À minha frente, Orlanda S. começou a deslizar, sub-repticiamente, do assento hospitalar para o solo, sem ruído, ainda ligada à garrafa de oxigénio. O seu telemóvel foi o primeiro a bater no chão, motivando a atenção de uma e depois duas enfermeiras, magras, elegantes que, acorrendo e apesar da boa vontade, não conseguiram suster o corpanzil, enorme, da paciente até ao chão. Entretanto, José Z., gutural na fala arrastada, e na cadeira de rodas direccionada pelos pais, começou também a demonstrar alguma aflição visível. D. Eugénia M, na coxia direita do corredor central, começou a suspirar com desespero audível.
Para meu espanto e incredulidade, à porta da sala de espera, apareceram então, surreais, duas palhaças de bata azul a fazer momices e trejeitos toscos, para os pacientes.
E José Z. , serenando, começou a bater palmas. Orlanda, depois da injeção, acalmou também um pouco, deitada no chão. Eu demorei, naturalmente, um pouco mais tempo...
É isto o SNS ?
ResponderEliminarNo melhor pano cai a nódoa.
EliminarAs palhaças é que eram dispensáveis.
Surrealista. Boa tarde.
ResponderEliminarAbsolutamente...
EliminarBom fim-de-semana.