domingo, 22 de outubro de 2017

Apontamento 107: A acentuada caminhada para a degradação


  

Aqueles que se encontram já – e felizmente – fora do chamado “mundo do trabalho”, que mais apropriadamente se devia designar actualmente por nova escravatura, afastaram-se de um ambiente de extrema hostilidade e ignorância sobre o mais elementar senso comum e respeito pelas normas mínimas de civilidade e dignidade humanas.

Pontualmente, ou por opção de manter a comunicação com o mundo real, ou por invasão abusiva dos tentáculos do MUNDO ECONÓMICO E FINANCEIRO que nos entra pela casa adentro – por via de telecomunicações e empresas quejandas – termos de nos confrontar com esse “mundo às avessas” que nos pretende tornar, nos seus ritos publicitários, preventivos e securativos, em “gado a caminho do matadouro” sem pensamento autónomo.

Por acaso, não consegui melhor imagem quando me vi, naqueles “SSS” tolos e repetitivos dos aeroportos, todos iguais e desumanos, a aproximar-me do “matador”, ou seja, do “sigurança” de poucas falas e ainda menor civilidade para atender seres humanos, já que foi escolhido e ensinado, pela eficácia do mundo financeiro, apenas para prestar um serviço inócuo, repetitivo e completamente degradante.

No meio deste deserto de humanidade em que se tornaram os aeroportos e toda a economia turística, espanta-me, pela revolta íntima que senti, que ainda haja tanta gente a querer viajar e sujeitar-se a esses tratamentos caninos, sem levantar voz ou reclamar.

No passado, andei pela Europa em muitos transportes – pedestres, automóveis, fluviais, aéreos e ferroviários – com muitas deficiências próprias da época e dos países em questão.

Confesso, no entanto, que nunca senti tanto desprezo pela pessoa humana como na última viagem, fruto de um novo domínio do ECONÓMICO, sem regras, sem limites e sem consideração pela essência e dignidade humanas, completamente desorganizado e caótico nos pretensos serviços prestados ao CLIENTE.

Assim, as “boas vindas” das hospedeiras da TAP, com o seu refrão “chapa-zero” e completamente vazias de conteúdo, não conseguem anular, de todo, uma actividade económica de turismo, montada com objectivos opostos, revelando-se, efectivamente, como uma ofensa insuportável e contínua à dignidade humana, física, mental e assistencial.

A imagem acima não tem nada a ver com as contrariedades e a gravidade do texto. Serve, exactamente, de contraste para saber se, nas condições expostas, valerá a pena sair do nosso lugar de sossego e humanidade possível.

Fica o testemunho do cumprimento de um “dever metodológico” de investigação que, embora associado a outros afazeres de natureza diversa, representa, até ao momento, a pior experiência de deslocação para o lugar de “meninos a dormitar em acervos distantes”. Gostei, no entanto, do “berço” em que os “meninos” estavam dormitando.


Salvo seja !

Post de HMJ

Sem comentários:

Enviar um comentário