quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Estado da natura 2

 

Já por aqui escrevi que as nossas frésias, este ano, vieram mais tarde. Costumavam romper em Janeiro mas, desta vez, só agora floriram na varanda a Sul - já em Fevereiro. Mas houve uma novidade gratificante: pela primeira vez, creio, temos um pé de frésias vermelhas, de um aveludado lindíssimo.
Por outro lado, temos tido a visita diária de uma toutinegra pequena, provavelmente da nova geração, que pela varanda a Sul, saltita por entre o limoeiro, - que também se atrasou a florir - talvez para catar as folhas de algum bichito nocivo, e um arbusto antigo que tem umas flores bonitas alaranjadas e adocicadas.
E assim vai a natura, cá por casa...


( A avezita pode ver-se do lado direito desta última fotografia de HMJ.)

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Últimas aquisições (58)

 



Nem sempre o Lire Magazine aborda as temáticas que escolhe, a meu gosto - acontece...
Só espero que este número de Fevereiro, que comprei recentemente, com um dossiê sobre o Humor, me venha a agradar. E valha a pena.


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Esquecidos (19)

 

Por mero acaso, cruzou-se comigo o nome e memória de José Terra (1928-2014), poeta discreto que passou grande parte da sua vida em França, e aí faleceu. Professor universitário e investigador, os seus versos eram apreciados, por cá, no meio literário dos anos 60/70 e não só. Da obra Espelho do Invisível (1959), transcrevemos um soneto, a lembrá-lo.

XI

Ao amanhecer todos os anjos morrem
sufocados de luz  e, sós, os homens
circulam, sôfregos do tempo,
abrindo o espaço como ferida aonde

os joelhos se quebram de fadiga
e a náusea intérmina da vida
só o movimento a esquece, a dissimula.
Engrenagem viva a que o intervalo

de passo a passo é único repouso.
À noite, buscam-nos de novo
e os anjos regressam do obscuro

com as flores mirradas e tardias
e um pranto retido como um rio
e um olhar profundo e desolado.

sábado, 15 de fevereiro de 2025

Uma fotografia, de vez em quando... (193)



Nascido em Nova Iorque, e oriundo de uma família judaica, o fotógrafo Arnold Newman (1918-2006) destacou-se sobretudo pelos retratos que fez de celebridades. Preparava os enquadramentos de forma minuciosa. Trabalhou para a revista Newsweek, mas talvez a sua obra mais famosa seja o retrato que fez de Igor Stravinsky, ao piano, e que, insolitamente, foi recusado pelo magazine Harper's Bazaar.




sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Apontamento 180: Quem não se sente, não é filho de boa gente

 

O nome da terra, no Palatinado da Alemanha, completamente anódino, foi o berço do avozinho do Trump, criatura, segundo consta, enriquecida com negócios de prostituição e jogo.

Tornou-se. pois, AMERICANO, pelas leis que, parece, o descendente agora contesta.

Agora, depois de um passado tão ILUSTRE, não me parece que semelhante bimbo tenha aproveitado qualquer "escala social" da DEMOCRACIA DA EUROPA para se civilizar.

Se calhar, bem fez o bimbo do avó para se pirar, certamente para fugir às regras da DEMOCRACIA europeias, ccondenando, certamente, o negócio ilícito da prostiruição.

Ora, por vezes, "o algodão infestado" da origem não engana ! 

Que a EUROPA DA DEMOCRACIA E DAS NAÇÕES SE LAVANTE PERANTE TAMANHA OFENSA. AO BOM NOME DAS PESSOAS E EM DEFESA DA DEMOCRACIA.

O abuso dos ditadores tem limites e a EUROPA tem de responder !

Post de HMJ

Villa-Lobos / Andrés Segovia

Civilização e barbárie, o seu a seu dono

 

A coluna semanal de António Guerreiro na ípsilon do jornal Público contém sempre, ao fundo, uma espécie de P. S., em que o cronista comenta um dito anterior de um publicista; este último, de Miguel Sousa Tavares.
Esqueceram-se ambos, provavelmente, de referir que o tema já tinha sido abordado, de forma competente e mais aprofundada, aqui há alguns anos atrás, pelo ensaísta George Steiner (1929-2020).

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Alturas

 

Lá diz o ditado que "os homens não se medem aos palmos." E Napoleão media apenas 1m56. Sarkozy que tinha 1m60, no entanto, usava saltos altos para não ficar abaixo da sua Carla Bruni, que era esguia e elegante.
Mas vale a pena reparar que grande parte dos meia leca têm quase sempre um andar de bamboleio, com movimento de balanço dos braços que quase parece que querem levantar vôo. Putin (1952), apesar do seu 1m70, é um caso exemplar de tentativa de levitação...

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Bibliofilia 220

 

O meu interesse pelo poeta e filósofo romano Tito Lucrécio Caro (c. 94 a. c. - c. 50 a. c.) deu-se por leituras de Vergílio Ferreira (1916-1996), que o refere algumas vezes nos seus livros de ensaios. Assim, em meados dos anos 80, adquiri em leilão de José Manuel Rodrigues, da Livraria Antiquária do Calhariz (Lisboa), o poema A Natureza das Coisas (2 volumes, encadernados num só, 1851/53), traduzido para português pelo médico e político António José de Lima Leitão (1787-1856).
Por carimbo e etiqueta de posse consegui apurar que o proprietário inicial do, agora e ainda, meu exemplar, terá sido Sebastião d'Almeida e Brito (1797-1868), nascido em Figueira de Castelo Rodrigo, que, em Coimbra, terá sido companheiro de quarto de Almeida Garrett, e que era filho de um abastado lavrador. Consta, também, ter tido uma boa biblioteca, com obras raras. De seguida, o livro transitou para a posse de Adolpho Soares Cardozo que faleceu no Porto, em 1895. No entretanto, desconheço os donos intermediários, até mim.

O meu exemplar, com encadernação modesta, encontra-se em muito boas condições.
Em breve pesquisa pela net não encontrei muitas vendas, apenas duas de iguais exemplares,, com preços entre 60 e 140 euros. Uma delas da Livraria Manuel Ferreira (Porto).



terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Um dístico

 


As Estátuas

Apenas voltadas para o arco dos seus corpos
ignoram tudo e os olhos fecham-se, de pedra.


Fernando Guimarães (1928), in Três Poemas (1975).

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Entardeceu assim

 


Mas amanhã dizem que vai chover...

Da leitura 60

 

É o jornalista de Le Monde, Harry Bellet (1980) que o refere, e eu traduzo: "Último dos simbolistas ou no grupo dos primeiros pintores abstractos, quem era Piet Mondrian (1872-1944)? Ele detestava a cor verde porque lhe lembrava demasiado a natureza, mas pintava árvores como ninguém, e flores durante quase toda a sua vida, cuja venda lhe assegurava a sua subsistência. Era aparentemente austero, mas também um excelente dançarino e amador de jazz...".
Ao inverso, lá diz o provérbio: "Se não fossem os gostos, que seria do amarelo." Na verdade, podemos procurar em vão, na obra do holandês Mondrian, alguma árvore em que o verde surja, mas não encontramos nunca essa cor. Achamos o cinzemto, aparece o vermelho, mas verde é que não há...



sábado, 8 de fevereiro de 2025

Divagações 202



O nacional-porreirista mor do nosso reino (vulgo MEC) escreve hoje no Fugas, do jornal Público, que chorou por uma garoupa - triste e patético. Vê-se mesmo que nunca provou, na sua vida redonda e oportunista de plumitivo chocho, um bom rodovalho grelhado.
Mas compreendo. Todo o ser humano se esgota, todo o cronista acaba por se repetir. A imaginação tem limites. De tanto escrever, o MEC já chegou, há muito, ao fim do seu prazo de validade. Pelo menos, desde a altura em que fez a remake do romance da coxinha (telenovela radiofónica antiga), a propósito das maleitas da sua cara metade. O gorducho incontinente devia ter aprendido a parar com as suas banalidades pindéricas e já insuportáveis de infantilidade crónica.

Citações DVI

 

O pensamento voa e as palavras vão a pé. Eis o drama do escritor.

Julien Green (1900-1998), in L'oeil de l'ouragan (1949).

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Edward Elgar (1857-1934)

Marcadores 34

 

Criada em 1901, a Gutenberg-Gesellschaft é uma instituição alemã de Mainz que se dedica ao estudo da imprensa nos seus aspectos especializados, produzindo anualmente uma revista temática de qualidade. Mas, não descurando as modas, editou com o seu novo cartão para sócios, um modesto marcador para livros.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Humor negro (22)

 


Ao que isto chegou!...
Ao que parece, corremos o sério risco de virmos a ser condicionados, do faroeste, por uma associação internacional de malfeitores.

Impromptu 80


Na sua incipiência juvenil esta minha pintura (?) faz-me lembrar um pintor estrangeiro...
Será  Matisse?
(Perdoe-se a imodéstia da sugestão...)


terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Oportunismos teatrais



Este La Feria sabe vivê-la. É uma espécie de Rieu do nosso vistoso "teatro" chunga lisboeta. Lembrou-se agora de ganhar dinheiro dos pacóvios com a história dos 3 Pastorinhos. Que a Senhora de Fátima lhe perdoe a ganância e o despudor de vendilhão...

Interlúdio 103

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Mercearias Finas 207

 


As nozes chegaram cá a casa, ainda neste passado Janeiro: estão caras, mas são boas.
Das nogueiras lembro-me das duas de Merkenich, plantadas por um antepassado de HMJ, e que eram para, crescendo, vir a ser fabricada a nova mobília doméstica, com madeira fina e nobre. Perdeu-se no entanto a intenção pelo caminho, mas os frutos secos foram sendo produzidos todos os anos para prazer da família. Também me recordo das nogueiras vimaranenses da Inha e do seu quintal campesino. Bem como dos boníssimos bolos de nozes que ela fazia, para nos deliciar, ao lanche.
As recentes e sobrantes estão agora na cozinha à guarda do metálico cão quebra-nozes que, há mais de 60 anos, cumpre bem o seu serviço mandibular.

A propósito da tradução

 

No primeiro volume desta antologia de poesia alemã (capa em imagem), de René Lasne, na sua versão para francês, André Meyer, no prefácio, refere: On peut dire que la traduction d'un poème se décompose en deux temps: il faut d'abord tuer l'óriginal et ensuite le ressusciter. La première opération est à la portée de tout philologue scrupuleux, mais la seconde exige  des dons de créateur. ... Traduzindo para português: " Pode dizer-se que a tradução de um poema se decompõe em dois tempos; em princípio é necessário destruir o original e em seguida ressuscitá-lo. A  primeira operação está ao alcance de um filólogo escrupuloso, mas a segunda requer os dons de um criador. ..."

Comentário pessoal: eu acrescentaria um pequeno acréscimo subjectivo, à citação. A versão numa outra língua exige alguma "adivinhação" ou, melhor dizendo, intuição para chegar correctamente à intenção do poeta, nos versos originais. Sem isso o resultado nunca será satisfatório.

sábado, 1 de fevereiro de 2025

Pinacoteca Pessoal 210

 

A informação virá atrasada, porque a exposição de pintura, com cerca de 70 quadros de Gustave Caillebotte (1848-1894), no Museu d'Orsay (Paris), encerrou no passado dia 19 de Janeiro. E, aqui pelo Arpose, já faláramos do artista, a 18/8/2013, a propósito das vicissitudes da sua herança, rica em pintores coevos e amigos.




Mais do que impressionista, Caillebotte foi um expressivo e realista pintor de interiores, com uma predilecção por figuras masculinas. Tantas vezes esquecido, o seu "reaparecimento", deu-se a partir da retrospectiva da sua obra acontecida nos E. U. A., em 1977. E agora, mais recentemente.



Adagiário CCCLXXVI




 Quando se declara a guerra o diabo alarga o inferno.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Desabafo (94)



A única coisa que não consigo perdoar ao sr. Nabeiro, esse mecenas beneficiente alentejano, foi ter feito do seu café uma monocultura de torra à espanhola, em Portugal, carregada e queimada, para conquistar a clientela da raia e da Andaluzia vizinha do seu Campo Maior. Aliado ao acriticismo do sabor dos portugueses a quem tudo lhes serve, que, provavelmente, desconhecem a elegância dum lote de Arábica e Robusta, a 50% de cada, com o equilíbrio sábio da torra nacional.
O homem, no entanto, era tudo menos inocente, e aos seus melhores clientes, para melhor os fidelizar, mandava os vendedores oferecerem-lhes um bago de café em ouro...

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Ideias fixas 92

 
Quanto aos netanyahus deste mundo, não há nada como lembrar o velho e sábio ditado, a propósito de Gaza e dos palestinianos, que refere: "Não peças a quem pediu, nem sirvas a quem serviu."
Os carrascos não têm raça.