Terei de concluir, à falta de melhores provas, que o ano de 1955 terá dado algumas boas colheitas, nalgumas das regiões vinícolas portuguesas. Sabia-se, na altura e à boca pequena, que as Garrafeiras da CRF, emblemática e excelente marca de vinhos da época, eram feitas com uvas do Ribatejo ou, então, do Douro, consoante a Natureza tivesse privilegiado mais uma ou a outra região demarcada. A empresa nunca se descaiu em atribuí-las talvez porque, como se diz, "o segredo é a alma do negócio". Registem-se os anos afortunados de: 1949, 1955, 1970, 1978, 1980, 1983, 1988 e 1990, pelo menos. De 49 registo uma abertura frutuosa, pelo Natal de 1979, para acompanhar um queijo da Serra. Memorável!
Do Ribalta, que C. Vinhas engarrafava com proficiente desvelo, também provei algumas colheitas notáveis, que o Restaurante Paris (na Baixa de Lisboa) também acolhia, orgulhosamente, na sua Carta de Vinhos. E Fonseca e Costa, que lá ia por vezes, deve ter provado o néctar... Fechou o Restaurante e não faço ideia para onde foram essas preciosidades. Mas deixemos o Ribalta, neste caso de 1966, mas estagiado 10 anos e engarrafado em 1978, com 85.407 garrafas produzidas, de que a minha tem o nº 27.681, e me custou Esc. 20$50, há muito, deixemos - repito - para outro dia.
Hoje, venho só para dar conta e registo que a Garrafeira CRF de 1955, depois do vinho decantado e repousado, nos seus 61 anos bem cumpridos, estava magnífico. Em tempo, foi o vinho mais velho que bebemos, HMJ e eu, e o aprovámos como um verdadeiro milagre da Natureza, de longevidade e dos distintos enólogos da Carvalho, Ribeiro & Ferreira.
Mais tarde
Quanto ao Ribalta - e chegou o outro dia, porque o poste se foi fazendo aos poucos - na sua acobreada cor taurina e ribatejana, morreu às mãos de uma rica sande de presunto, num lanche ajantarado, com todos os matadores, de uma festa brava de feição. E, como ficou um resto, talvez ainda acompanhe umas migas com carne de alguidar... Porque, duplamente, chega para elas, amanhã.