Uma das grandes singularidades do poeta brasileiro Manoel de Barros, tal como Guimarães Rosa (1908-1967), seu amigo, é que conseguia insubordinar as palavras da língua portuguesa, de forma a criar, nos seus poemas, virtualidades insuspeitadas, mas extremamente originais e novas. Para o caso, um poema seu:
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A maior riqueza do homem é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não
aceito.
Não aguento ser apenas um sujeito que abre
portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora,
que aponta lápis, que vê a uva etc. etc.
Perdoai.
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.
Manoel de Barros, in Retrato do Artista quando Coisa (1998).
Gosto muito! Boa tarde!
ResponderEliminarÉ um grande poeta brasileiro, talvez pouco conhecido...
EliminarBoa noite.