sábado, 31 de dezembro de 2022

Balanços e transições


Ainda que tenha feito alguns esforços, vãos, levarei de passagem para 2023 três grossos volumes, para tentar acabar de os ler no próximo ano. São eles, pela ordem do início da leitura, os seguintes: 

1. Memórias do Cárcere (1953), de Graciliano Ramos (1892-1953). Levo lidas 154 páginas, das 650 do livro. É um texto denso, mas de grande qualidade literária, embora com passagens de algum pessimismo ontológico.
2. Felipe II (1937), de William Thomas Walsh (1891-1949), em versão castelhana. Lidos 7 capítulos (pg. 153, das 810). Parece-me obra séria, embora a julgue um pouco influenciada do ponto de vista religioso (católico).
3. Finalmente, Casa Grande e Senzala (1933), de Gilberto Freyre (1900-1987), de que levo lidas 135, das 460 páginas. Livro que obriga a uma leitura serena e lenta pela riqueza da informação cultural, histórica e sociológica que contém.



A qualidade dos três volumes é notória. E a leitura tem ritmo, cor e reflexão. Vou dar uma perspectiva, traduzindo para português o início do capítulo VIII (Segunda boda de Felipe) da biografia do rei espanhol. Segue:

"Quando Filipe desembarcou em Southampton não era um homem qualquer. A sua pele branca e o seu cabelo e barba, ruivos, mais de inglês do que de espanhol, faziam contraste com o seu traje negro de terciopelo e com a sua capa escura com adereços de ouro. Pedras preciosas dignas de um rei brilhavam na sua cabeça, no seu peito e nos pulsos. Ao pescoço o colar  da Ordem de Jarreteira que o conde de Arundel lhe acabara de conferir. Parecia um rei e era-o na verdade, pois Carlos V havia-o nomeado rei de Milão, para que não fosse menos do que Maria (Stuart). Atravessou a cidade sobre um rocim andaluz, enviado pela noiva, dirigindo-se à igreja de Holy Road, onde ouviu missa e deu graças a Deus pela sua feliz viagem. A nobreza inglesa e o povo estavam encantados vendo o seu ar sóbrio e varonil, o seu nobre maneio do cavalo, bem como o seu afável sorriso." 

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Apontamento 149: O início de uma bela aventura culinária

 


Na banca da nossa preferência encontro, com alguma frequência, hortaliça a que não resisto, ou pela raridade ou pelo óptimo aspecto. Desta vez foi a beringela da imagem acima, porque não me lembrava tê-las visto raiadas.

Que fazer com ela ?

Veio-me à memória um prato grego, ou turco, que em tempos vi fazer em casa da minha irmã, tendo ajudada nas várias fases dos preparativos, que, aliás, são um pouco demoradas.

Na biblioteca dos livros de culinária encontrei, num belo exemplar de Die echte Jeden-Tag-Küche [ou seja, a Verdadeira Culinária Quotidiana], a receita do dito prato, chamado Mussaca.

Lá me aventurei e o resultado foi quase igual à fotografia do livro de Sabine Sälzer, como se pode ver:

Apesar de iniciais dúvidas por parte da companhia do repasto, parece que a Mussaca conseguiu convencer o mais céptico.

Post de HMJ

Citações CDLI



Todo este mundo é aparente; e, na verdade, todo este mundo é real.

Joaquim Braga (1925-?), in Aforismos e Ensaios Filosóficos (2002).

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Desabafo (73)


Ou rolam cabeças (Governo/ TAP), ou isto (Portugal)  é uma república das bananas!

Uma fotografia, de vez em quando... (166)



Oriundo de uma família de fotógrafos, Horácio Novais (1910-1988) era irmão do também fotógrafo Mário Novais (1899-1967), e cedo se profissionalizou, tendo colaborado em várias publicações portuguesas, nomeadamente, no Diário de Lisboa e na Ilustração, entre outras.




A sua actividade concentrou-se sobretudo em Portugal e Espanha. Os seus trabalhos sobre a Exposição do Mundo Português (1940) merecem destaque.



segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Dos livros inacessíveis



A exclusão começa, habitualmente, pelas estantes mais altas, enquanto ainda flectimos os joelhos com alguma facilidade, para chegarmos às prateleiras mais rentes ao chão. As de cima acabam por ser sacrificadas porque exigem alguns peparativos e a presença de um escadote para lá chegar, além de algum equilíbrio físico pessoal.
Como a parede, do lado esquerdo superior do escritório, se inicia cronologicamente, e pela prosa, os autores menos acessíveis e sacrificados à releitura acabam por vir a ser D. Duarte, Gil Vicente, Francisco Manuel de Melo, Frei Pantaleão de Aveiro... Escapa, felizmente, Fernão Lopes, dado que a História se encontra noutra zona da casa, no corredor.
Não há dúvida que os escritores das estantes intermédias acabam por ser os mais afortunados e frequentados...

Georg Böhm (1661-1733): 4 variações sobre o tema "Gelobet seist du, Jesu Christ"

domingo, 25 de dezembro de 2022

Antologia 13



Da escritora goesa Vimala Devi (1932), inserto no volume 12 (capa em imagem) da Antologia da Terra Portuguesa (Bertrand), citando, sobre o Natal em Goa, nas páginas 196/7, transcreve-se:

"O habitante de uma grande cidade, acostumado a multidões serpenteando por entre armazéns, lojas e pastelarias, na lufa-lufa de compras, de olhos arregalados para as montras repletas de brinquedos, doces e bugigangas, achará decerto o Natal de Goa muito monótono."
(...)
"Também em Goa, pobres e ricos, muito portuguêsmente, fazem presépio. Certas famílias, com alguma antecipação, semeiam nachinim, cereal que grela rapidamente em terra espalhada sobre uma pequena tábua. Quando as folhinhas começam a aparecer, formam um tapete verde, sobre o qual é armado o presépio de palha.
Ao contrário da Europa e da América, em nenhum lar goês se vê árvore de Natal. Por essa mesma razão, não há o costume de trocar presentes entre parentes e amigos. Durante toda a minha infância em Goa nunca recebi nem dei uma prenda de Natal. No entanto posso afirmar que, se alguma vez senti o verdadeiro simbolismo desse dia, foi precisamrnte aí."
(...)

sábado, 24 de dezembro de 2022

Em louvor da Consoada



O Cozido de Bacalhau, com todos, espera apenas cozedura à maneira para a ceia, lá mais para a noite, mas os Mexidos à moda de Guimarães, já confeccionados, estão na mesa, prontos a servir.
A todos, uma boa Consoada de Natal!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Pinacoteca Pessoal 189



O pintor holandês Hendrick Avercamp (1585-1634) é sobretudo conhecido pelas paisagens em que retratou o rigor dos invernos nórdicos, de forma muito realista. O retrato que encima este poste é obra idealizada e recente de Dmitri Yakhouski.


As pinturas de Avercamp, embora retratem predominantemente o colectivo, não descuram de todo o singular e o pormenor individual. O pintor holandês era mudo, talvez em resultado da sua surdez. No entanto, a sua obra reflecte ritmo e movimento.




Para quem vai consoar fora...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Variações sobre visitas



Ao começo da noite, chegam-me ao Arpose as visitas de Varsóvia, de há uns tempos a esta parte. Antes porém já se tinham multiplicado os visitantes gauleses de Velizy-Villacoublay, de Mitry-Mory e até mesmo de Paris. Estes(as) últimos(as) da plena praça Jean-Paul II, que me enche de respeito cristão, pela catedral de Notre Dame. Pergunto-me se estas vindas (sazonais?) não surgem de descendentes luso-franceses, saudosos das berças natalícias...

De Roberto Juarroz (1925-1995), em versão portuguesa

 


Séptima Poesía Vertical
              (1982)
1

Usar a própria mão como almofada.
O céu faz o mesmo com as nuvens,
a terra com os seus torrões
e a árvore que vai caindo
com as próprias folhas.

Só assim se pode ouvir
a canção sem distância,
a canção que não entra pelo ouvido
porque está no próprio ouvido,
a única canção que se não repete.

E cada homem necessita
de uma canção intraduzível.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Sem título



Estas suculentas em vaso, duas delas florescidas num deles, vieram inesperadamente para nos alegrarem o Natal e o Inverno. Descendentes de matrizes que foram trazidas do Norte, há mais de 30 anos, só no Verão passado uma pequena flor deu sinal de si, na varanda a Leste. E unicamente uma vez, na sua "frugalidade".
Agora, em Dezembro, um dos vasos já produziu duas flores, na varanda a Sul. Outras vem a caminho...
Que sejam bem vindas e que se reproduzam para nosso contentamento!

Citações CDL



No domínio da inteligência, a virtude da humildade não é outra coisa senão o poder da atenção.

Simone Weil (1909-1943), in  La Pesanteur et la Grâce (1949).

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Boas Festas



Aos Amigos, Visitantes e Comentadores do Arpose, a todos os que, fortuitamente, por aqui passem, os nossos melhores votos de Boas Festas para esta quadra natalícia!

domingo, 18 de dezembro de 2022

Ideias fixas 72


Há uma coisa que distingue o leitor comum, corriqueiro, do outro. O primeiro lê tudo como se fosse verdade, e até comenta consigo ou com os outros, de forma primária, emotiva; o outro ganha sempre distância. Por aí se fica, saudavelmente objectivo perante as ficções.

sábado, 17 de dezembro de 2022

As palavras do dia (49)


Aprender a pensar implica estimular a curiosidade. Não aquela de que habitualmente ouvimos falar, saber a vida dos outros, mas interessar-se por vários assuntos.

José Gameiro (1949), in Expresso (2/12/2022).

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Voltar ao Anjo Suspenso de Barlach, pelo rosto de Käthe Kollwitz



Das coisas de cultura as fronteiras são quase sempre muito pouco permeáveis. Daqui até à França vai um instante mas, se prolongarmos o percurso até à Alemanha, em parte por causa do idioma, são precisos talvez anos até lá chegar, culturalmente. Eu levei muito tempo até vir a conhecer o magnífico Schwebender Engel de Ernst  Barlach (1870-1938) que se guarda numa pequena igreja do centro de Colónia (Antoniter Kirche). O rosto  do anjo foi inspirado na também escultora Käthe Kollwitz.



Mas não somos só nós a demorarmos a chegar até tudo aquilo que a cultura alemã tem para nos oferecer. O jornal  Le Monde de 9/12/2022 dá-nos conta disso de forma muito objectiva, quanto à obra maior de Käthe Kollwitz.
Refere, de início, o artigo de Harry Bellet (e traduzo): "Quem, em França, conhece Käthe Kollwitz (1867-1945)? (...) A artista alemã é mais bem conhecida na China. (...)".

arte menor (36)


Ilusões

Era na altura em que parecíamos felizes
e o tempo fresco nos chegava perto
para trazer maravilhas ou milagres.

Hoje ele é curto ou se prolonga muito
para além do necessário. Porque de repente 
tudo se desarrumou da nossa vida.


Ch., 6/9 - 16/12/2022.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Citações CDXLIX



Uma certa qualidade de gentileza é sempre um sinal de traição.

François Mauriac (1885-1970), in Le Noed de vipères

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

A inocência das criancinhas



Há dias, um daqueles vários desmiolados e fala-baratos animadores (malatos & companhia) dos programas pimbas dos 3 canais generalistas, que acompanham as manhãs e tardes dos solitários domésticos, dizia:
Todas as criancinhas são boas!
Sempre tive uma enorme dificuldade em aceitar esta generalização da virtude, ainda que pueril, sobretudo quando é proclamada por adultos tolos.
Amigo meu de infância lembrava-me, numa sua crónica recente publicada num semanário regional, as alcunhas, muitas vezes desapiedadas, que inventávamos para crismar os nossos colegas de escola e liceu. Era o José Emílio que ficou o Rata, pelo seu nariz que mais parecia um focinho de fuínha, o Cicatrícula pela ruga vincada da bochecha direita, o Barrumas, o Xiramaneco...
Mais cruel porém eram as partidas que pregávamos ao nosso colega Adélio, boníssimo e inocente jovem, filho da Saleira, senhora de meia idade, educada, que se dedicava à venda de sal, na rua Escura. em Guimarães.
O Adélio via muito mal, daí usar uns óculos de lentes garrafais, por detrás dos quais, os olhos dele pareciam choramingar constantemente, e lhe ser distribuída, logo no princípio do ano lectivo, uma carteira na primeira fila da sala de aula, ao canto, apesar da sua altura gigantesca, para ele poder ler as letras no quadro preto.
O Torcato, que era o mau da fita, muitas vezes lhe soprava: Adélio! e o filho da Saleira, lá se voltava, na sua ingenuidade, para trás, para o ouvir sempre pronunciar, invariavelmente, o verbo: Chora!
Por isso, não me voltem a dizer que todas as criancinhas são aureoladas de virtude.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Desconchavo


Ao que parece, por morte de um primo, ainda que chegado do ponto de vista de convivência ou de afecto, a lei não concede nem sequer um dia de falta ao trabalho, sem qualquer desconto salarial. Nula ou indiferente, a legislação laboral, nesse particular.
Entretanto,  de uma compassiva e preocupada ex-deputada do PAN, e que depois se chegou ao Chega, deram  entrada na AR 2 projectos de lei propugnando a concessão de, anualmente, 7 dias de faltas, sem perda salarial, para prestação de assistência inadiável a animais de estimação doentinhos.
Mais, em caso de morte de animal de companhia, o dono - segundo a misericordiosa senhora deputada - deverá ter direito a tirar um dia de luto sem qualquer perda de vencimento.
Coitados dos primos!, que já são tratados abaixo de cão...

domingo, 11 de dezembro de 2022

Acordar - Eugen Doga (1937)

Memória 145



Andámos às voltas, mas eu esqueci-me de registar, para memória futura, a boa usança de dois néctares à mesa - no último almoço de Amigos -, retirados da garrafeira a tempo de oxigenarem abertos, e que estavam à espera do vento que os merecesse (para usar de forma mais prosaica uma bela metáfora de Eugénio de Andrade (1923-2005). Ora aí vão eles:
1. Do Monte da Ravasqueira alentejano, apenas fresco, o branco Coutada Velha - Signature 2017 (Arinto, Antão Vaz e Viognier), nos seus 13º equilibrados, acompanhou dignamente a Pescada no Forno.
2. De A. Bessac, o Châteauneuf-du-Pape, tinto de 2016, de entre Orange e Avinhão, e com 14,5º particularmente suaves, lotado por Grenache, Syrah, Murvèdre e Cinsault, que casou lindamente com os queijos (curado e amanteigado) do Vale da Estrela, mais um Fratel e outro Azeitão.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Apontamento 148: Curiosidades culinárias

 Cherovia, Chirovia ou Pastinaca

Sempre achei graça ao som e nome do tubérculo que se apresenta em baixo: pastinaca.

Ligava o seu cultivo aos domínios prussianos da Alemanha, mais propriamente na zona de Brandemburgo, e o uso para fins culinários mais centrado na cidade de Berlim, com receitas de sopas, puré ou pastelões.

Não fazia ideia que se plantavam cherovias em Portugal. Mas a sua difusão se centra mais na Beira Baixa, nas zonas de Fundão e Covilhã. Foi daí que o volume de receitas de Maria Odete Cortes Valente dedicado à Beira Baixa me forneceu as dicas que precisava.

Surgiu, então, através da curiosidade de um nome um excelente acompanhamento para peixes, a saber, cherovia estufada, na minha versão adaptada e que ficou assim:

Post de HMJ

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Extravagâncias


É no que dá irmos a um Mercado como deve ser. Para aprender e ver (algumas) novas coisas. E frescas.
A senhora da banca era muito simpática e lá me deu nome ao que eu não conhecia: curcuma.




E ainda me ajudou a identificar a chirovia (ou pastinaca) e a salicórnia.


Que eu antes já passara pela banca da Rosanamar onde me abasteci de uma Merluccius merliccins, daquelas que antes de o ser já o era, com o seu 1kg445, e ainda com o anzol na boca. E onde me deixou saudades um belo Rascasso (Scorpaena Scrofa), a 30 euros o quilo...
Nota pessoal: fora a última imagem, as outras não seguem a mesma ordem do texto escrito. Estão desarrumadas...


Bibliofilia 202



Recebi recentemente um catálogo de Natal de um livreiro alfarrabista de Lisboa, promovendo a venda de alguns livros interessantes. De uma forma geral apercebi-me que havia uma acentuada quebra de preços, muito embora, por outro lado, algumas obras mais procuradas e raras se tinham estabilizado ou até, nalguns poucos casos, subido de valor. No primeiro caso, estava a Antologia de Poesia Erótica e Satírica, na sua contrafacção do Rio de Janeiro, sem as ilustrações de Cruzeiro Seixas, que se vendia por 30 euros; ora a mais próxima venda anterior tinha alcançado os 68 euros, segundo os meus apontamentos. Da Artis, vinha proposta a venda, da colecção de as mais belas poesias trovadorescas, da écloga Crisfal, a 25 euros. Esta colecção é de grande qualidade estética, e foi editada durante parte dos anos 50/ 60.



As obras, de cada um dos autores, numeradas, tiveram orientação e escolha de José Régio, tendo sido ilustradas pelos melhores pintores portugueses da altura. Nomeadamente: João Abel Manta, Alice Jorge, Rogério Ribeiro, Júlio Pomar, Lima de Freitas...



Fui ver o que tinha: os números 7, 10 e 12. Respectivamente, de Sá de Miranda, Diogo Bernardes e Frei Agostinho da Cruz. Pois todos eles tinham sido comprados (em muito bom estado) por apenas 6 euros, cada um.

Ora, de 25 para 6 euros, de há uns anos atrás, sempre é uma diferença de tomo muito significativa.

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Lembrete 70



Já saiu o número 18. O tema dicotómico Cidade/Campo presta-se a interessantes reflexões e promete. Veremos se estará à altura das expectativas do leitor.

P.S.: a escolha para a capa de uma tela de João Hogan (1914-1988), pareceu-me uma bela opção.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Fitzgerald / Sinatra

A palermice do dia



E ainda há marcanos que sonham com o regresso deste homem à presidência dos E. U. A.!?...
Mas também por cá há quem ouça ou leia, religiosamente, as bacoradas de um ex-PR que, de longe a longe, ressuscita como múmia paralítica do túmulo, para proferir umas quantas banalidades e asneiras tamanhas e parvas sobre a realidade portuguesa e política...
Mas como lá diz o Evangelho: "Bem aventurados os pobres de espírito porque é deles o reino dos céus."

domingo, 4 de dezembro de 2022

Justiça...



O cartoon de Serguei (1956), surto no jornal Le Monde de 28/11/2022, bem  poderia aplicar-se, com toda a propriedade também, à velocidade exemplar da justiça em Portugal ...

sábado, 3 de dezembro de 2022

Citações CDXLVIII



Renegar o passado é uma atitude funesta. Até porque para lutar contra o presente e criar um futuro, o passado é muitas vezes a arma mais eficaz.

Julian Green (1900-1998), in Julian Green en liberté avec Marcel Jullian.

Mercearias Finas 184



Ora, como os dias se vão aproximando do Inverno, por cá se foram lembrando pratos mais substanciais acompanhados, naturalmente, de vinhos mais pujantes. No feriado restaurador veio à mesa um Cozido à Portuguesa, com todos os matadores, que se amigou com uma garrafa magnum de Monte Velho, da colheita do Esporão, do ano de 2017 - estava no ponto! E os nossos convidados renderam preito de  homenagem a ambos.
Como é habitual, das carnes sobraram algumas que HMJ, no seu preclaro pensamento gastonómico, resolveu usar num Rancho apetitoso no dia seguinte. Fi-lo acompanhar de um mais ruano Vila dos Gamas recente (2021) lotado de Aragonez, Trincadeira e Alicante Bouschet, nos seus 14º, que em nada desmereceu as outras vitualhas sólidas. Um pequeno ananaz dos Açores, saborosíssimo, fez de sobremesa.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Jean-Philippe Rameau (1683-1764)

Recomendado : noventa e cinco



Antes que porventura se esgote, apraz-me registar e informar que o jornal Público de hoje é acompanhado, graciosamente, de um suplemento, de grande qualidade, dedicado a Agustina Bessa-Luís (1922-2019). A não perder para quem se interesse pelo assunto.
Até porque as coisas boas devem e merecem ser partilhadas.

Uma fotografia, de vez em quando... (165)



Nascido no Irão, Abbas Atar (1944-2018) destacou-se como fotojornalista documentando de uma forma impressiva e intensa a revolução iraniana, que acompanhou de perto. Integrou, a partir de 1981, a agência Magnum e radicou-se em Paris, muito embora tenha seguido localmente as convulsões políticas no Biafra e da África do Sul.


A intensificação e fanatismo crescente do Islão, sobretudo a partir do 11 de Setembro, também não o deixaram indiferente.


quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Adagiário CCCXLIV



Não são as pulgas dos cães, que fazem miar os gatos.

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Censuras


Este vídeo, que registei no Arpose a 26/4/2020, foi apagado pela alta autoridade do You Tube, em data que não consegui situar, e sem qualquer justificação plausível.
Será que se insere, este acto censório, no embargo a Cuba, pelos marcanos?
Aqui vai ele de novo.

Da higiene, no antigamente



A páginas 118 de Casa Grande e Senzala, obra de Gilberto Freyre, pode ler-se:

"O século da descoberta da América - o XV - e os dois imediatos, de colonização intensa, foram por toda a Europa época de grande rebaixamento nos padrões de higiene. Em princípios do século XIX - informa um cronista alemão citado por Lowie - ainda se encontravam pessoas na Alemanha que em toda a sua vida não se lembravam de ter tomado banho uma única vez. Os franceses não se achavam, a esse respeito, em condições superiores às dos seus vizinhos. Ao contrário. O autor de Primitive Society recorda que a elegante rainha Margarida de Navarra passava uma semana inteira sem lavar as mãos; que o rei Luís XIV quando lavava as suas era com um pouco de álcool perfumado, uns borrifos apenas; que um manual francês de etiqueta do século XVII aconselhava o leitor a lavar as mãos uma vez por dia e o rosto quase com a mesma frequência; que outro manual, do século anterior, advertia os jovens da nobreza a não assoarem o nariz à mesa com a mão que estivesse segurando o pedaço de carne; que em 1530 Erasmo considerava decente assoar-se a pessoa a dedo, uma vez que esfregasse imediatamente com a sola do sapato o catarro que caisse no chão; que um tratado de 1539 trazia receitas contra piolhos, provavelmente comuns em grande parte da Europa."

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Visitante inesperado



Na varanda a sul, vindo de oeste, pousou por breves segundos, o que seria um verdilhão macho buliçoso e irrequieto, sobre o vaso do arbusto das pequenas flores avermelhadas, que quase sempre está florido. O seu verde macio da penugem fazia um belo contraste de cores com a planta. Saltitou, juvenil, de ramo em ramo, aliviou-se sobre o lilaseiro, ao lado, e o passarito seguiu depois, vertiginoso e elegante, em direcção a leste.

Em trânsito e à bica



Em bom ritmo de leitura vai o clássico do sociólogo brasileiro Gilberto Freyre (1900-1987), intitulado Casa Grande e Senzala (1933), obra importante que eu trazia atrasada de muitos anos, para ler...
Oferta natalícia, recém-chegada da Alemanha, há-de ser seguida de Speak, Silence (2021), sobre  W. G. Sebald (1944-2001), da biógrafa inglesa Carole Angier (1943).



Valerá a pena referir, da capa, sobre o grande escritor alemão que se fixou e morreu na Inglaterra, as palavras de outro britânico de adopção, também já falecido, Javier Marías (1951-2022). Diz o autor espanhol sobre a biografia em questão:
This enticing and thorough book on Sebald's life and art proves that he was an absolute master of the highest domains of literature.
Na verdade, creio que já não estou em idade de perder tempo a ler frioleiras, mas devo dedicar-me antes a livros sérios e sólidos. Ainda que, por  vezes, possa enganar-me nas escolhas que faço...

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

domingo, 27 de novembro de 2022

Caridadezinha


Por frugalidade no dormir, livrámo-nos do clã Jonet pedinchão. Chegámos à média superfície ainda não eram 8h30. Os jovens esmoleres como são mimosos e filhos de gente fina, ainda não estavam em exercício matutino. Um casal adolescente montava o estaminé à entrada do supermercado, o outro ainda tomava o pequeno almoço junto da cafetaria do supermercado, para não perder as forças para a intensa actividade caritativa do dia.
Que me perdoem as boas almas e a minha associação, mas a patroa Jonet faz-me sempre lembrar a Cilinha Supico Pinto. Embora esta senhora do M. N. F. fosse mais cuidadosa no seu tratamento e aspecto capilar...

sábado, 26 de novembro de 2022

Sobe e desce


Quem sonharia, aqui há cem anos atrás, na frondosidade galopante do número e carreira de informáticos? 
Entretanto, hoje, há um notório défice na arte dos canalizadores, dos picheleiros e electricistas; embora vá de vento em popa o progresso activo do número dos nutricionistas, dos arrumadores de automóveis e dos psicólogos, estes últimos sobretudo a nível dos estabelecimentos de ensino. 
Haja saúde!

Citações CDXLVII



É uma grande miséria não ter espírito bastante para falar bem, nem siso suficiente para se calar.

Jean de La Bruyère (1645-1695), in Les Caractères ("De la societé et de la conversation").