sábado, 23 de novembro de 2019

Escrever bem


Que queremos dizer quando dizemos: Fulano escreve bem?
Se é um dado adquirido e uma verdade insofismável que ninguém discute a qualidade da escrita do escalabitano Fr. Luís de Sousa (Manuel de Sousa Coutinho) ou de Camilo, outro tanto será arriscado afirmarmos sobre a ficção de Hemingway ou de Mann, porque, no fundo e na maior parte destes casos, os livros passaram pelo crivo de melhores ou piores tradutores, quando os lemos na versão nacional. E se Fiesta (The Sun also rises) ganhou, em português, pela pena de Jorge de Sena, também já li algumas traduções de Mauriac, por exemplo, de péssima qualidade...
Elegância, clareza, ritmo, a proporção equilibrada das frases são factores a ter em conta - creio.
Mas se prefiro, talvez, o estilo sucinto de Cardoso Pires na esteira objectiva de Hemingway, não deixo de admirar a construção poderosa e inteligente de António Vieira, que me faz lembrar Quevedo.
O resto terá de sentir-se mais por intuição advinda de uma longa experiência vasta de leituras. E se tivermos sentido crítico que, normalmente, não abunda por estas paragens lusitanas...

1 comentário:

  1. Bom, parece que já disse tudo sobre escrever bem e as inconveniências de ser um escriba lusitano visto a crítica portuguesa também ter as suas particularidades. Quanto às más traduções...veja só as virtualidades de alguma escrita estrangeira, continua a ser boa apesar de alguns assassínios na tradução:).

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