sábado, 12 de abril de 2014

Manhã parda em Abril


O céu leitoso está cheio de andorinhas. Dispersas, em voos caprichosos e nervosos, aparentemente, sem fim à vista, que os pequenos insectos aéreos, com o frio, devem andar recolhidos, algures. As andorinhas ocupam, de forma vaga, o espaço que, em Outubro, pertence aos estorninhos, sempre mais gregários, nas suas constelações negras e evolutivas de nuvens espessas. São bem ralos, os bandos de andorinhas.
O Tejo são duas linhas pardas mal definidas, mas imóveis, ao longe. O vento parece arrepiar as cortinas, ao de leve agitadas e, do mármore em frente, escorrem traços negros, verticais, de humidade poluída. Uma pomba solitária aninha-se, como para nidificar, muito quieta, no lambril de pedra. Chegam mais duas, que se namoram, com alguma violência, contra a parede branca da casa alta.
Nem os melros cantam ou aparecem. Só o silvo entrecortado do zilrear das andorinhas assobia pelo ar.

4 comentários:

  1. Já as vi por aqui, também!
    E temos cá um lindo dia de sol e calor!
    Bom sábado!

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    1. Sorte, por uma vez, do interior português.
      Por cá, o céu continua nublado...

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