segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Citaçõers DXXII

 


Eu sou um pintor de domingo para quem todos os dias são domingos.

Jean Dubuffett (1901-1985).

domingo, 19 de outubro de 2025

O esperanto dos javardos

 
O mal foi ter-se criado, por caridade cristã, a expressão arte urbana para caracterizar os gatafunhos que enxameavam as paredes dos prédios desocupados. Depois disso, passaram às estradas onde, em maiúsculas garrafais, os pincheiros tentavam reproduzir os grunhos juvenis que eram o seu linguajar mediocre e rasteiro de significado. Distinta era apenas a palavra Pampa que servia para a indicação geográfica da droga.
Foi no que deu tentar democratizar a cultura, para os pobrezinhos...

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Leituras paralelas 2

 

Saído recentemente, este belo livro com textos do poeta Carlos Poças Falcão (1951), com a chancela da Modo de Ler (Porto) e um acervo fotográfico de Ana Paula Meneses, de grande qualidade estética, inspirado na Penha (Serra de Santa Catarina), montanha situada nas proximidades de Guimarães, bem merece ser conhecido.

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Divagações 210

 

Evito quase sempre, nas coisas ou objectos, a perfeita simetria arrumada. Sempre me pareceu falsa a igualdade lateral dos espaços. Mas falta-me saber se as asas das borboletas são exactamente iguais, ou se é, por esse natural desequilíbrio que elas conseguem voar. Embora tenham vida curta.

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Estado da natura 6

 

Algumas já tintadas, outras ainda verdes, as azeitonas da nossa oliveirinha da varanda a sul deram boa conta de si produzindo o número redondo de 60 frutos bem criados e quase todos rechonchudos. O que constitui a 4ª maior safra de sempre, desde 2012. Irão agora ser curtidas em água, que não da torneira, orégãos e sal durante dias, para, mais tarde, virem a ser consumidas por nós.

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Uma fotografia, de vez em quando... 202

 

Muito viajado, o etnólogo e fotógrafo autodidacta francês Pierre Verger (1902-1996) acabou por fixar-se no Brasil, pouco depois do final da  II Grande Guerra, onde viria a falecer.



A sua colaboração profissional foi vasta, abrangendo o Daily Mirror, Life, Pais Match, O Cruzeiro, entre outros, e privilegiando o quotidiano das populações autóctones.





sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Recomendado : cento e nove

 

Não é todas as semanas que recomendo artigos da ípsilon, mas abro, hoje, uma excepção para apadrinhar um trabalho de Isabel Lucas (com 5 páginas) sobre Georges Simenon, a propósito da saída de 3 romans durs, em edição portuguesa recente. Não trazendo propriamente novidades, relembra o essencial sobre o grande escritor.
Nele se fala também de Liège e do Maas (Meuse/Mosa) que só me trazem boas recordações. Fica o aviso.



Citações DXXI

 

A especulação é um luxo, enquanto a acção é uma necessidade.

Henri Bergson (1859-1941), in L'Énergie spirituelle (1919).

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Criancinhas

 

Por vezes, é preciso algum tempo para vir a perceber amplamente umas coisas que nos parecem inexplicáveis.
Lembro-me de infância que o sr. Coutinho, vizinho de rua, me mentia, por vezes, ao dizer que o Quim, neto dele, não estava em casa, quando me abria porta, para eu lá ir brincar. Percebo hoje que ele queria era o sossego e silêncio doméstico, e o da D. Amélia, sem a perturbação frenética dos gritos e agitação infantil da brincadeira, lá por casa.
Um grande amigo meu, já falecido, quando recebia os netos lá em casa, costumava dizer-me que era uma grande alegria quando eles entravam e um alívio enorme quando eles se iam embora. Acrescentava, às vezes, quando as coisas corriam melhor, que os netos "eram a sobremesa da velhice". 

terça-feira, 7 de outubro de 2025

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Na área de CML todo o cuidado é pouco

 Aviso aos Incautos 

Nada previa uma manhã de Domingo com sobressaltos, designadamente uma previsível falha de bom serviço do nosso automóvel, estimado e sempre bem conservado e assistido. 

 Ora, assim acontece, por um completo desnorte, desregramento e a impunidade que tomou conta do final da Rua de D. Pedro V e, sobretudo, para quem vai seguindo a esquina da R. Luísa Todi para a Rua da Misericórdia. 

 Naquele Domingo, 5 de Outubro, nada previa que, pelas 9.30 da manhã, batêssemos – forte e feio (!) - num buracão, enorme, embora pouco visível e sem nenhum aviso de perigo, numa cova no piso ao virar da Rua de D. Pedro V para a Rua da Misericórdia, frente ao Convento de S. Pedro de Alcântara. 

 Como há tantos buracos e falhas no piso na artéria em causa, apenas ouvi o meu acompanhante a dizer: “cuidado há mais buracos” ! 

 Lá seguimos e estacionámos o carro um pouco mais abaixo na zona do Chiado. Ao sair de casa, para retomar o nosso programa de seguir para a casa de amigos, deparei-me com um aviso completamente inusitado para a minha matriz de boa assistente da viatura, digo o, sem qualquer problema de modéstia, porque os carros, para mim, têm de funcionar a 100 % sempre, 365 dias por ano. É, também para isso que faço toda a manutenção e sou sócia do ACP. Não me interessa mais nada nos automóveis: é funcionar sem percalços ! 

 Pouco depois de andar uns metros, vi o aviso “STOP” no painel do tablier da viatura, coisa nunca vista e que me inquietou profundamente. Dei uma volta e regressei ao nosso lugar de estacionamento frente à casa. 

 Contactado o ACP veio a assistência competente, comprovando, após observação atenta e competente, que o pneu apresentava um rasgão enorme, sem possibilidade de recuperação. Seguiu-se a vinda do reboque para uma oficina – num DOMINGO – pelos lados de Alvalade para substituir o pneu. 

 Ao condutor do reboque do ACP, onde seguimos, e quando passámos frente ao Convento de S. Pedro de Alcântara, mostrei o lugar em que o pneu traseiro teria batido. Ele olhou e confirmou: de facto foi ali, o pneu, embora em ótimo estado, não resistiu ! 

 Neste contexto, de absoluto desleixo com a zona do Chiado, não vale a pena referir que os autocarros turísticos continuam a circular, impedindo o normal funcionamento do trânsito, assim como a profusão de “TUCTUCs” que não têm já possibilidade de contagem e estacionamento ilegal. Assim como a profusão de umas carrinhas – tipo funeral – a ocupar tudo o que é sítio. Até paragem de autocarros ! Polícias ! Nem vê-los. 

Para nós, a brincadeira e a completa incompetência da CML de Carlos Moedas, não contando os incómodos, custou ca. de 200,00 euros.

Post de HMJ

Da leitura 63

 


Da antologia Lisboa (Prosa), escolhida por Tomaz Ribas, e do texto de M. Teixeira Gomes (1860-1942) passámos a citar da página 60:

"Na Rua do Tesouro Velho encontrei o Jorge Della Faille. Entrámos na cervejaria Jansen e abancámos no terraço. O Della Faille é de Anvers, terra que eu conheço quase tão bem como a da minha própria naturalidade, e eu tivera ensejo de ver ali o pai, o conde Della Faille, senador, num baile dado pelo governador da província, o barão Ozy. Além disso conhecia-lhe perfeitamente a casa de habitação, ao pé da Igreja de S. Jacques (tão cheia, esta, de recordações portuguesas) e apelidade casa de Santo Inácio por ter sido ali, segundo reza a tradição, que endireitaram a perna quebrada de S. Inácio de Loiola (quebrando-lha outra vez), que ficara torta do primeiro conserto. A fachada da casa, enegrecida pelos anos e pelo clima (e a que religiosamente conservam a pátina) é triste mas harmoniosa e nobre, nas linhas puras da renascença neoclássica flamenga."

com agradecimentos a H. N.

domingo, 5 de outubro de 2025

Mais um título encriptado...

 

É suposto que um título de jornal - que se preze - seja claro, conciso e resuma o conteúdo da notícia. Mas o jornal Público, ultimamente, capricha nas charadas desconexas. Ou então o jornalista (?) que compõe estes títulos deve ter muitos calos na cabeça.

sábado, 4 de outubro de 2025

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Bibliofilia 226

 


A alguns poderá parecer quase um sacrilégio eu escrever que não aprecio, grandemente, a poesia de Antero de Quental (1842-1891), talvez por ele ter ficado a meio caminho entre pró-filósofo (a que não chegou) e poeta pouco inspirado, para o meu gosto. Fiz, no entanto, um esforço por ler toda a sua poesia.



E um dos últimos livros que li foi o póstumo (1892) Raios de Extincta Luz, que Teófilo Braga editou em Lisboa. O meu exemplar encadernado em meia francesa encontra-se em excelentes condições. Comprei-o na rua do Alecrim, nº 44, ao sr. Tarcísio Tindade, por Esc. 2.800$00, em finais do século XX. 



Esta primeira edição de Antero de Quental não aparece muito à venda, em leilões ou alfarrabistas. Os últimos exemplares foram vendidos por 50 e 140 euros, também encadernados, já no presente século.

As palavras do dia (60)


 

Melhor do que isto só talvez o Speedy González...


Ao longe

 


Amanheceu assim.

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Marcadores 35

 

A propósito e pela passagem do centenário do nascimento do escritor José Cardoso Pires (1925-1998).

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Gaita-de-Beiços



Creio ser a primeira vez que uma canção (neste caso: "Amazing Grace") é tocada, no Arpose, em gaita-de-beiços, que era um instrumento musical muito utilizado na minha juventude.
No dia internacional da Música.

Desabafo (102)

 
A moda é terrível, escraviza os cérebros pequenos e as criaturas sem horizontes. Que nem sequer se dão conta do seu seguidismo acrítico e da vacuidade das suas vidas inúteis. Como dizia uma pessoa estimada por mim, acertadamente: andam no mundo por ver andar os outros. E nem deixam sinais...

Adagiário CCCLXXXIV

 

´

Estalajadeiro à porta, sinal de poucos fregueses.

terça-feira, 30 de setembro de 2025

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Excessos

 

Há fascínios estranhos e contagiosos difíceis de explicar. O jornal Le Monde (19/9/2025) dá conta de um deles, francês: os jardins de Claude Monet (1840-1926), em Giverny. Em 2024, foram visitados por 775.000 turistas. O que, inseridos numa localidade de apenas 460 habitantes, prenuncia o risco de saturação...

domingo, 28 de setembro de 2025

Mau gosto

 


Esta capa da revista do Expresso (19/9/2025), pela sua epifania bacoca, fez-me lembrar o "Menino da Lágrima", de Giovanni Bragolin (1911-1981), que todos os lares kitsch ostentavam, em imagem, com compaixão e caridade cristã numa parede das suas casas, orgulhosamente. Melhor do que isto, só a escolha do nosso presente PM, quanto ao seu cantor preferido de música ligeira...

sábado, 27 de setembro de 2025

A evitar, absolutamente (8)

 


A Fundação Francisco Manuel dos Santos edita, de há um tempo a esta parte, uns livrinhos a cuja colecção deu o nome de Retratos da Fundação, e que já vai em 89 títulos. Tenho 25 obras muito diversas, que vão desde ficção até monografias, com qualidade e interesse variável. Os livros têm preço módico e podem, normalmente, ser adquiridos nos supermercados Pingo Doce.
Há pouco, comprei três obras saídas recentemente. Se dois dos livrinhos valeram muito a pena, o terceiro (capa em imagem acima) foi um barrete monumental. Parece um relatório burocrático e oficial, só lhe falta ter sido escrito em papel selado. E é de uma vacuidade total.
O livro é de desaconselhar em todos os sentidos.

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Citações DXX


 
Tudo o que é necessário para fazer uma comédia é um parque, um polícia e uma rapariga bonita.

Charlie Chaplin (1889-1977), in My Autobiography (1964).

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Ideias fixas 100

 
Sorrio muitas vezes ao ler os rótulos de garrafas de vinhos, cujos produtores se esmeram, ridículos, em compor textos pretensamente líricos, quando omitem, por exemplo, factores essenciais como sejam as castas por que é  composto o lote. A Sogrape é um bom exemplo deste mau novo-riquismo enológico. Sintoma agudo do parolismo nacional.