quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Futilidades, dimensões, leviandades e extravagâncias


Às vezes, somos assaltados por questões fúteis, curiosidades extravagantes e despropositadas. Ontem, por exemplo, e porque passava o aniversário de Mário Soares, perguntei-me se ele seria alto ou que altura teria. Da única vez que o vi de perto, pareceu-me alto, mas o ex-PR estava em cima de um estrado e, por isso,  eu não tinha a certeza. Nas fotografias nota-se que é mais ou menos da altura de Ramalho Eanes, mas mais baixo do que Cavaco Silva. No futuro, qualquer historiador de pequenas curiosidades conseguirá saber, com exactidão, a altura de Mário Soares, bastando-lhe para isso consultar, em arquivos, uma cópia do seu B.I. ou a ficha da Pide, por exemplo.
Sabemos que D. Afonso Henriques era alto e D. João II, baixo. Que D. Pedro I era gago e D. Manuel I era entroncado e com braços compridos, mas raramente os historiadores antigos se referiam aos aspectos físicos dos monarcas portugueses. Mas deixemos esta metafísica barata e passemos a outra extravagância leviana e fútil.
Anteontem e ontem, li e ouvi, com insistência repetida a frase: "semana decisiva para a UE", e perguntei-me a quantidade de vezes que, por outras razões, já tinha visto anunciado este decisivo que, bem vistas as coisas nunca foi, até hoje, definitivo. E pensei na leviandade com que tanta gente, sobretudo jornalistas e políticos, usam as palavras, principalmente os adjectivos. Outra frase abusiva, dogmática e leviana, muito usada é: "Nada será como dantes depois de..." - que cada vez mais vai tendo um significado vazio e sem sentido. Ou ainda noutro caso: "...veio para ficar...", como se se falasse de eternidade, neste contexto tão fluído e breve que é o mundo.

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