sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

A aceleração dos tempos



Ficou célebre, na memória de muitos e da história francesa, o empolgante elogio fúnebre feito por André Malraux, em 1964, aquando do acolhimento simbólico de Jean Moulin no Panthéon, durante o consulado de Charles de Gaulle. Tinham-se passado 21 anos sobre o assassinato de um dos mais importantes chefes da Resistência, até a decisão ter sido tomada, ainda que com ampla justificação.
Robert Badinter (1928-2024), ministro da Justiça responsável pela abolição da pena de morte em França, na presidência de Miterrand, faleceu a 9 de Fevereiro, e cerca de 5 dias depois, Macron anunciava pressuroso a sua próxima entrada no Panthéon francês. Aliás, nos tempos recentes, o número de jazidas tem crescido muito: Simone Veil (2018), Maurice Genevoix (2020), Josephine Baker (2021).
Parece notar-se a necessidade premente de novos heróis, mas, em Portugal, não é muito diferente.
Prefere-se a urgência emocional à serena reflexão sobre os méritos da "panteonização".

4 comentários:

  1. Não sabia que Badinter tinha falecido. Um grande lutador contra a pena de morte em França e um grande europeísta, mas parece-me excessivo levá-lo já para o Panteão. Qualquer dia têm de aumentar o Panteão.
    Parece-me bem que Simone Veil e Joséphine Baker tenham ido para o Panteão. Quanto a Maurice Genevoix só soube da sua existência quando ele foi para o Panteão, mas eu sou portuguesa.
    Boa tarde!

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    1. Genevoix como escritor é um dos meus franceses predilectos (editado pela Cotovia) e creio que teve também um papel importante na Resistência francesa.
      Quanto aos panteões, acho que estão a alargar excessivamente os critérios de entrada,
      Bom fim-de-semana.

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    2. Sim, Genevoix entrou no Panteão com mais uns resistentes franceses. Vou procurar ler algo dele.
      Bom domingo!

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    3. Tem 2 Bestiários muito agradáveis de ler.

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