quarta-feira, 31 de maio de 2023

Pinacoteca Pessoal 194



Nascida em Buenos Aires, de pais italianos, Leonor Fini (1907-1996) fez uma boa parte da sua vida artística em França, onde veio a falecer. Rebelde e bissexual, foi uma das poucas mulheres pintoras da escola surrealista.


A pintora passou parte da sua  juventude em Trieste e Milão. Além de ilustradora de livros, Leonor Fini escreveu e publicou três livros, tendo sido amiga de Cocteau,  de Morávia e de Genet, a quem também retratou.






segunda-feira, 29 de maio de 2023

Citações CDLXIV



O quadro está acabado quando ele apagou a ideia.

Georges Braque (1882-1963), in Le Jour et la Nuit.


sábado, 27 de maio de 2023

Apontamento 154: Pérolas no deserto

 

Foram postos à venda, recentemente, os volumes das Chancelarias Portuguesas, cujas capas se reproduzem acima e com a seguinte ficha da obra:

TÍTULO: Chancelarias Portuguesas : D. João I, vol. V (2 tomos)
AUTORIA: João José Alves Dias e Pedro Pinto (organização e revisão geral)
TRANSCRIÇÃO PALEOGRÁFICA: Carlos Silva Moura; Judite Cavaleiro Paixão; Maria Luthgarda de Palma Rafael Martins de Jesus; Pedro Pinto
REVISÃO: Carlos Silva Moura; João Alves Dias; Pedro Pinto
EDIÇÃO: Lisboa : Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 2006
DESCRIÇÃO FÍSICA: 367 p; 230x160 mm; Brochado
PREÇO: €50.00 - DISPONIBILIDADE: Em stock

No Prefácio, os autores esclarecem o leitor que “a publicação da Chancelaria de d. João I (1385-1433) se insere num plano de conjunto que visa apresentar ao público a documentação de todas as chancelarias medievais portuguesas, a partir das versões integrais existentes no Arquivo Nacional da Torre de Tombo, em Lisboa”

Na página do Centro de Estudos Históricos pode o leitor encontrar os volumes das Chancelarias anteriormente publicados, assim como outros textos relevantes para o estudo da História.

Tenho, pois, o prazer de apoiar o pedido de divulgação da obra por considerar, como digo acima, que edições desta envergadura constituem, actualmente, pérolas no deserto. Seria, pois, útil a muitos dos autoproclamados “Historiadores” que se iniciassem num estudo sério das fontes, etapa essencial para subir da sua base de amadores numa escala sustentada e credível que a História merece.

Post de HMJ

sexta-feira, 26 de maio de 2023

Adolphe Adam (1803-1856)

arte menor (38)



Os Clínicos  
                                                  à memória de F. J. V. de C. F.

Eles sabem ou suspeitam,
adivinham às vezes
mas também se deixam
morrer.

Por cansaço ou tédio,
por já nada os entreter
ao viver.


Sb., 20-26/5/2023.

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Osmose 130


Há tempos e textos que, por vezes, nos encantam. Não serei muito sujeito a fascínios excessivos e inexplicáveis, mas sei reconhecer e admirar a qualidade de um parágrafo, a concisão de um pensamento ou a nitidez de uma descrição, a forma justa, precisa e realista de narrar um acto. De alguma forma, é isto que sinaliza um bom romancista, um poeta, um artista profissional na sua obra. Ou um homem atento à vida, pelo menos.
A página 258 de Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos, fez-me parar na leitura para pensar melhor estas palavras assim ditas (ou escritas), do escritor brasileiro:

Não iríamos, por fraqueza, responsabilizar o capitão moreno de voz frágil: ele apenas descobrira as nossas tendências, empregara o meio conveniente para transformá-las em acção. Reside nisso talvez o domínio que certos indivíduos exercem sobre a turba; o seu prestígio vem da faculdade quase divinatória de conhecer aspirações e interesses escondidos, juntar grãos de pólvora derramados nos espíritos, chegar-lhes um fósforo em cima. Certo não nos mexeremos à toa: o mais longo discurso incendiário, profuso de razões, não ressoa cá dentro - e permaneceremos calmos, frios; meia dúzia de palavras curtas nos arrastam.

Eu creio que seria muito difícil conseguir dizer melhor. Este facto bem difícil de descrever: o poder encantatório das palavras ou o timbre contagiante de uma voz.

quarta-feira, 24 de maio de 2023

Tina Turner (1939-2023)


Em memória também da minha juventude.

Saber e filosofia



Cada homem sabe uma quantidade prodigiosa de coisas de que não se apercebe. Saber tudo aquilo que sabemos? Esta simples investigação esgotaria a filosofia.

Paul Valéry (1871-1945), in Mauvaises Pensées et Autres.

terça-feira, 23 de maio de 2023

Adagiário CCCLII



Céu amarelado, granizo formado.

(...e assim foi...)


segunda-feira, 22 de maio de 2023

Divagações 187



A igreja, às vezes depois de séculos de beatitude, elege os seus santos pelas suas virtudes e milagres. O comum da terra, as suas ou os seus divinos predilectos para adoração laica. Anda por aqui uma intrínseca necessidade de paixão abstracta, talvez necessária ao viver tranquilo.
Assim como a acamada Alexandrina de Balazar, Sarah Bernhardt (1844-1923) foi cega adoração do populacho, mas também de elites: Victor Hugo e Alfons Mucha, por exemplo. E Nadar fotografou-a muitas vezes, com desvelo e atenção profissional.
Os seus últimos sete anos de vida viveu-os a artista francesa com apenas uma perna, um único pulmão e um só rim. Ainda assim consta fidedignamente que se incorporaram 400.000 acompanhantes fervorosos no seu funeral majestoso.


sexta-feira, 19 de maio de 2023

Bibliofilia 205



É dificil avaliarmos hoje o que se vai perdendo pela ausência de correspondência escrita de artistas, para uma melhor e aprofundada compreensão da sua obra. A internet, com as suas virtualidades, se trouxe algumas ligeiras utilidades, rasurou em definitivo outras perspectivas importantes e talvez essenciais, nos últimos tempos. Este terceiro volume de correspondência da escritora neozelandesa Katherine Mansfield (1888-1923) para o seu marido John Middleton Murray (1889-1957), que editou a obra em 1951, exemplifica o que se ganhou com a impressão e existência física e intelectual deste oaristo publicado.



O livro (704 páginas) usado foi comprado, por mim, no inicio do século XXI por um preço acessível, e tenho-o vindo a ler intermitentemente, com interesse. Tem a curiosidade de, com grande probabilidade, ter sido uma oferta, pela dedicatória escrita afectuosa, entre um casal. Aqui fica a sua reprodução.



quinta-feira, 18 de maio de 2023

Mercearias Finas 189



Sou guloso, q. b., quanto a doces de colher. E, sobretudo, quando era novo, pelava-me por ovos moles de Aveiro. Muito embora, quanto àquelas barriquinhas de madeira pintada, sempre as considerei um grande logro para incautos. Pois continham apenas uma pequeníssima quantidade de ovos moles para o tamanho desproporcionado das ilusivas barriquinhas de madeira.
Os pasteleiros da nossa Veneza portuguesa é que a sabiam levar!...

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Citações CDLXIII

 


A exactidão é a cortesia dos reis.

Luís XVIII (1755-1824), in Souvenirs.

segunda-feira, 15 de maio de 2023

3 fragmentos de René Char, em versão portuguesa



225
 
A criança não vê o homem sob um dia seguro, mas sob um dia mais simplificado. É esse o segredo da sua inseguridade.

227

O homem é capaz de fazer aquilo que é incapaz de imaginar. A sua cabeça sulca a galáxia do absurdo.

Feuillets d'Hypnos (1946) 
...
IV

No cerne mais íntimo da tempestade, há sempre um pássaro para nos sossegar. É a ave desconhecida. Que canta pouco antes de levantar voo.

Les Matinaux (1950)

domingo, 14 de maio de 2023

Para um aniversário



Para o aniversário do blogue Memórias e Imagens, de Margarida Elias, com um brinde de futuro, com a ajuda de Magritte,  e com muitos parabéns, pela sua sempre renovada qualidade estética!

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Esquecidos (13)



Humanamente, não podemos lembrar toda a gente. Nem mesmo todos aqueles poetas de que gostamos. Porque a memória também tem os seus limites e fará, inconscientemente, as suas opções naturais. 

Por um tempo pequeno, tropeçamos
contra os restos do tempo. Acaso indícios.
Horizontais ao tempo. Por um tempo
de focinho mais baixo do que bichos.

Ora, eu tenho uma pequena dívida de gratidão para com o poeta José Augusto Seabra (1937-2004), mas não vale a pena contá-la em pormenor. Acresce que dois dos meus maiores amigos, que com ele privaram profissionalmente, ainda hoje o consideram o melhor ministro de Educação (1983-1985) com quem lhes foi dado trabalhar.
Aqui o lembro, portanto.


Novas de agricultura



Como as batatas, as cerejas sobem de maduras de Sul para Norte: do Fundão e Guardunha, até Resende. As batatas começam a amadurecer do Montijo e Torres Vedras, para vir a chegar, tempos depois, a Trás-os-Montes.



Posso testemunhar, pela prova de hoje, que as cerejas a Sul, já estão maduras e boas. E algumas qualidades de pêssegos, também. Nestes particulares, a Natureza não se atrasou este ano. Pelo contrário.

quarta-feira, 10 de maio de 2023

Schubert / Fray / Rouvier : Fantasia para piano a 4 mãos

Recomendado : noventa e sete



Não posso afirmar seguramente que George Orwell (1903-1950) seja um dos meus escritores ingleses preferidos, mas também é verdade que li com algum agrado e facilidade os 3 ou 4 livros de sua autoria que me passaram pelos olhos. Este Ensaios Escolhidos (Relógio D'Água, 2016), que o meu amigo H. N. me emprestou, em boa hora, terá bons e menos bons capítulos, mas também se lê muito bem. Ressuma sobretudo autenticidade e clareza da leitura na abordagem dos diversos temas tratados.
Depois, fala de algumas verdades simples ("Quando dizemos que um escritor está na moda, quase sempre estamos a dizer que é admirado pelas pessoas com menos de trinta anos.", pg. 44) ou expressa com sinceridade o seu gosto ainda que subjectivo ("O facto de nos ocorrer sequer colocar estas perguntas mostra a estatura de Gandhi. Podemos sentir, como é o meu caso, uma espécie de aversão estética por ele, ..."  pg. 409). De Orwell retive de memória, também, a fina ironia de apelidar  o poeta W. H. Auden (1907-1973) de "marxista de salão". 
Daí esta minha recomendação do livro.

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Uma fotografia, de vez em quando... (171)



Germano-americano, Horst P. Horst (1906-1999) foi um dos pioneiros da fotografia de moda, tendo colaborado a partir de finais dos anos 30 com a revista Vogue. Ainda na Alemanha, onde nasceu, estudou Arte, tendo estagiado depois em Paris com Le Corbusier, por volta de 1930.




Fixou-se em Nova Iorque a partir de 1937, tendo vindo a falecer em Palm Beach (Florida). Para além de fotografia de moda, retratou algumas celebridades em instantâneos originais. De destacar as fotos Dali, Marilyn e Andy Wahrol.



Da leitura (51)



Descontando do título, benevolamente até porque foi póstumo, o plágio do nome da obra de Camilo, Memórias do Cárcere, confirma a qualidade da escrita do romancista brasileiro Graciliano Ramos (1892-1953). Percebemos pela sua leitura a riqueza da realidade que absorve. O pormenor que não perde e perpetua. E se perceba, a quem atende com algum mínimo sentido crítico, a mediocridade do que se vai publicando, por entre aves de arribação, sacaduras e mãezinhas, dos coelhos brasucas, piercings e afonsos de hoje, uma outra fasquia de excelência, no passado recente da literatura de língua portuguesa... 

Citações CDLXII

 

Será possível falar honestamente de outra coisa a não ser de Deus e de nós mesmos?

E. M. Cioran (1911-1995), in Syllogismes de l'amertume (1952).

sexta-feira, 5 de maio de 2023

Antologia 16





De Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre (1900-1987), transcreva-se, a propósito de culinária brasileira: 

"Do traço importante de infiltração de cultura negra na economia e na vida doméstica do brasileiro nos resta acentuar: a culinária."
...
"No regime alimentar brasileiro, a contribuição africana afirmou-se principalmente pela introdução do azeite dendê e da pimenta malagueta, tão característicos da cozinha baiana; pela introdução do quiabo; pelo maior uso da banana; pela grande variedade na maneira de preparar a galinha e o peixe. Várias comidas portuguesas ou indígenas foram no Brasil modificadas pela condimentação ou pela técnica culinária do negro, alguns dos pratos mais característicamente brasileiros são de técnica africana: a forofa, o quibebe, o vatapá."
(pg. 431)
...
"Desses tabuleiros de pretas quituteiras, uns corriam as ruas, outros tinham  seu ponto fixo, à esquina de algum sobrado grande ou num pátio de igreja, debaixo de velhas gameleiras. Aí os tabuleiros repousavam sobre armações de pau escancaradas em X. A negra ao lado sentada num banquinho.
Por esses pátios ou esquinas, também pousaram outrora, gordas, místicas, as negras de fogareiro, preparando ali mesmo peixe frito, mugunzá, milho assado, pipoca, grude, manuê; e em S. Paulo, que nos fins do século XVIII se tornou a grande terra do café, as pretas de fogareiro deram para vender a bebida de sua cor a « dez réis a chícara acompanhada de fatias do infalível cuscuz de peixe, do pãozinho cozido, do amendoim, das pipocas, dos bolos de milho sovado ou de mandioca, ..."
(pg. 433).

quinta-feira, 4 de maio de 2023

O hacker de Singapura

 


Já me habituei que, de vez em quando, haja um andróide mecânico comandado por um hacker palerma e soez que estacione pelo modesto e inocente Arpose, para fazer não sei bem o quê. Desta vez é o Android 6 e vem de Singapura (?), desde 1 de Maio de 2023. As entradas diárias são às centenas, desvirtuando os contadores do blogue, que registam as visitas normais e autênticas.
Sob o cenário da fotografia acima (com data de Junho de 2022), de autoria de um tal A. R., utiliza, cobarde e invariavelmente, as seguintes (talvez falsas) referências:

Amazon Data Services
Amazon. com, Inc.
Amazon. com,, Singapore

Os IP é que são altamente variados e pouco se repetem, mas aqui deixo alguns como exemplos:

IP 18.136.167.151
IP 54.251.24.66
IP 3.0.308.143
IP 13.250.160.74

A ver vamos quando é que esta rémora me desampara a loja.

quarta-feira, 3 de maio de 2023

Quem muito fala, pouco acerta

 
Aquilo é que foi, ontem, entre os comentadeiros amestrados!... Sobretudo ali para as bandas da SIC e do Expresso. Mais despautério e desacerto, seria difícil haver. Hoje, grande parte dos macacos terão de meter a viola ao saco. Ou disparatar ainda mais.

terça-feira, 2 de maio de 2023

segunda-feira, 1 de maio de 2023

Lembrete 74


O romance de Hemingway, O Velho e o Mar (em português na versão de Jorge de Sena, de 1956), teve duas adaptações ao cinema. A última, de 1990, com interpretação de Anthony Quinn. Prefiro porém a primeira cinematização (1958), com um desempenho notável de Spencer Tracy, música de Dimitri Tiomkin e realização honesta de John Sturges. É esta versão que passa hoje na Fox Movies, às 17h49. A quem queira aproveitar, aqui fica o aviso... 





Dois em um, e para quem tiver o livro, sugiro o folhear e/ou reler a versão de Sena, da Livros do Brtasil, com bonitas ilustrações de Bernardo Marques, que também traduziu de forma primorosa, em 1954, The sun also Rises (Fiesta) de Ernest Hemingway.

Nota pessoal: na minha perspectiva, e para quem saiba ou consiga ir um pouco mais além, esta obra é uma exemplar metáfora sobre a vida humana... só comparável a um excerto genial do Macbeth de William Shakespeare.

Adagiário CCCLI



Em cada casa comem favas, e na nossa às caldeiradas*.

* não será bem o caso, mas em Maio costumamos sempre marcar presença.