Por mero acaso, cruzou-se comigo o nome e memória de José Terra (1928-2014), poeta discreto que passou grande parte da sua vida em França, e aí faleceu. Professor universitário e investigador, os seus versos eram apreciados, por cá, no meio literário dos anos 60/70 e não só. Da obra Espelho do Invisível (1959), transcrevemos um soneto, a lembrá-lo.
XI
Ao amanhecer todos os anjos morrem
sufocados de luz e, sós, os homens
circulam, sôfregos do tempo,
abrindo o espaço como ferida aonde
os joelhos se quebram de fadiga
e a náusea intérmina da vida
só o movimento a esquece, a dissimula.
Engrenagem viva a que o intervalo
de passo a passo é único repouso.
À noite, buscam-nos de novo
e os anjos regressam do obscuro
com as flores mirradas e tardias
e um pranto retido como um rio
e um olhar profundo e desolado.
Belo poema. Bom Dia!
ResponderEliminarAinda bem que gostou.
EliminarBoa tarde.
Não me lembro de ter lido poesia de José Terra, mas li ensaios sobre literatura, muito apreciáveis. E traduções.
ResponderEliminarBelo poema.
Bom dia!
Também colaborou em várias revistas portuguesas.
EliminarBoa tarde.