terça-feira, 23 de setembro de 2014

O novo Cruzado


Um pouco a contra-gosto, aqui vai.
Em recentes declarações à televisão, o católico Blair defendeu uma nova escalada de tropas ocidentais no terreno do Médio Oriente, para aniquilar o recém-criado Estado Islâmico (EI). Esqueceu, ou desvalorizou o facto de ter sido ele, com o evangélico Bush, filho, e a cumplicidade de Aznar e Barroso, anfitrião, que, indirectamente, foram a origem do caos político na região, iniciada com a invasão do Iraque, em 2003.
Falarmos, ainda que mal, de figuras sinistras, é também uma forma de lhes darmos publicidade e lhes fazermos propaganda, trazendo-as ao primeiro plano. Sempre que posso, evito fazê-lo.
Correm por aí, na net e nas redes sociais, fotos e imagens de encenações macabras de mortes violentas e despojos humanos provocados pela sanha irracional do novo califado medieval, que já ocupa partes consideráveis da Síria e do Iraque, numa superfície maior do que a França. O gosto pelo sensacionalismo explica esta difusão tonta e de mau gosto.
É por estas e outras imagens, falsamente heróicas, que algum lumpen juvenil de emigrantes de 2ª geração, dos bairros sociais degradados europeus, se empolga e vai juntar, no Médio Oriente, a essas hordas de fanáticos selvagens e animalescos. Até porque a juventude é, também, excesso, sobretudo quando deseducada e desestruturada. E pode ser, também por isso, de uma crueldade irresponsável.
Mas se os nazis, à noite, se reuniam para ouvir e tocar Schubert - como refere Steiner - e, de manhã, voltavam ao seu sinistro labor  nos campos de concentração, essas imagens que correm na net, e de que eu falei acima, não deixam de ser uma "remake" semelhante também a outras que surgiram durante a nossa guerra colonial. De um e de outro lado...
O homem continua a ser, muitas vezes, um sanguinário animal disfarçado. Um monstro desconhecido.

5 comentários:

  1. Sim, este é um senhor da guerra, só que bem resguardado na retaguarda.
    Não podia estar mais de acordo consigo que devemos a estes senhores, com a desmiolada decisão da invasão do Iraque, o fortalecimento e proliferação do fundamentalismo islâmico e a instabilidade que se instalou na região. E agora há que continuar a guerra...
    Mas, enfim, tenhamos por cá um bom dia.

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    1. É uma tristeza termos tido, nos últimos anos, políticos europeus deste jaez, muito responsáveis pelas negativa situação a que a Europa chegou.
      Valha-nos o dia, realmente, que pelo menos veio com Sol..:-)

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  2. A invasão do Iraque, baseada numa mentira, foi a decisão política (económica, mascarada de política) mais irracional que aconteceu nos últimos anos, criando instabilidade na região e não só.
    E depois a Líbia, etc. etc.

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  3. Muitos católicos são pouco cristãos.

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    1. Curiosamente, a França (de Chirac?) terá sido dos poucos países europeus que se opôs e não alinhou na "Cruzada" estúpida.
      E era este cavalheiro inglês, trabalhista!?...

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