quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Adenda ao poste anterior (Curiosidades 107)




A canção "Quelques Cris" foi, em 1999, um grande sucesso de Johnny Hallyday (1943-2017), integrada no álbum "Sang pour sang". A letra fora composta por Françoise Sagan a convite do cantor francês, depois de se conhecerem e de um jantar de trabalho a dois.
Pelo bom resultado de vendas obtido, Hallyday propôs-se comprar os direitos de autor, da canção, por 100.000 francos franceses, tendo Sagan acedido. E a escritora veio a jogar todo este dinheiro no Casino de Enghien. Perdendo-o...

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Curiosidades 107



Eu diria que há um ler a tempo, um ler na idade certa, mas também um ler fora de tempo (tarde na idade) ou ainda antes de saber apreciar e compreender convenientemente o que se lê.
Achei por isso curioso que Françoise Sagan (1935-2004) tenha situado três das suas leituras mais importantes, da e na juventude, assim:

- Les Nourritures terrestres, de André Gide, aos 13 anos.
- L'Homme révolté, de Albert Camus, com 14 anos.
- Les Illuminations, de Arthur Rimbaud, aos 16 anos.

Leituras precoces, no meu entender. Mas que cada um faça o seu juízo, ou avive a sua experiência pessoal...

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Fado e tabagismo : Camané - Lume

Humor Negro (20)

 

Uma sucessão possível ou provável...

Pinacoteca Pessoal 208

 

Por vezes os genes artísticos propagam-se para as gerações seguintes. Ou, ao menos, o sentido estético sucede-se de forma familiar. O pintor amarantino António Carneiro (1872-1930), que teve dois filhos, parece ter transmitido a vocação artística a ambos. Ao mais velho, Cláudio (1895-1963), o lado musical; ao mais novo, Carlos Carneiro (1900-1971), parece tê-lo dotado de gosto e engenho para a pintura. Deste último, ainda lhe cheguei a ver algumas mostras vimaranenses, muito agradáveis.




As paisagens de António Carneiro, muitas delas marinhas, estão marcadas por uma serena suavidade transcendente que, de algum modo, definem um estilo expressionista (?) e parecem querer ganhar a alma de quem as vê.


domingo, 3 de novembro de 2024

Citações CDXCVIII

 

Cada homem é uma história que não é idêntica a mais nenhuma outra.

Alexis Carrel (1873-1944), in L'Homme, cet inconu.

Carne ou Peixe

 

Parece-me óbvio que houve por aqui um erro de casting. Ou um desvio de vocação. Nota-se que o Criador desatinou ao classificar o espadarte, o lírio e o atum como peixes. Pela consistência interior parecem ser carne.

Aniversário


Para o aniversário de Margarida Elias, este adágio de Bach. E umas flores singelas para embelezar o dia, com muitos e amigos parabéns.



sábado, 2 de novembro de 2024

Mercearias Finas 204

 

Já as temperaturas convidam a pratos mais substanciais e, por isso, pedimos, ao almoço, uma Dobrada, que estava muito boa. E também os tintos vão ganhando aos brancos, na corrida...
Mas são as doçarias pré-natal que mais se manifestam, como pode ver-se pela imagem. E as broas castelar, já provadas, pelo recente fabrico e frescura, convidam e já se recomendam.



Quanto a sobremesas, só faltam por aqui os diospiros...

Recuperado de um moleskine (46)


Embora não de uma forma totalmente sistemática, com os amigos, há uma certa tendência, nos encontros e em conversa, para abordarmos, com cada um deles, aqueles assuntos em que são mais versados ou temos por mais  comuns entre nós.
...

Ele disse-me um dia, creio que inqueto: Se eu não o contar a ti, a quem o direi?! 
Fez-me, então, a confidência que eu, até hoje, sempre conservei em segredo.
Hoje percebo, completamente, que o problema, com o tempo, é descobrlr o interlocutor exacto de partilha e encontro mais próximo.

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Embora pálido...

 


... a meio da tarde, o arco-íris outrabandista foi assim.

Pessoana



Provavelmente, Nicolas Barral (1966) é um bom conhecedor de assuntos portugueses, pois já em 2021 tinha produzido uma BD, em França, com o título Sur un air de Fado. Desta vez, o jornal Le Monde informa que saiu L'Intranquille Monsieur Pessoa, o que não deixa de ser uma boa notícia, para os apreciadores.

Adagiário CCCLXXII

 


Não te fies em água que não corra, nem em gato que não mie.

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Excelências

 
Um conhecido politólogo e professor universitário do ISCTE-IUL, de 63 anos, optou pelo Hospital da Luz (Oeiras) para ser operado a um ombro. A operação, que seria banal, terá dado origem a uma infecção posterior, e André Freire acabou por ser transferido para o Hospital de S. Francisco Xavier, do SNS, onde veio a falecer.
Salvou-se assim, mais uma vez, a excelência das estatísticas de morte no privado...

Elegância

 

Também há uma estética animal. Que nos pode fazer lembrar ou pedir meças a Dior ou Channel.

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Apontamento 178: Ouriços-cacheiros (bis)

 

Ora, o bichinho engraçado da imagem vive tempos difíceis por causa dos automóveis e agora também devido aos robots corta-relvas.

Mas tenho uma amiga muito dedicada à preservação dos ouriços. Como se aconselha, ela tem vários montes de folhas e casinhas próprias para os animais espalhados pelo quintal. À noite deixa comida e amendoins no terraço. Lembro-me, sentada à noite no terraço de os ver chegar para comer, ouvindo o ruído de trincar os amendoins.

Com a chegada do Outono, o trabalho da minha amiga aumenta. Numa garagem vazia monta uma “cidade” de caixas de papelão para os ouriços hibernarem, até à Primavera.

Antes de os bichinhos irem para as casotas têm que ter um determinado peso para aguentarem a hibernação. Com efeito, são pesados e os “mini-mini” ouriços ainda ficam dentro de casa para um melhor acompanhamento. O cuidado vai a ponto de preencher várias vezes durante a semana uma ficha de cartolina, registando a evolução do peso até atingir o recomendado para ir hibernar.

No entanto, a Ruth fiscaliza diariamente a garagem para saber se algum ouriço ainda está acordado e, nestes casos, deixa comida, limpando, obviamente, todos os dias o chão conspurcado.

Na casa existe também uma pequena farmácia com remédios e pinças para cuidar dos ouriços enfermos, havendo especial cuidado na desparasitação.

Após um curso intensivo de cuidados para ouriços, a Ruth ficou diplomada e tem a porta sempre aberta para receber mais bichinhos que as pessoas resolvem entregar ao seu cuidado.

Post de HMJ

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Considerações sobre a evolução de valores de livros antigos

 


É raríssima esta primeira edição (1596), com página de rosto em imagem acima, de O Lyma, de Diogo Bernardes (1530?-1594?), impressa em Lisboa, na casa de Simão Lopez. Mas a segunda, de 1633, editada por Lourenço Crasbeeck, também não é frequente aparecer. Na minha biblioteca conservo, com grande estima bibliófila, um exemplar (in 8º), da terceira impressão (1761), que foi preparado na oficina lisboeta de António Vicente da Silva e que, não sendo rara, não surge muitas vezes à venda.



Entretanto, é minha convicção enraizada que, hoje em dia, se se compram mais livros, se acaba por ler menos e pior. E, por outro lado, nos livros usados (quase novos, às vezes, à venda...) os preços têm vindo a baixar, de forma consistente. Mesmo em livros antigos, anteriormente estáveis nos seus valores, se verificam quebras consideráveis de preços no mercado.
Vou dar um exemplo concreto do livro acima referido e dos preços atingidos no decurso de 13 anos. Assim:
2010 - O Lyma, 1596 - Liv. Manuel Ferreira (Porto)  : Leilão da Biblioteca Aureliano Barros..... 5.750 euros.
2021 -   "     "          "    - Cabral Moncada Leilões (Lisboa): ..... 3.400 euros.
2023 -   "     "          "    - Livraria Ecléctica (Lisboa) Junho de 2023, lote 19: .... 1.800 euros.

Quod erat demonstrandum!

Nota posterior: por mera curiosidade, venho acrescentar que a Livraria Coelho (Lisboa), no seu Catálogo 15, do já longínquo ano de 1932, tinha um exemplar desta 1ª edição, à venda, por Esc. 3.000$00.

domingo, 27 de outubro de 2024

Posicionar-me

 
Constato, por um breve zapping, que, na net, redes sociais e blogues, uma grande parte dos frequentadores são também detractores acerbos da mudança de hora. Quando eu era pequeno achava este fenómeno apenas curioso e nunca me incomodou demasiado. Agora, reformado, ainda menos.
Julgo que esta alteração se iniciou durante a II Grande Guerra no sentido de acompanhar melhor a luz solar, e poupar na energia, coisa que, provavelmente, os críticos da mudança horária, se calhar, até desconhecem. Ora, não há nada, como atender ao racionalismo pragmático, no meu modesto entender... Ou informar-se melhor.

sábado, 26 de outubro de 2024

Mudança horária

Sob o patrocínio de Morfeu e dos poderes instituídos, esta madrugada ganharemos mais uma hora de sono - os relógios, às 2h00, deverão ser atrasados para a 1h00, dando-se início temporário ao horário de Inverno.

Adenda: o retardador de relógio, embora pareça, não é o Alfred Hitchcock.

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Filatelia CXX

 

Muito embora, oficialmente, os envelopes com FDC (Carimbos de 1º Dia), em Portugal, tenham tido início apenas com a emissão do 16º Congresso Internacional de História de Arte, no ano de 1949, já em 1894, e com a série comemorativa do 5º Centenário do nascimento do Infante D. Henrique, tinha sido criado um carimbo próprio que obliterou uma grande parte dos selos circulados dessa série, na altura.


Fruto de experiências talvez particulares, existe também uma folha com carimbo original do início da Exposição do Mundo Português e a data 1/12/1940, da emissão do 8º Centenário da Fundação e 3º da Restauração de Portugal, na minha colecção. Que, com certeza, não será muito frequente aparecer.

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Ultimas aquisições (55)

 

Saiu recentemente este Lire Magazine, cuja temática principal é dedicada a Françoise Sagan (1935-2004), com cerca de 60 páginas, mas que não exclui outros artigos com interesse.

terça-feira, 22 de outubro de 2024

As palavras do dia (56)

 


O título do jornal Público, de hoje, só seria uma surpresa para quem andasse muito distraído...
E a proporção entre as gravidezes no SNS, cerca de metade, das que se fazem nos privados, o dobro, não deixa de ser escandalosa, embora previsível.

domingo, 20 de outubro de 2024

Citações CDXCVII

 


A poesia vive da insónia perpétua.

René Char, in La parole en archipel.

...

Convém que a poesia seja inseparável do previsível, mas ainda não formulado.

René Char, in Fureur et Mystère.

arte menor (41)

 


A princípio, o movimento
que cessa quando o limite
excede a vontade interna
do corpo. Alguma coisa se passa
para além do que é possível.

O fim é um mero acidente
em direcção ao silêncio
do absurdo, no desconto
de outros sobreviventes.

Só parecemos ignorar
que a morte é uma cilada
paciente e eterna, 
silenciosa a esperar.




Sb., 25-26-5/ 17-7, 3/6/ 18-24/8/2024.

Zbigniew Preisner (1955) : L'Aurore (Dawn)

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Uma fotografia, de vez em quando... (189)

 

Manhã cedo, Merkenich com diáfana neblina junto ao Reno, dois vagos cães, à esquerda, e a que falta a cuidadora. Ao longe, a igreja de Sankt Brictius, predominante.

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Divagações 198

 

HMJ saboreia à minha frente a romã que, pacientemente, descascou. Quase me apeteceu provar alguns daqueles bagos rubis tão bonitos.
Conheci várias senhoras que, pela beleza do fruto, lhe poupavam o escalpe e as deixavam mumificar (ou apodrecer) na fruteira. Como disse John Keats, e agora por palavras minhas: "Um momento de beleza é uma alegria para sempre."

Do que fui lendo por aí... 66

 


Venade, Casa da Ramada,
Sábado, 15 de Abril de 1995

O grande acontecimento do dia de hoje, sábado, foi o aparecimento de uma poupa, com a crista que o Aquilino,  por sistema, compara ao pente das sevilhanas, a esgravatar na terra do campo da vizinha Glória.

Mário Cláudio (1941), in Diário Incontínuo (pg. 150).