domingo, 12 de março de 2017

José Luis Sampedro (Barcelona, 1917 - 2013, Madrid)


Triunfo


Assim quero o meu prémio e a vitória:
Que uma tarde, quando me fores ler,
precises de procurar por entre as folhas
uma rosa esquecida que já não existe.
E por não a encontrares, silenciosamente,
te dirijas angustiada para a cidade
e pela vez primeira consigas ver
que o aço e os homens também podem ser cinza.
Que a rua é um rio de palavras secas.
Que, sempre que olhamos o mundo de frente,
assistimos ao fim de alguma coisa.
E, apesar de tudo,
muito lá no fundo e inexplicavelmente,
é belo conseguir ser homem até que a morte chegue.

10 comentários:

  1. "é belo conseguir ser homem até que a morte chegue". Creio nisso, mas é belo na qualidade de beleza que se não vê.
    Bom Domingo

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado, retribuo.
      Prosaicamente, eu acrescentaria: que a lucidez nos acompanhe até ao fim!

      Eliminar
    2. E mais prosaicamente ainda: o juizinho.

      Eliminar
  2. Não me lembro de ter lido este poeta e gostei bastante deste poema.
    Bom domingo!

    ResponderEliminar
  3. Lindíssimo, como disse a Margarida!
    Não conheço este poeta.
    Grata pela partilha.
    Bom domingo!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ainda bem.
      Eu também o descobri por mero acaso.
      As coisas boas são para dividir..:-)
      Boa tarde!

      Eliminar