domingo, 30 de maio de 2021

Recomendado : noventa e um - um branco alentejano de gabarito

 


Parece ser caprichosa, esta casta Viognier oriunda do vale do Ródano francês, e ainda pouco disseminada em Portugal. Mas a sua junção feliz com o Arinto nacional produziu um enlace bem sucedido e de muito boa qualidade, ali para as bandas de Reguengos de Monsaraz, no Monte dos Perdigões. É uma colheita seleccionada, a de 2020, nos seus 13,5º equilibrados e que, pelo seu sabor muito próprio, pode vir a acompanhar, dignamente, um rodovalho ou pregado. Ou até mesmo uma lagosta, neste Verão calmoso. O Aldi (passe a publicidade...) que o lançou a 5,99, rebaixou-o, recentemente em promoção, para 2,99 euros. Que é um preço de amigo e bem merecido. Há que prová-lo!


Gabriel Fauré (1845-1924) : Nocturno nº 4


Há pelas ruas um sacrossanto silêncio, inesperado. Agora, imagine-se nas praias a populaça. Amanhem-se os banhistas!... Estou de bem com este nocturno de Fauré, mais o seu jovem executante pianista, que acompanha a harmonia da tarde que, por aqui, começa.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Abertura da estação



Que eu tenha dado por isso, é a terceira gerência à frente deste conhecido restaurante da Trafaria. Os primeiros proprietários fizeram-lhe a fama, com razão e cozinha conceituada: eu gabava-lhes a Mousse de Chocolate, como sendo a melhor da zona sul, tirante a confeccionada por HMJ. Mas havia uns Rojões à Moda de Vinhais e, de vez em quando, uns Linguadinhos com Arroz de Tomate, de apetite. Aqui há uns anos, a gerência mudou e a Antiga Casa Marítima, da Trafaria, perdeu qualidade, em cozinha e serviço. Só lá fui duas vezes, e ficámos arrependidos. Ontem porém decidi arriscar, porque me pareceu ter havido mudança e gente nova a atender. Era um facto, a gerência era nova e a qualidade voltara ao restaurante!



Abrimos assim a estação da sardinha assada, ainda antes do mês dos santos populares, e elas já estavam saborosas, pagando-se a 11,50 euros a dose. Acompanhou, bem, um branco Grão-Vasco 2019, lotado com Encruzado, Bical e Malvasia Fina. Fresco, à beira-rio. Tranquilamente.


quinta-feira, 27 de maio de 2021

Paul Gauguin : leitura e pintura

 


Creio que poderia apostar que o meu primeiro contacto com Paul Gauguin (1848-1903) foi através da leitura e não dos seus quadros. Aí pelos meus catorze anos, o meu professor de Inglês (Dr. Fabião) desafiou-me a ler The Moon and Sixpence (Um gosto e seis vinténs, na Colecção Miniatura), romance em que Somerset Maugham (1874-1965) efabulava a vida do pintor francês sob a personagem fictícia, mas bem elaborada, de Charles Strickland.



Por essa altura, o meu gosto incidia sobre as obras de Van Gogh e de Fra Angelico, para considerar apenas os extremos... Mas o pequeno romance de Maugham abriu-me a curiosidade para a pintura singular de Gauguin. De que eu destacaria, preferencialmente, um quadro, de 1902, pouco conhecido, intitulado Rapariga com Leque, pertencente ao Museu Folkwang, de Essen.






quarta-feira, 26 de maio de 2021

Citações CDLVI



A solidão é o fundo  último da condição humana. O homem é o único ser que se sente só e que procura o outro.

Octavio Paz (1914-1988). 

terça-feira, 25 de maio de 2021

Curiosidades 86 : Rare uncovered audio & footage - Franz Liszt masterclass late 19th century



Muito antes da Beatlemania dos anos 70 do século XX, existiu a Lisztomania do século XIX, termo cunhado pelo poeta alemão Heinrich Heine (1797-1856), justificado pelo fascínio e sedução que o compositor húngaro exercia sobre os seus admiradores.Viana da Mota (1868-1948) terá sido um dos últimos alunos de Franz Liszt (1811-1886), facto que, frequentemente, o pianista português não se esquecia de lembrar. Mas esta filmagem, no vídeo acima, não certificada e retro, não deve incluir Viana da Mota, apesar da possibilidade temporal exequível. Repetitiva e medíocre, no entanto, quanto à qualidade, não deixa de ter alguma originalidade, rareza de testemunho, e sublinhar que Liszt era um sedutor, sobretudo para com as jovens e senhoras alunas que o frequentavam...

domingo, 23 de maio de 2021

Voltar a Drummond



Seco de carnes, rico de talento, de Drummond (1902-1987) falei há dias (Poesias, da brasileira em particular, 16/5/21)) a propósito da sua abrangência e facilidade para tratar temas quer dramáticos, quer lúdicos, literariamente. Dos primeiros, com mais incidência na sua obra poética, eu destacaria (Antologia Poética, 18, Poetas de Hoje, Portugália, 1965) os mais significativos, na minha opinião:
1. Sentimento do Mundo (pg. 25) - Tenho apenas duas mãos...
2. Caso do Vestido (pg. 81) - Nossa mãe, o que é aquele...
3. Morte do Leiteiro (pg. 131) - Há pouco leite no país,...
4. Desaparecimento de Luísa Porto (pg. 103) - Pede-se a quem souber...




No que diz respeito a humor, Carlos Drummond de Andrade guardou-o mais para a prosa e a crónica onde, muitas vezes, o lado lúdico, inocente, quase infantil, à boa maneira de Manuel Bandeira, irrompe irreverente. Leia-se esta pérola:

1. Excesso de Companhia

Os anjos cercavam Marilda, um de cada lado, porque Marilda ao nascer ganhou dois anjos da guarda.
Em vez de ajudar, atrapalhou. Um anjo queria levar Marilda a festas, o outro à natureza. Brigavam entre si, e a moça não sabia a qual deles obedecer. Queria agradar aos dois, e acabava se indispondo com ambos.
Tocou-os de casa. Ficou sozinha, sem apoio espiritual mas também sem confusão. Os dois vieram procurá-la, arrependidos, pedindo desculpas.
- Só aceito um de cada vez. Passa uns tempos comigo, depois mando embora, e o outro fica no lugar. Dois anjos ao mesmo tempo é demais.
Agora Marilda é o anjo da guarda dos seus anjos, um de cada vez.

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Anote-se, para que conste

A globalização até nos kit-Medina (oferta da Câmara M. de Lisboa), post-recobro da vacina para o Covid, se notava. Os saquinhos simpáticos para HMJ e para mim, só diferiam na fruta. Igual o pacotinho de bolachas de água e sal, da fábrica Vieira de Castro, de V. N. de Famalicão e a embalagem aerodinâmica de água colhida algures na U. E., relativamente anódina. Quanto à fruta, calhou-me mais uma vez uma maçã, mas oriunda da Polónia; HMJ recebeu uma pêra da África do Sul...

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Do que fui lendo por aí... 43

O livro é de leitura agradável, convidando à fluidez natural dos temas e à elegância da escrita. O autor, pertencente a uma dinastia que se foi perpetuando nas Necessidades, reuniu no volume textos vários já publicados em revistas e jornais (JL, sobretudo, Grande Reportagem, Semanário...), abordando assuntos literários, políticos, sociais. Escolhi umas linhas, da página 290/1, em que Marcello Duarte Mathias (1938) fala de enologia e Cascais, assim: "Das coisas que me divertem, logo que chego a Portugal, é ir ali a uma loja de vinhos em Cascais abastecer a minha mini-cave com meia dúzia de boas garrafas de tinto e branco, é sempre dinheiro bem gasto. Não sendo, todavia, grande enólogo, aconselho-me com um senhor simpático que trabalha no local e que já conhece os meus gostos e preferências. Lá me vai recomendando uns brancos secos, mas não muito, uns tintos leves e saborosos de cor fina até acertarmos naquilo que procuro. E ali me deixo ficar um bom pedaço naquela penumbra convidativa, a admirar o figurino e a elegância das garrafas, alinhadas nas prateleiras de madeira como livros ao longo duma estante, os rótulos e os pormenores que referem as regiões donde provêm..."

Percebi o porquê da minha preferência e selecção do texto do Embaixador, lembrando-me que em meados dos anos 70 também por lá andei (Cascais), e dessa (creio) loja trouxe uns Messias Garrafeira Particular, brancos, e uns Colares Chitas, tintos, que deixei amadurecer na minha garrafeira para proveito meu, da família e de bons amigos que me acompanharam à mesa, anos depois.

grato reconhecimento a H. N., que me proporcionou esta leitura amena.

Um CD por mês (25)


Victor e Marina A. Ledin, em 1997, referem num pequeno estudo sobre o compositor húngaro que: Franz Liszt (1811-1886) was an inveterate transcriber. Whether the melody was a simple folk song, a complex symphonic work, a lengthy chamber piece, an operatic aria, or a beautiful art-song, Liszt could not resist the urge to lovingly transform it into a piano work. Foi assim que, para além de um prolífico criador de obras originais, abordou glosando trabalhos de cerca de 100 outros compositores, entre eles Bach, Beethoven, Mozart, Donizetti... De Richard Wagner glosou Liszt algumas óperas, tais como Rienzi, Parsifal e Tannhäuser (registo, este, parcial no poste anterior).

Nos anos 90 do século passado, a etiqueta Naxos decidiu gravar a obra completa para piano de Franz Liszt, incluindo uma boa parte das transcrições elaboradas sobre a obra de outros compositores. Os CD têm como executantes pianistas da qualidade do magiar Jenö Jendó, por exemplo. Alguns desta série adquiri-os no Megastore Saturn, de Colónia (Alemanha). Parte deles, ao preço de 9,99 marcos alemães, o equivalente, na altura, a Esc. 1.000$00. O que, tendo em vista a qualidade, era um preço mais que justo.

terça-feira, 18 de maio de 2021

O mercado e os merceeiros

 


É este o nível das bancas...

domingo, 16 de maio de 2021

Poesias, da brasileira em particular

Para além da nacional, naturalmente, as líricas que frequentei mais terão sido, por esta ordem: espanhola, brasileira e a de língua inglesa (britânica e norte-americana). Em vanguardas, a que foi mais ousada, embora com falta de sentido crítico, muitas vezes, terá sido a brasileira, nas suas expressões muito diversas e de exibicionismo barroco, ultra-exagerado. Mas a mais próxima de nós, na minha opinião e seguramente, sempre foi a poesia espanhola. Quase se sente ser da mesma família...



Sou levado por vezes a classificar, no meu íntimo, alguns poetas de merecimento, brasileiros, em duas distintas categorias: dramáticos e lúdicos. No primeiro patamar, eu incluiria Jorge de Lima e Cecília Meireles; no segundo, arrumaria Manuel Bandeira e Manoel de Barros. Híbrido no tratamento de temas, e ainda de grande qualidade, Carlos Drummond de Andrade.



De tempos a tempos, costumo comprar antologias de poetas, para me actualizar, naquilo que se vai fazendo aí por fora. Recentemente, na Livraria da Travessa, comprei uma 3ª edição (a primeira é de 1976) de 26 Poetas Hoje (2021), organizada por Heloisa Buarque de Hollanda (1939). A colheita foi magra nas preferências, mas aqui deixo 3 poemas que marquei, favoritos. De:


1. Charles (Carlos Ronald de Carvalho, 1948)

sem título

nunca viajei de avião
mas muitas vezes estive no ar

Um desinteresse marcante
uma marcação latente
uma dor de dente
uma paixão fulminante


2. Antonio Carlos Secchin (1952)

Visita

O verso era um abraço salgado
que os peixes telegrafaram.
Era um cisne louco
bicando o amor.
Era o secreto frio
trancado na boca.
Era o tempo roendo os móveis,
os olhos, a conta do gás.


3. Luis Olavo Fortes (1952)

Meu amor de soslaio

Faz tanto calor no Rio de Janeiro
que é bom sentir essa neve
partir de seu olhar.

sábado, 15 de maio de 2021

Divagações 169


A acumulação imprevista de jornais de referência, policiais diversos de terceira e quarta ordem, alguns livros de qualidade para ler, duas revistas temáticas e mais alguns bisegres fazem-me sentir como se fosse um novo-rico da cultura. Não sou, apenas coincidiram factos felizes num celeiro recheado...


P.S.: por razões que seria ocioso explicar, mas que se devem a operações caprichosas do Google, este poste antigo, veio a ser repetido aqui. Marcanices tecnológicas parvas do big brother...

sexta-feira, 14 de maio de 2021

Filatelia CXLIII



A meio termo entre livro de arte, este número particulamente, e classificador enriquecido e temático, estes volumes dos CTT reuniam com gosto estético e textos de qualidade, séries emitidas anteriormente, com assuntos definidos, tratados por especialistas na matéria. Não creio que tivessem muita procura, porque até na Alemanha, nos Flohmärkte, encontrei à venda alguns e até comprei dois em bom estado. Usados, creio que se podem adquirir, hoje em dia, por entre 20 e 40 euros. 




O livro (Outubro de 1990) contendo, em blocos filatélicos, 18 selos dedicados à pintura portuguesa do século XX (Pomar, Dacosta, Nadir, Guimarães, Vespeira...) é acompanhado por um sucinto mas elucidativo estudo de José-Augusto França (1922) sobre o tema proposto. A obra teve uma tiragem de 15.000 exemplares, numerados.

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Lembrete 82

 


Ia deixando passar a saída da Electra da Primavera de 2021... mas dei por ela hoje, e comprei-a, na Livraria da Travessa. O dossiê principal é sobre a Curiosidade. Que pode bem ser uma temática fascinante.



quarta-feira, 12 de maio de 2021

terça-feira, 11 de maio de 2021

Memória 138

 


É uma fotografia icónica que reúne os fundadores da importante revista Seara Nova. Lá estão Raul Proença, Aquilino Ribeiro, Jaime Cortesão, Raul Brandão, entre outros. Passa este ano o centenário do seu número inicial, posto à venda a 15 de Outubro de 1921. O meu primeiro exemplar comprado é de 1964 (nº 1430). Pedrada no charco, em tempos de ditadura, a revista abordava, subtilmente, temas políticos, literários e cultura, de uma forma geral. E teve sempre um conjunto notável de colaboradores.



segunda-feira, 10 de maio de 2021

Pinacoteca Pessoal 174

 


Tentado inicialmente pelo impressionismo e pelo expressionismo, o pintor belga Paul Delvaux (1897-1994) viria a integrar mais tarde, em definitivo, a escola do surrealismo, também partilhada pelo seu compatriota coevo René Magritte, que integrava, de algum modo, um certo tipo de humor, nas suas obras. Delvaux introduz algumas notas de subtil dramatismo, mas também mistério que me fazem lembrar alguns quadros de Giorgio Chirico.



Uma visita a Itália, em 1939, deixou marcas na sua estética e também em cenários arquitectónicos que, por vezes, surpreendemos nas suas telas. Concluímos a reprodução de pinturas de Delvaux com As fases da Lua (1942) e A Retirada (1973). Afectado por problemas de visão, o artista deixou de pintar em 1986.




domingo, 9 de maio de 2021

Citações CDLXV

 


O homem é o único animal que ri e que chora; pois é o único ser vivo que é confrontado com a diferença entre aquilo que são as coisas, e aquilo que elas deveriam ser.

William Hazlitt (1778-1830), in On Wit and Humour (1818).

Mercearias Finas 169

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Da leitura 43

 


De há uns tempos a esta parte, em relação a leituras de livros policiais, como tenho muitos e para não me perder, no final de os ler, na primeira página em branco escrevo, a lápis, a data em que terminei a sua leitura. Acabei hoje, entretanto, o II tomo de Bloc-notes (dos 5 que adquiri, em boa hora, através da Livraria Lumière, do Porto), de François Mauriac (1885-1970), volume que tinha principiado a ler a 19/3/21, conforme apontamento. Foram 49 dias (fiz também pequenas leituras paralelas) para 546 páginas (índice onomástico incluído), o que me pareceu um bom ritmo. E que se deve também à qualidade da escrita do romancista francês, que aborda sobretudo assuntos políticos (De Gaulle e a guerra da Argélia, principalmente), literários, pessoais e culturais. Irei iniciar, em breve, o tomo III (imagem de capa, acima). Antes de o fazer, vou transcrever uma passagem, muito singular (e desta vez vai no original...), da página 463, em que Mauriac divaga sobre a idade. Assim:

"La vieillesse? La cinquantaine, que vous avez atteinte, marque le moment où on l'aborde, il est vrai, et où peut-être on en souffre le plus. Voici le temps de ne plus être aimé et d'aimer encore. A partir de là, il faudra beaucoup marcher avant de pénétrer dans la région glacée où il n'y a plus rien à attendre de personne, plus rien même à donner. Quel désert! Oui, un désert, si pressé que nous soyons d'amis et de parents. Qui est aimé à cette age, ce qui s'appelle aimé? Et pourtant ce qui ne meurt pas, quand on en a été possedé au sortir de l'enfance, c'est précisément ce qui embrase cette admirable préface de Sartre: une tendresse avide, une tendresse irritée mais toujours jeune et vivante, et qui a échappé au temps, et qui (je le crois de tout mon esprit et de tout mon coeur) lui survivra."

Mikhail Glinka (1804-1857)

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Luis Rosales (Granada, 1910-1992)



Lo que no se recuerda


Para voltarmos a ser felizes, era

apenas necessário o puro acerto

de lembrar... Procurávamos

no coração essa nossa memória.

Talvez não tenha história a alegria.

Olhando-nos bem dentro

calávamos os dois. Teus olhos eram

como um rebanho quieto

que acalma o seu temor à sombra

dum álamo... O silêncio pode

mais que o esforço. Entardecia

para sempre no céu.

Não podemos voltar a recordá-lo.

A brisa era no mar cego menino.



Luis Rosales (Granada, 1910-1992) in Rimas.

quarta-feira, 5 de maio de 2021

Uma fotografia, de vez em quando...(147)



Apesar do seu ar circunspecto e alheado, o fotógrafo alemão Friedrich Seidenstücker (1882-1966) era um homem com grande capacidade de observação e com um enorme sentido de humor. Gostava de apanhar os seus modelos desprevenidos e foi um cronista admirável do quotidiano de Berlim, sobretudo nos anos 20 e 30 do século passado. Estes apanhados de gente e animais a dormir ilustram bem a originalidade da sua obra. 





segunda-feira, 3 de maio de 2021

Humor Negro 16

François Miterrand (1916-1996) era um grande apreciador de pequenas histórias (para além da História), de ironias subtis, de casos insólitos, que se divertia a contar aos amigos e próximos. É dele, contado a Franz-Olivier  Giesbert (Le Vieil Homme et la Mort,* Gallimard, 1996, pg. 128), o seguinte episódio relacionando o romancista católico François Mauriac com o recém-falecido, também escritor, André Gide.



Ora, segundo Miterrand, logo após a morte de Gide, Mauriac teria recebido um telegrama com os seguintes dizeres, que passo a traduzir: "Não há inferno. Podes estar descansado. Avisa o Claudel. (Assinado: André Gide.)"

* obrigado, H. N.

domingo, 2 de maio de 2021

sábado, 1 de maio de 2021

Bibliofilia 187



Não sendo embora do meu grupo de poetas mais próximos, ou mais familiares, sempre me intrigou que Jorge de Sena não tivesse incluído nas suas Líricas Portuguesas - 3ª série (Portugália Editora, 1958), o nome e uma selecção de poemas de Natália Correia (1923-1993), escritora já suficientemente conhecida e publicada, por essa altura. E que viria a editar quase duas dezenas de livros de poesia, até à sua morte.



No próprio ano da publicação (1966) foi-me oferecido um exemplar de O Vinho e a Lira, numa edição bonita de Fernando Ribeiro de Mello. O livro foi, pouco depois, apreendido pela Censura, pelo que não é muito frequente aparecer à venda. A Livraria Manuel Ferreira (Porto) vendeu um por 75 euros e a Castro e Silva (Lisboa) tinha outro à venda, por 80 euros. Como não mais foi reeditado, aproveito para lembrar que O Vinho e a Lira, no próximo dia 7/5/2021, sexta-feira, será republicado pelo jornal Público, e acompanha o diário ao preço de 6,90 euros. Será uma boa oportunidade para o adquirir...

Adagiário CCCXXII

 


 O rocim em Maio, se faz cavalo.