quinta-feira, 16 de novembro de 2023

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É um pré-romântico ou talvez um árcade tardio este poeta Francisco Joaquim Bingre, nascido em Canelas (Estarreja) em 17 de Julho de 1763 e falecido em Mira, a 26 de Março de 1856. Fundador, com outros poetas, da Nova Arcádia de Lisboa, onde tomou o nome de Francélio Vouguense, era também conhecido como Cisne do Vouga pelos seus camaradas, nome que viria a integrar o título na capa do seu mais conhecido livro editado por um grupo de amigos e seus admiradores, em 1850.
Nos anos 80/90, do século passado, acompanhei com interesse pessoal, em leilões e alfarrabistas, as licitações e preços de alguns exemplares da referida obra deste poeta secundário, que ficaram, no entanto, demasiado altos para os meus valores suportáveis e expectativas racionalmente justas. Por exemplo:

- Livraria Manuel Ferreira (Porto) - 60 euros.
- OLX - 55 euros.
- Livraria Olisipo - 30 euros.
- Custo Justo - 47 euros.
- Livraria Esquina (Porto) - 45 euros.

Finalmente, há dias, consegui comprar por preço acessível e comedido (12 euros), num dos meus alfarrabistas de referência (Bernardo Trindade), um exemplar, brochado, em razoáveis condições. Datados embora, os poemas de Bingre, vate hoje esquecido, lêem-se bem. E aqui deixo transcrito, para exemplo, o soneto Velhice e Pobreza

Morreo pobre - o Camões, pobre - o Garção;
Quita, e Mattos viverão na pobreza;
Bocage teve lances de escasseza,
Muitos dias soffreo falta de pão.

Santos e Silva tinha uma ração
Do Hospital na botica por fineza;
Parece que capricha a natureza
Em fechar á poesia a dextra mão!!!

Aquelles forão Vates de alto espanto,
Que deixárão no mundo eterno nome,
Muitas vezes comendo o proprio pranto;

Tal o Bingre, mirrado se consome;
Se os não pode imitar no doce canto,
Elle os imita victima da fome.

6 comentários:

  1. Só conheci este poeta quando a sua obra foi editada na col. Obras clássicas da literatura portuguesa. Fui ver a data: entre 2000 e 2005.
    Bom dia! Boas leituras!

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