretanto, surpreendi-me uma vez mais, recentemente, com a sequência de reacções cristãs de lamentação e choro pela morte de Francisco, seguidas, poucos dias depois, com as demonstrações esfuziantes de júbilo e alegria ruidosa pelo anúncio da eleição do novo Papa.
(Ele há coisas do diabo!...)

segunda-feira, 12 de maio de 2025

domingo, 11 de maio de 2025

Pontifícia menor



 Só me ocorre um provérbio: Não bate a bota com a perdigota.