sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Juan Ramón Jiménez (1881-1958)



Estampa de Invierno

                                                              Nieve.

Por onde se terão escondido as cores

neste dia negro e branco?

As folhas no escuro; cinzenta a água; o céu 

e a terra, de um branco e negro pálido;

a cidade dorida como uma  

água forte romântica.

Quem passe, escuro;

negro a medo o pássaro

atravessa o jardim - é uma seta...

Até o silêncio é duro, descolorido.

Cai a tarde. O céu

não se enternece. No poente

um vago amarelo incendiado

quase, que não é. Ao longe os campos

lembram ferro em placas.

                                          Entra a noite, como

um funeral; de luto e frio

quase tudo, sem estrelas, branco 

e negro, tal o dia fora negro e branco.


J. R. Jiménez, in Poemas májicos y dolientes (1909).


4 comentários:

  1. Um belo poema, a condizer com a edição do livro.
    Ramón Jiménez descreve magistralmente um dia cinzento de inverno. Até o torna bonito...
    Bom domingo!

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    1. Um poema original muito bem trabalhado, a que tentei dar a melhor versão de que fui capaz.
      Retribuo, cordialmente.

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  2. Tb gosto. E parabéns pela trad./versão.
    Por aqui está cinzento, chuvoso e frio e prevê-se neve na Serra da Estrela.
    Bom domingo!

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    1. Muito obrigado.
      Por cá, frio sobretudo, embora céu limpo e sem chuva.
      Uma boa noite de Domingo.

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