Deste poeta, ao que parece repentista, Francisco Manuel Gomes da Silveira Malhão (1757-1809) nascido em Óbidos, e aí falecido, conhecem-se, pelo menos, 2 edições das suas obras (Prosa e verso), distribuídas por 4 volumes, pelo menos a original e primeira (1792/97) . Neles incluiu a obra poética póstuma do seu irmão, António G. S. Malhão, falecido prematuramente. Licenciado em Leis, no ano de 1789, pela Universidade de Coimbra, Francisco Malhão foi árcade satírico, sendo hoje, creio, um autor praticamente esquecido. Não lhe conheço iconografia pessoal mas, a exemplo de Bocage, Nemésio, Alexandre O'Neill ou Ruy Belo, compôs um retrato seu em verso, bem interessante e desapiedado. Aqui deixo o soneto, com a respectiva actualização ortográfica:
Cabelo hirsuto, aonde os lisos pentes
à força furam; testa apoquentada;
sobrancelha, e pestana carregada;
olhos pardos, em alvo globo assente.
Longo, adunco nariz; quebrados dentes;
redonda a barba, a face abochechada;
o colo em conta, a espádua dilatada;
bojuda a pança, os braços concernentes.
Cintura à proporção, coxa roliça,
que quando ao meu espelho me vou pôr
a julgo de argamassa ou de cortiça;
Delgada a perna, por igual teor.
Este o retrato: farte-se a cobiça,
de quem busca o retrato do Autor.
Felizmente, e ainda bem que alguém o faça, é recordado.
ResponderEliminarE assim nos vamos distraindo com estes desapiedados
auto retratos. E eu gostei. Tenha um bom dia.
Dá-me sempre um certo gosto revisitar estes nomes esquecidos. E, às vezes, com isso também trago algum proveito...
EliminarBoa tarde.
Gostei muito do poema. Bom dia!
ResponderEliminarFico contente.
EliminarBoa tarde.
Alguma influência de Bocage neste autorretrato?
ResponderEliminarBom dia!
É bem possível, MR. E também talvez de José Daniel Rodrigues da Costa.
EliminarRetribuo, cordialmente.