sexta-feira, 13 de maio de 2022

Poema de Antonio Gamoneda (1931), em versão portuguesa



Existiam as suas mãos,
um dia o mundo fechou-se no silêncio,
as árvores, acima, eram amplas, majestosas
e todos nós sentíamos sob a nossa pele
o movimento da terra.

As tuas mãos tornaram-se suaves nas minhas
e eu senti a gravidade e a luz
e que habitavas no meu coração.

Tudo era verdade sob as árvores,
tudo era verdade. Eu entendia
todas as coisas, como se compreende
um fruto com a boca, a luz com o olhar.

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