terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Cupidez desregulada

 

A notícia surpreendeu-me, pela enormidade dos números, surrealistas, e pela desvergonha. Mas também pela ausência de qualquer regulador institucional que ponha bom senso nos escândalos, e que não deixam de ser um resultado quase directo da lei das rendas, promulgada em 2012, durante o mandato ministerial da senhorita Assunção Cristas (1974), angolana de nascimento. Mas também originado pela cupidez gananciosa de muitos senhorios lisboetas.
Aqui vão dois dos factos mais recentes: o bem conhecido e icónico restaurante Bota Alta (onde amesendava, muitas vezes, António Variações), no Bairro Alto, fechou quando lhe anunciaram o aumento de renda de 1.300 para 11.000 euros! Entretanto, a Academia de Amadores de Música, mais do que centenária, corre o mesmo risco, pois o senhorio resolveu passar-lhe a renda, harmoniosa, de 500 para 3.700 euros!
Será que ninguém põe termo a isto?!

11 comentários:

  1. Também me contaram essa maluqueira de renda que pediram ao Bota Alta. Que restaurante consegue pagar uma renda destes? Só se tiver negócios obscuros por detrás da venda de comida.
    Não sabia da Academia de Amadores de Música.
    Não sei o que vai acontecer a Lisboa.
    Bom Ano (que começa mal com estas notícias)!

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    1. É indesculpável o silêncio permissivo das autoridades ( Câmara...), que contribui, em grande, para a descaracterização de Lisboa e outras cidades, cujos centros históricos cheios de lojas de "souvenirs" mais não são do que dormitórios (nos armazéns da retaguarda) dissimulados de emigrantes ainda ilegais. É uma vergonha!
      Retribuímos os votos, afectuosamente.

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  3. Já para não falar do encerramento no mês de Dezembro passado, das mais que centenárias "Livraria Férin" (1840) e "Barbearia Campos (1886).
    Há poucos dias num canal televisivo, vi imagens da Rua Augusta com imensas lojas (seguidas) encerradas. O mesmo acontece noutras ruas e praças lisboetas É muito triste o que está a acontecer, e quem permite que tal aconteça. Os senhorios têm de ganhar dinheiro, mas tudo tem limites! É «a democracia a funcionar» ...
    Bom Ano de 2024
    Cumprimentos
    José Leite

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    1. As razões deverão ter sido as mesmas, bem como vários alfarrabistas que encerraram, à roda do Chiado, infelizmente. É indesculpável que não haja um organismo estatal regulador para moderar estes aumentos exorbitantes.
      Retribuo os votos para o Novo Ano!
      Saudações cordiais,
      Alberto Soares

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  4. Eu percebo o seu argumento mas pergunto-me: e se fossemos nós os senhorios? Deveríamos receber uma renda de 1.300€ quando podemos receber uma renda de 11.000€ E como se definiria uma renda justa? E por que motivo deveríamos permitir que um restaurante pague uma renda baixa (assumindo que será)? Em nome de que argumento? Faço as perguntas de forma transparente, uma vez que não sou senhorio.

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    1. Já fui senhorio, num tempo de regulação e de aumentos anuais relativamente equilibrados, mas hoje já não sou. Aumentar uma renda 7 ou 8 vezes, de um ano para o outro, parece-me um abuso inqualificável que só a inoperância dos poderes e de regulação moderada explicam.

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  5. Concordo consigo, APS. É muito triste. E as lojas fcam fechadas por vezes durante anos - pelo menos é o que se passa pelos meus lados, no Areeiro. Torna as ruas feias e dá sensação de insegurança. Boa tarde!

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    1. Até parece que estamos no faroeste, Margarida.
      Só lamento, porque a ganância é sempre grande, que as instituições de poder não interponham um mecanismo de regulação contra os exageros abusivos e sem limite...
      Boa tarde!

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  6. É muito triste e de lamentar.
    Pelo Porto está a acontecer o mesmo!
    Sou a favor que os senhorias devem receber uma renda justa, até para a manutenção do imóvel, IMI, etc., mas sou totalmente contra a ganância... passar do 8 para o 800 (já nem é para o 80...)
    Bom dia e Bom Ano!

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    1. Estes casos começam a ser globais, infelizmente.
      Pasmo é com o silêncio dos poderes instituídos, que não deixa de ser infame e imperdoável.
      Retribuo, cordialmente, os seus amáveis votos.

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