Com os anos, vamos tendo cada vez mais dificuldade em nos despedirmos daquilo a que nos habituamos ou gostamos. Pode ser um cinzeiro que se parte, uma companhia teatral que acaba, um restaurante que fecha, um amigo de infância que resolveu partir mais cedo, uma livraria afectuosa que se vai transformar num banalíssimo café, como dezenas de outros...
Nestes casos, creio que uma boa memória nem sempre nos ajuda. Porque diminui as expectativas, as novidades inteiras, as situações inéditas, para a frente; e, por outro lado, afeiçoa-nos demasiado àquilo que nos acompanha, ou tem vindo a acompanhar, naturalmente, até que se começa a perder para sempre.
Como se fora um tango de que tanto se gosta, mas que se vai esgotando à medida que se vai ouvindo.
Como se fora um tango de que tanto se gosta, mas que se vai esgotando à medida que se vai ouvindo.
Se me é permitido subscrevo este belo e lúcido texto sobre a passagem do tempo e as memórias que vamos criando através da passagem das horas.
ResponderEliminarBoas Festas!
Esta época convida sempre a memória mais recuada a entrar, às vezes, não pelos melhores motivos...
EliminarObrigado.
Retribuo, cordialmente.
Também subscrevo. Até por ser verdade que existem coisas novas no lugar de outras antigas e nunca mais o lugar é o mesmo. No caso das pessoas, somos todos insubstituíveis e no lugar de cada um não há ninguém senão esse um. Há lugares que vagam e só a memória prenche. E no Natal, para quem já viveu alguma coisa, os lugares vagos são como a boneca daquela menina morta, a aparecer em todas as gavetas, aqui espreita uma perna, ali um braço, além um bocadinho do vestido. No Natal não se engordam só os perús, os lugares vazios rotundam, são infinita presença.
ResponderEliminarBoas festas
O desaparecimento recente de um amigo e o rever de rostos de infância, mudados naturalmente, fez deflagrar do passado memórias suaves e antigas de histórias passadas.
EliminarRetribuo, cordialmente, os seus votos.
Tanta verdade nestas suas palavras.
ResponderEliminarÉ sempre um prazer ler e apreciar as
suas divagações.
Bom fim de semana natalício.
Muito obrigado, Maria Franco.
EliminarOs melhores votos natalícios, também, cordialmente.