quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Nacional parolismo


Houve um tempo, aqui atrás, em que três dos nossos plumitivos consagrados rumaram a países extravagantes em busca de inspiração para escreverem um livro. Um caxinense chorão foi até à Islândia, outro escriba acocorado rumou até à Coreia do Norte e, finalmente, o mais conceituado foi-se à Índia.
Vamos ser justos, Eça também andou pela Inglaterra, Cuba e Paris de França. Embora diplomaticamente.
Soube, há pouco, que um dos nossos jovens publicistas, de piercing, ia rumar ao Camboja. Que não lhe faltem motívos, estupidez natural e leitores acríticos. Porque é disto que se faz a boa fortuna de algumas editoras nacionais, amadoras e oportunistas.

8 comentários:

  1. Também fazem peregrinações, caminhadas, roteiros turísticos...e, dão cursos e formações.
    Com o da Islândia até já me cruzei pessoalmente, é simpático, afável, mas do que li não saí grande fã, dos outros sei pouco. No entanto são seres que partem em busca e gostam de o partilhar...poucos se podem dar a esse luxo.

    Boa tarde.

    ResponderEliminar
  2. Estas romagens que, provavelmente, serão subsidiadas, no seu anúncio não deixarão de ser um tipo de "marketing" publicitário "pour épater le bourgeois".
    Não acredito na bondade destas iniciativas. E creio que grande parte dos escritores são "simpáticos" (tirando raríssimas excepções) até para conservar o seu ganha pão, que são os potenciais leitores.
    Uma boa tarde, também.

    ResponderEliminar
  3. Eu chamo-lhe : Inspiração a saca-rolhas.

    ResponderEliminar
  4. Mas já os leu? Não os acho nada semelhantes, gostam de viajar como a maior parte das pessoas. O que intitula como "chorão" até é muito irónico e bastante bem humorado, não sou fã do que escreve mas como pessoa até lhe acho graça. Quanto aos itinerários, até o bisneto do Eça fez a N2 e sobre isso escreveu...e grandes clássicos fizeram o mesmo, por isso não estou bem a ver a razão da sua crítica. Até o Saramago escreveu a viagem a Portugal...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Li e/ou folheei.
      Tiranicamente, e como diz o povo: "Gostos não se discutem".
      Habituado que fui a ler, em tempo juvenil, Carlos de Oliveira e Cardoso Pires (para não ir mais atrás) tenho alguma dificuldade em apreciar alguns destes novos escribas.
      À imitação de e. e. cummings, no uso de minúsculas por parte do mãezinha, para seu nome literário, deixou-me logo desconfiado...
      Quanto às glosas do "mais conceituado" dos plumitivos, no Expresso e no JL, rapidamente me esgotaram a paciência.
      Não falo do Afonso de sangue queirosiano por não o ter lido.
      E acho " A Viagem a Portugal", embora não seja fã de Saramago, um livro sério, bem escrito e útil para ler. Mas as razões do escritor eram outras.
      Uma boa noite.

      Eliminar
  5. Desde que o Saramago se referiu nessa VIAGEM A PORTUGAL ao Vinho do Porto do Romeu nos termos em que o fez, perdeu um leitor.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Creio que consegui localizar na obra (pgs. 12/3 ?) as referências que lhe provocaram o desagrado...

      Eliminar