sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Antologia 3



Numa das últimas páginas (560) do volume IV do Bloc-notes, cuja leitura terminei ontem, François Mauriac (1885-1970) refere que: La veillesse est le contraire du dessèchement, c'est le désespoir dominé et vaincu mais qui renâit d'un seul coup, d'une phrase comme celle-là que... Com o avançar dos anos a obra vai ganhando um tom mais pessimista e amargo que acompanha os últimos tempos do escritor francês. Provavelmente, o último livro (V) da obra acentuará esta desesperança humana. A ler vamos...
Mas não queria de deixar aqui registados, para eventualmente os relembrar, dois excertos significativos, que traduzi, do livro acabado de ler ontem:

"Na verdade, eu não me fico apenas por aí: as recordações na idade avançada são como formigas cujo formigueiro foi destruído: o olhar não pode seguir nenhum bem durante muito tempo. O que subsistia deste pequeno mundo destruído, eram os meus devaneios. Tudo vai assim desaparecer comigo: até estes criados com sorrisos dóceis que me tomavam nos seus joelhos, e eu volto a dizer os seus nomes numa espécie de litania que me vai embalando como..." (pg. 495)

"É importante para Sartre não ter smoking. André Maurois, bem como Paul Valéry não foram dominados por este esnobismo ao inverso. Ambos amaram o mundo, mas por razões diferentes. Valéry falava com deleite num ambiente de luxo, diante de senhoras em êxtase de que ele nem sequer esperava que fossem capazes de lhe devolver a bola. Maurois, esse, depois de um dia de trabalho que, para qualquer um, teria sido muito pesado, relaxava-se ao fim do dia sentado a uma mesa de amigos." (pg. 520)

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