A notícia do falecimento do
Professor Doutor Manuel Gusmão, também poeta, encaminha-me para um percurso pessoal
de enorme aprendizagem, difícil, mas gratificante, para passar a viver num país
de escolha pessoal, de vivência e acolhimento generoso e amigável.
Após uma primeira formação linguista,
sempre considerada condição essencial e obrigatória de adaptação e integração para
quem se desloca a outro país, tanto por opção como de necessidade, resolvi, por
uma formação universitária anterior no país de origem, continuar a prossecução
de estudos na Universidade de Lisboa.
Convinha, portanto, aperfeiçoar,
em primeiro lugar, o domínio linguístico, e o conhecimento elementar da cultura
do país de acolhimento, para seguir, posteriormente, algum curso universitário
apropriado ao gosto pessoal das humanidades.
Havia, na altura, nos anos de 1972-1973,
um Curso de Língua e Cultura Portuguesas para Estrangeiros, na Universidade de
Lisboa, em que me inscrevi, considerando, embora com alguma inocência, poder
aceder a uma formação abrangente em Língua, História e Cultura.
Para justificar o motivo da minha
mensagem de homenagem, sublinho que o ÚNICO professor que, daquela experiência
me ficou PARA A VIDA, foi o Senhor Professor Manuel Gusmão. De uma postura
discreta, de enorme capacidade de ensino – explicar Os Lusíadas a
estrangeiros - nunca me pareceu haver docência mais exemplar.
Das aulas de História de Portugal
ficou o oposto, ou seja, um Professor chamado Doutor Braga da Macedo a negar a
evidência dos malefícios da Guerra Colonial, a alunos vindos da Europa e dos
EUA, com informações actualizadas sobre os conflitos em 1972-1972, parecia uma anedota
de docente. Além disso, a sua postura reacionária coincidiu com a invasão da Universidade de
Lisboa pelos Gorilas ! A sua negação da realidade não poderia ter uma resposta
mais violenta!
Os Professores de Língua e de
História de Arte, de quem já nem me lembro os nomes, embora recordando esforços
enormes de estudo de matéria pouco acessíveis, ficaram para sempre no limbo,
certamente pela pouca importância que tiveram na minha formação.
No dia de hoje, e para sempre na
recordação dos BONS PROFESSORES que tive o privilégio na minha vida, cá fica o
Professor Doutor Manuel Gusmão, também poeta, com os meus agradecimento
sinceros pela abertura ao mundo que me proporcionou.
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