terça-feira, 19 de novembro de 2024

Uma fotografia, de vez em quando... (190)

 


A fotografia, na imagem acima, é do jornal Público de hoje, mas não sei quem a terá escolhido para ilustrar uma crónica sobre saúde, de Pedro Norton...
Ora, o jovem à esquerda mais parece ter visto um fantasma ou uma bruxa, dado o seu olhar estranho ou assustado.

Adagiário CCCLXXIII

 

Sapo que salta, água não falta.

domingo, 17 de novembro de 2024

Bibliofilia 217

 


Eu creio que, hoje em dia, ninguém se atreve a ler uma epopeia. Sobretudo com 17 cantos...
Em imagem acima, fica o frontispício da segunda edição (1783) deste poema épico de Jerónimo Corte Real (1533?-1588), cuja edição original foi publicada, póstuma, em 1594. A terceira impressão é também Rollandiana, e de 1840. O autor, de famílias ilustres, está representado em estátua, entre outros escritores, no monumento a Camões, ao Chiado.
O meu exemplar, desencadernado, mas em bom estado e íntegro, custou-me Esc. 950$00, em finais do século passado. A Cabral Moncada Leilões, em 2020, vendeu um exemplar semelhante por 110 euros; e a Livraria Manuel Ferreira (Porto) um outro, encadernado, por 150 euros.


Assim se inicia o poema, actualizada a ortografia:

Um sucesso infeliz, um triste caso,
um funesto discurso, a morte horrenda
do Sepulveda canto; e juntamente
o miserável fim daquela ilustre
belíssima Leonor, a quem fortuna
mostrou da cruel roda o mais adverso,
mais abatido, e mais mísero estado.
...


sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Palavras para quê?

 

É mais um caso da pequenina justiça à portuguesa. E já não dá sequer para nos surpreender.

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Antologia 21



Outros locais, outro meio. Mas deixando Fayard pela Gallimard, Simenon não muda de estilo. Ele segue o seu plano.
Seria sobrestimar realmente a influência  de um editor atribuir-lhe um tal poder sobre o mecanismo de criação de um dos seus autores. Principalmente quando este tem a força de carácter e a personalidade de um Simenon, mais inclinado a imaginar a sua obra do que a debruçar-se sobre as teorias da sua escrita. Contrariamente ao que inventaram esses ensaístas muito franceses que as classificações dão como seguras, não há uma época Gallimard, entre a época Fayard e a época Presses de la Cité, como se costuma dizer dos períodos azul ou rosa de Picasso.

Pierre Assouline (1953), in Simenon (pg. 296).

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Divagações 199

 

Ao fim da manhã, por essa altura e muitos anos atrás, a descida, a pé, da pequena colina do cemitério de Atouguia até ao centro da cidade, era pontuada pelas castanhas assadas e pela boa disposição infantil, a que os adultos davam permissão e guarida, apesar da época. Ao mesmo tempo, iam aparecendo pelas bancas do mercado, os diospiros e os marmelos.
Tradicionalmente, nos antigos depósitos de pão iam surgindo tijelas de marmelada, que as panificadoras também vendiam para fora, como hoje a Confeitaria Cister, na rua da Escola Politécnica, ainda vai expondo, com garbo, na montra. HMJ deu, cá por casa, início, com as gamboas, à abertura da época, com os ladrilhos em calda, que estavam muito bons.

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Ideias fixas 90

 
Não sei atribuir-lhe a origem, com rigor. Se é por incompetência pessoal, desorganização burocrática, desarrumo mental ou excesso de verborreia nas consultas entre agentes de saúde e utentes, mas, sobretudo nas empresas médicas privadas, é frequente eu ser atendido apenas mais de uma hora depois sobre a hora previamente marcada pelo clínico ou recepcionista. Não percebo o irrealismo profissional com que estes alveitares programam, em tempo, as suas consultas de forma tão desordenada e desajustada da realidade. E o que ganham com isso... tempo não é, com certeza.

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

interlúdio 101



Antes que nos invadam, os iberistas convictos ... Sejam eles enrodilhados, ou com os corninhos de fora.

Aniversário

 


Plagiando o que disse o poeta espanhol Antonio Machado: o caminho fez-se andando. Quinze anos de vida do Arpose, contabilizando 13.182 postes registados, até hoje, no blogue.

sábado, 9 de novembro de 2024

As palavras do dia (57)



"... A esquerda que anda há mais de uma década convencida das suas causas fracturantes, que nos EUA tem consequências práticas, muito mais absurdas do que na Europa, acantonou-se nas elites e perdeu as suas bases sociais, a começar pelos sindicatos. Se lessem Marx, perceberiam que trocar bases sociais por bases intelectuais é derrota certa. ..."

Perguntar, não ofende (4)

 Banda desenhada tem uma idade?

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Ainda Sagan, para remate



Resolvi dar-me ao trabalho de procurar, nos livros de autores franceses, as obras que tinha de Françoise Sagan (1935-2004). Surpreendentemente, do Bonjour tristesse (1954), primeiro livro da escritora, tenho um exemplar da edição original, editado por René Julliard (Paris). Talvez não seja vulgar, mas também não é raro: a tiragem foi de 500.000; nos Estados Unidos, pouco depois, foi de um milhão.



Quanto ao segundo livro de Sagan, Un certain sourire (1955) e ao terceiro, Dans un mois dans un an (1957), as que tenho, são ambas edições banais de "Le Livre de Poche", de 1963 e 1964, respectivamente.

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Segredo

 


Diz-me alguém, que muito estimo, que este é um dos mais bem guardados "segredos" do Chiado.
E é verdade, ainda ontem almocei lá uns magníficos filetes de pescada com um saboroso arroz de grelos, num ambiente agradável e tranquilo. A cozinha é boa, o serviço, atento, e a sala interior é sossegada, propensa a conversas amigas.


quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Adenda ao poste anterior (Curiosidades 107)




A canção "Quelques Cris" foi, em 1999, um grande sucesso de Johnny Hallyday (1943-2017), integrada no álbum "Sang pour sang". A letra fora composta por Françoise Sagan a convite do cantor francês, depois de se conhecerem e de um jantar de trabalho a dois.
Pelo bom resultado de vendas obtido, Hallyday propôs-se comprar os direitos de autor, da canção, por 100.000 francos franceses, tendo Sagan acedido. E a escritora veio a jogar todo este dinheiro no Casino de Enghien. Perdendo-o...

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Curiosidades 107



Eu diria que há um ler a tempo, um ler na idade certa, mas também um ler fora de tempo (tarde na idade) ou ainda antes de saber apreciar e compreender convenientemente o que se lê.
Achei por isso curioso que Françoise Sagan (1935-2004) tenha situado três das suas leituras mais importantes, da e na juventude, assim:

- Les Nourritures terrestres, de André Gide, aos 13 anos.
- L'Homme révolté, de Albert Camus, com 14 anos.
- Les Illuminations, de Arthur Rimbaud, aos 16 anos.

Leituras precoces, no meu entender. Mas que cada um faça o seu juízo, ou avive a sua experiência pessoal...

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Fado e tabagismo : Camané - Lume

Humor Negro (20)

 

Uma sucessão possível ou provável...

Pinacoteca Pessoal 208

 

Por vezes os genes artísticos propagam-se para as gerações seguintes. Ou, ao menos, o sentido estético sucede-se de forma familiar. O pintor amarantino António Carneiro (1872-1930), que teve dois filhos, parece ter transmitido a vocação artística a ambos. Ao mais velho, Cláudio (1895-1963), o lado musical; ao mais novo, Carlos Carneiro (1900-1971), parece tê-lo dotado de gosto e engenho para a pintura. Deste último, ainda lhe cheguei a ver algumas mostras vimaranenses, muito agradáveis.




As paisagens de António Carneiro, muitas delas marinhas, estão marcadas por uma serena suavidade transcendente que, de algum modo, definem um estilo expressionista (?) e parecem querer ganhar a alma de quem as vê.


domingo, 3 de novembro de 2024

Citações CDXCVIII

 

Cada homem é uma história que não é idêntica a mais nenhuma outra.

Alexis Carrel (1873-1944), in L'Homme, cet inconu.

Carne ou Peixe

 

Parece-me óbvio que houve por aqui um erro de casting. Ou um desvio de vocação. Nota-se que o Criador desatinou ao classificar o espadarte, o lírio e o atum como peixes. Pela consistência interior parecem ser carne.

Aniversário


Para o aniversário de Margarida Elias, este adágio de Bach. E umas flores singelas para embelezar o dia, com muitos e amigos parabéns.



sábado, 2 de novembro de 2024

Mercearias Finas 204

 

Já as temperaturas convidam a pratos mais substanciais e, por isso, pedimos, ao almoço, uma Dobrada, que estava muito boa. E também os tintos vão ganhando aos brancos, na corrida...
Mas são as doçarias pré-natal que mais se manifestam, como pode ver-se pela imagem. E as broas castelar, já provadas, pelo recente fabrico e frescura, convidam e já se recomendam.



Quanto a sobremesas, só faltam por aqui os diospiros...

Recuperado de um moleskine (46)


Embora não de uma forma totalmente sistemática, com os amigos, há uma certa tendência, nos encontros e em conversa, para abordarmos, com cada um deles, aqueles assuntos em que são mais versados ou temos por mais  comuns entre nós.
...

Ele disse-me um dia, creio que inqueto: Se eu não o contar a ti, a quem o direi?! 
Fez-me, então, a confidência que eu, até hoje, sempre conservei em segredo.
Hoje percebo, completamente, que o problema, com o tempo, é descobrlr o interlocutor exacto de partilha e encontro mais próximo.

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Embora pálido...

 


... a meio da tarde, o arco-íris outrabandista foi assim.

Pessoana



Provavelmente, Nicolas Barral (1966) é um bom conhecedor de assuntos portugueses, pois já em 2021 tinha produzido uma BD, em França, com o título Sur un air de Fado. Desta vez, o jornal Le Monde informa que saiu L'Intranquille Monsieur Pessoa, o que não deixa de ser uma boa notícia, para os apreciadores.

Adagiário CCCLXXII

 


Não te fies em água que não corra, nem em gato que não mie.

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Excelências

 
Um conhecido politólogo e professor universitário do ISCTE-IUL, de 63 anos, optou pelo Hospital da Luz (Oeiras) para ser operado a um ombro. A operação, que seria banal, terá dado origem a uma infecção posterior, e André Freire acabou por ser transferido para o Hospital de S. Francisco Xavier, do SNS, onde veio a falecer.
Salvou-se assim, mais uma vez, a excelência das estatísticas de morte no privado...

Elegância

 

Também há uma estética animal. Que nos pode fazer lembrar ou pedir meças a Dior ou Channel.

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Apontamento 178: Ouriços-cacheiros (bis)

 

Ora, o bichinho engraçado da imagem vive tempos difíceis por causa dos automóveis e agora também devido aos robots corta-relvas.

Mas tenho uma amiga muito dedicada à preservação dos ouriços. Como se aconselha, ela tem vários montes de folhas e casinhas próprias para os animais espalhados pelo quintal. À noite deixa comida e amendoins no terraço. Lembro-me, sentada à noite no terraço de os ver chegar para comer, ouvindo o ruído de trincar os amendoins.

Com a chegada do Outono, o trabalho da minha amiga aumenta. Numa garagem vazia monta uma “cidade” de caixas de papelão para os ouriços hibernarem, até à Primavera.

Antes de os bichinhos irem para as casotas têm que ter um determinado peso para aguentarem a hibernação. Com efeito, são pesados e os “mini-mini” ouriços ainda ficam dentro de casa para um melhor acompanhamento. O cuidado vai a ponto de preencher várias vezes durante a semana uma ficha de cartolina, registando a evolução do peso até atingir o recomendado para ir hibernar.

No entanto, a Ruth fiscaliza diariamente a garagem para saber se algum ouriço ainda está acordado e, nestes casos, deixa comida, limpando, obviamente, todos os dias o chão conspurcado.

Na casa existe também uma pequena farmácia com remédios e pinças para cuidar dos ouriços enfermos, havendo especial cuidado na desparasitação.

Após um curso intensivo de cuidados para ouriços, a Ruth ficou diplomada e tem a porta sempre aberta para receber mais bichinhos que as pessoas resolvem entregar ao seu cuidado.

Post de HMJ