Vêm da infância
Vêm da infância, essas mulheres.
Caladas, discretas, sem pressa
de existir. Esplêndidas mulheres essas,
penteadas com a risca ao meio,
as orelhas descobertas pelo cabelo
de sombra clara.
No seu coração o mundo
não era tão pequeno e o que faziam
não lhes parecia humilhação.
Sabiam envelhecer com a vagarosa
luz das crianças
e dos animais da casa.
A par da rosa.
Eugénio de Andrade (1923-2005), in O Sal da Língua (1995).
Nota pessoal: é habitual que, dos poetas consagrados, nas citações se reproduzam não muito mais que 5 a 10 poemas, sempre os mesmos, até à exaustão, numa cacofonia delirante. Para lembrar Eugénio preferi, escolher um poema menos conhecido, mas que não deixa de ser um belo poema.
Um belo poema, se não um dos mais belos.
ResponderEliminarExcelente escolha.
Saúde, para si e para quem o acompanha nos caminhos da vida.
Obrigado.
EliminarRetribuo os votos.
Muito bonito :-) Boa tarde!
ResponderEliminarEstamos de acordo.
EliminarBoa noite.