sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Curiosidades 109

 

Vim a saber pelo jornal Le Monde (27/12/2024) que, no Brasil, há ainda cerca de 800 "terres indigénes" de povos autóctones, que ocupam 14% do território do país, onde qualquer forma de exploração económica é proibida. Aí habitam 28 comunidades nativas "não contactadas" e cuja línguagem, cultura, organização social e crenças  permanecem um mistério.
Uma avaliação recente, e à distância, permitiu constatatar, positivamente, que a comunidade Massaco (nome oriundo do rio que lhe atravessa o território) com homens "de cabelos compridos, finos bigodes, corpos musculados, mas sem tatuagens ou adereços", na Amazónia, tem aumentado e é constituída, no presente, por cerca de 250 a 600 indígenas.

Idiotismos 51



Quanto a mim, há coisas que não têm explicação.
Ora, atente- se: sob o mesmo vocábulo (Cachucho) se albergam duas coisas totalmente distintas. Um peixe teleósteo de corpo rosado e um anel grande e vistoso, geralmente grosso ou com pedra grande.


Se alguém souber a razão, agradeço, penhoradamente, que me esclareça.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Impromptu 79

Wendy Cope (U. K., 1945)

 

A Laranja

Comprei uma laranja enorme para o lanche -
O seu tamanho até me fez rir.
Descasquei-a e partilhei-a com o Robert e o Dave -
Dei-lhes um quarto a cada um, e fiquei com metade.

E essa laranja fez-me tão feliz
Como as coisas banais, às vezes, nos fazem.
Ultimamente, mais. A compra. Um passeio no parque.
Assim me veio paz e contentamento. Inesperados.

O resto do dia foi deste modo bem fácil.
Fiz todos os recados da minha lista,
Gostei de os fazer e ainda me sobrou tempo.
Amo-te. E estou feliz por existir.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Mercearias Finas 206




Foi assim o jantar condizente contra o frio, hoje, pela sopa de lentilhas muito bem adubada, para uma noite aconchegada... 
Para ajudar, uns fiapos de vitela barrosã, as ditas cujas lentilhas, nabo, aipo, cenoura, alho-porro e massas estrelinhas.
Sopa que estava um espanto!

Do que fui lendo por aí...67



É um livro maciço (1.060 páginas, incluindo as notas finais) que terminei há pouco de ler, sem no entanto, ao longo do percurso, ter feito batota na leitura ou me ter desinteressado, porque Pierre Assouline (1953) fez um bom trabalho sobre a vida e obra de Georges Simenon (1903-1989).
Pelo caminho, fui tomando os meus apontamentoss com citações da obra, de que retenho duas mais interessantes, que traduzi:

- Simenon é desde há pouco o autor mais roubado nas bibliotecas municipais da cidade de Paris. (pg. 559)

- "É tempo de me passar para o clã dos velhotes", ou ainda: "Envelhecer é uma sucessão de últimas vezes." (pg. 912)

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Apontamento 179: Falta de Dignidade e Respeito

 Plutocracia, i.e.:

Carlos Costa Neves, que vai "pagar para trabalhar"

Post de HMJ

Citações DIII

 


Há tolices bem ataviadas, assim como há tolos muito bem vestidos.

Nicolas Chamfort (1741-1794).


segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Osmose 141

 

A recente panteonização lisboeta de Eça de Queiroz, que deixou a sua Emília de Castro Pamplona (Resende) em Santa Cruz do Douro, sozinha lá no norte, fez-me ir de memória até à Póvoa de Varzim e, mais concretamente, até à Praça do Almada, onde o escritor está perpetuado em estátua.



Como em quase tudo (livros, terras, pessoas...) a memória retém apenas alguns fragmentos, frases, por vezes, cenas ou episódios mais impressivos, rasurando o resto, talvez por insignificante. Ora, para quem vinha da rua da Junqueira e passava ao lado do extinto Hotel Universal, que um tio meu tinha explorado nos anos 30 do século XX, ia desembocar, obrigatoriamente, na bonita Praça do Almada, onde se situava a Câmara Municipal.



Mas o Largo poveiro tinha outros encantos para mim. Logo à esquerda havia um ferro-velho que eu frequentava e onde, pelos anos 60, afortunadamente comprei um pequeno Cristo (séc. XVIII?) de madeira, já sem pernas, por Esc. 7$50 e que, depois, foi emoldurado e exposto na parede, em fundo de tecido fino.
Quase por trás da estátua de Eça de Queiroz, existia uma camisaria que, heterodoxa, também vendia selos de colecção e onde adquiri a série nova, completa, comemorativa de Luís de Camões (1924) a bom preço.



Mas talvez a cereja em cima do bolo tenha sido a compra do livro de contos Bichos, de Miguel Torga (1907-1995), na terceira edição de 1943, por Esc. 15$00, numa tipografia modesta da Praça do Almada que, para além de impressos, se dedicava a fazer encadernações e a vender livros usados.
Ora este meu regresso ao passado permitiu-me, também, fazer uma correcção aos meus conhecimentos. Sempre pensara que este Almada patronímico se referia a um dos conjurados da restauração de 1640. Mas não, celebra, sim, o corregedor Francisco de Almada e Mendonça (1757-1804), figura administrava que teve grande importância no progresso da Póvoa de Varzim.

sábado, 11 de janeiro de 2025

Recomendado : cento e seis

 

É um livro (212 páginas) bem interessante que recomendo, para quem goste de gastronomia, ainda para mais lisboeta. Bem arrumado e com receitas, foi acertadamente trabalhado pelo historiador Manuel Paquete.
A capa, em termos gráficos, e o marcador é que me parecem pobretes. E a editora bem podia ter referido a data da impressão da obra, que julgo ser de 2016.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Uma fotografia, de vez em quando... (192)

 


A fotógrafa francesa Celine Clanet (1977) estudou na École Nationale Supérieure de Photographie, em Arles, tendo-se estabelecido depois em Paris, onde trabalha presentemente.




Deslocações ao Árctico, concretamente, à Lapónia norueguesa e outros locais remotos, por que se sente atraída, permitiram-lhe editar vários livros (Máze, 2010, Kola, 2018...) com portefólios temáticos.



A sua obra fotográfica revela também uma preocupação constante com as questões ambientais.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Filatelia CXXII

 


A disposição de selos em álbuns e cadernos filatélicos tem a sua importância do ponto de vista de apresentação estética. Por sua vez, o estudo das estampilhas, quando aprofundado, pode valorizar o conjunto filatélico a nível pessoal, ainda que disposto de forma artesanal.
Tenho particular apreço por esta pequena colecção da ilha de Malta que organizei, catalogando, em 1996, os 144 selos que tinha, e colando-os, num pequeno caderno, um pouco tôsco, que arranjei para o efeito.


Os selos estão classificados e precificados pelos três mais importantes catálogos para países europeus: o Michel (alemão), o Stanley Gibbons (inglês) e o Yvert (francês).



quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Interlúdio 102


Não é muito frequente, no Arpose, haver repetições de postes musicais, embora eu já tenha detectado algumas, poucas, distracções minhas. Mas este encore é de um quase "clássico" da música ligeira, com um trio de intérpretes de grande qualidade. A começar por Tina Turner.

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Bibliofilia 219

 


A temática sebástica sempre despertou interesse entre os portugueses. E a bibliofilia sobre o rei D. Sebastião (1554-1578) sempre teve grande procura por parte dos leitores nacionais, em leilões e alfarrabistas especializados em livros antigos.
Esta Elegiada, do portuense Luís Pereira Brandão (1540?-1590?), teve a sua edição original impressa por Manuel de Lyra em 1588. O autor, padre jesuita, participou na batalha de Alcácer Quibir (1578), sendo por isso testemunha presencial da morte do rei. O seu poema épico compreende 18 cantos.
Esta segunda edição (1785), cópia da edição primeira, é considerada rara, e comprei-a em finais do século XX, por Esc. 6.800$00, em Lisboa. Em Março de 1898, num leilão Silva's/Pedro Azevedo, foi vendido um exemplar por Esc. 11.000$00. A leiloeira Cabral Moncada, recentemente, cobrou 400 euros por outro livro desta mesma segunda impressão.



segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Estupidez natural

 
Eu nem quero acreditar, mas parece (terá dado na TV) que houve uma ministra (Administração Interna? Agricultura?...) que, na ponte 25 de Abril, terá recomendado a uma criancinha de 8 ou 9 anos que não se devia beber vinho se se fosse conduzir?
Era salutar que uma brigada de fiscalização lhe tivesse feito o teste de alcoolémia - acho eu, a ser verdade.

domingo, 5 de janeiro de 2025

Pinacoteca Pessoal 209

 

Membro importante do grupo Dada, o caricaturista e pintor alemão George Grosz (1893-1959) naturalizou-se e fixou residência nos Estados Unidos em 1933, tendo regressado a Berlim pouco antes de falecer.




O seu traço agressivo, pioneiro das linhas ainda mais agrestes de Jean Dubuffet (1901-1985) - na minha opinião - serviram para sublinhar o lado satírico das suas obras ou até, talvez, alguns apontamentos moralistas e críticos sobre a sociedade alemã do seu tempo.





O que, no entanto, não o impediu de autenticar com o seu nome alguns retratos muito originais de artistas seus contemporâneos ou amigos: o poeta anarquista Max Herrmann Neisse e Felix J. Weil, respectivamente.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

arte menor (43)

Epitáfio


Do silêncio geral
vim à terra colher alguns frutos
discretos, amigos simples no tempo
vieram comigo por acaso feliz.

Depois voltei à terra
esquecida do nunca 
mais e sempre.


Sb., 3/1/2025

As palavras do dia (58)

 

É uma espécie de eterno retorno em que as modas vão e vem, como na natureza vegetal.
Mas também é certo que, possuindo um novo, eu nunca deixei de usar o meu velho Nokia.



quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Citações DII

 

A democracia, mais ainda do que qualquer outro regime, exige o exercício da autoridade.

Saint-John Perse (1887-1975), in Discours sur Briand (1942).

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Divagações 201

 

Nem todo o sentimento pessoal ou íntimo se consegue exprimir ou explicar. Muitas vezes, é uma sensação difusa que nem  sequer encontra a imagem perfeita ou palavras próximas. Locais concretos de outrora ajudam, mas é por sentidos estranhos, que não os cinco canónicos, que podemos talvez lá chegar melhor.
Percebo assim a pintura abstracta, na sua fulguração figurativa ausente.

Revivalismo Ligeiro CCCXXXVII


Em sintonia com o poste antecedente.

Primeiro dia do resto das nossas vidas...



Foi assim o lisboeta amanhecer do primeiro  dia de 2025... 

Adagiário CCCLXXV



Se queres ser bom ervilheiro, semeia no Crescente de Janeiro.

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Marcadores 33

 


Difícil foi escolher da gentil oferta, numerosa, aqueles que mais me agradavam. Um bem haja à ofertante! Com os melhores votos de Ano Novo.


Jacques Offenbach (1819-1880), para a passagem do ano


Um bom ano de 2025!

segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Inventários de fim de ano

 

Andei a ver o que tinha na adega e não fiquei decepcionado com os veteranos. Também foi preciso paciência para os conservar incólumes até hoje. Agora, os mais antigos estão a fazer 45 anos.
E o dux veteranorum, entretanto, desapareceu a 27/12, em boa companhia. Era  um Reserva Especial, ainda da Casa Ferreirinha (agora é a Sogrape que os faz), do ano de 1980. E não desmereceu.

Desabafo (93)

 
Para mim, quem escolhe, num blogue, o Rieu para maestro de orquestra, no registo de uma música clássica, está definitivamente classificado do ponto de vista cultural...

Curiosidades 108

 

É caso raro mas, neste particular, o cão é mais lembrado que o dono, por isso eu escrevo, às vezes, que: o cão foi passear o dono. Valha o valor da fidelidade canina. Ora, conte-se.
Animal doméstico leal, o terrier Greyfriars Bobby tem o seu memorial não muito longe da sepultura do seu dono John Gray, no cemitério de Edimburgo (Escócia), local que guardou afectuosamente durante 14 anos vigilantes, até à sua morte. Num simulacro estranho de compassividade humana.