domingo, 25 de dezembro de 2022

Antologia 13



Da escritora goesa Vimala Devi (1932), inserto no volume 12 (capa em imagem) da Antologia da Terra Portuguesa (Bertrand), citando, sobre o Natal em Goa, nas páginas 196/7, transcreve-se:

"O habitante de uma grande cidade, acostumado a multidões serpenteando por entre armazéns, lojas e pastelarias, na lufa-lufa de compras, de olhos arregalados para as montras repletas de brinquedos, doces e bugigangas, achará decerto o Natal de Goa muito monótono."
(...)
"Também em Goa, pobres e ricos, muito portuguêsmente, fazem presépio. Certas famílias, com alguma antecipação, semeiam nachinim, cereal que grela rapidamente em terra espalhada sobre uma pequena tábua. Quando as folhinhas começam a aparecer, formam um tapete verde, sobre o qual é armado o presépio de palha.
Ao contrário da Europa e da América, em nenhum lar goês se vê árvore de Natal. Por essa mesma razão, não há o costume de trocar presentes entre parentes e amigos. Durante toda a minha infância em Goa nunca recebi nem dei uma prenda de Natal. No entanto posso afirmar que, se alguma vez senti o verdadeiro simbolismo desse dia, foi precisamrnte aí."
(...)

6 comentários:

  1. Não conhecia esta antologia sobre Goa, Damão e Diu que deve ser interessante. pelo menos os volumes que conheço desta coleção são bons.
    Deviam vender por cá nachinim que dava menos trabalho do que andar pelos montes (do que é hoje o Parque José Gomes Ferreira, em Lisboa) à procura de musgo com uns amigos. mas também nos divertíamos.
    Bom dia!

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    1. É uma antologia muito interessante, sobretudo dos textos dos séculos XVI e XVII que hoje, provavelmente, já ninguém lê...
      Quis também. de forma oblíqua, rememorar, a ocupação e desaparecimento da Índia portuguesa, há 61 anos.
      Nesta antologia há tambem um texto curioso de Orlando Costa.
      Boa tarde.

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  2. Interessante!
    Não conheço a escritora. Fui espreitar ao google...tem 90 anos.
    Sempre a aprender!

    Continuação de Boas Festas:))

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    1. Vimala Devi (pseudónimo), casada com Manuel de Seabra, teve algum nome nos anos 50/60, em sequência do intersse que despertava a ex-Índia portuguesa.
      Retribuo com estima.

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    2. Pensei que ela tinha falecido. O Manuel de Seabra morreu há uns anos. Era um bom tradutor de catalão e de castelhano.
      Boa semana!

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    3. Creio que é uma escritora completamente esquecida para os leitores com menos de 50 anos, que se preocupam sobretudo com as novidades escaldantes e frívolas, para ler.
      Retribuo, cordialmente.

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