segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Bibliofilia 209


São já hoje muito raros os leilões de livros, ao vivo, mas apenas online vão acontecendo, organizados por antigas casas leiloeiras. Eu próprio há muito que já não os frequento, mas tenho lembrado aquele a que primeiro assisti, organizado pelo antiquário-alfarrabista Arnaldo Henriques de Oliveira (leilão nº 320) em Maio-Junho de 1976, que pôs em praça a biblioteca do Coronel António da Cunha Osório Pedroso. Dos que licitei, foram-me atribuídos 9 lotes, entre eles a primeira edição (Porto, 1885) encadernada de A Velhice do Padre Eterno (lote 4724), de Guerra Junqueiro, que me custou Esc. 126$50.



Do leiloeiro lisboeta refere, e bem, o jornalista e bibliófilo Raul Rêgo (1913-2002) que AHO "vendeu até hoje, com certeza, só em almoedas, para cima de meio milhão de livros." Deste curioso prefácio que antecede o catálogo nº 200 abrangendo a biblioteca (3884 lotes) de José Rodrigues Simões, e em que acamarada com Gustavo de Matos Sequeira, não resisto a citar mais um pouco de Raul Rêgo:
"...Neste nosso meio cultural e livreiro em que os grandes êxitos são os livros de capa azul para serem lidos por meninas de olheiras românticas, ou os livros policiais de segunda categoria; em que os escaparates dos livreiros medem pela mesma bitola as colecções para entreter umas horas de caminho de ferro, o livro de divulgação científica e o in-fólio erudito e documental da Academia de História;..."
Não estaremos hoje, proporcionalmente, pior?

2 comentários: