O que despoletou o presente texto foi a afirmação, nada
científica, de uma “excelente senhora” da nossa praça, licenciada em
Sociologia. A propósito das praxes universitárias, a socióloga Rita Ribeiro
conclui que “isto é uma brincadeira de gente crescida”.
Reacenderam-se, na minha memória, todas as luzinhas de
aviso, reavivando situações, no meio escolar, em que episódios de agressão e
violência físicas eram perfeitamente toleradas sob a designação, incorrecta e
abusiva, de “brincadeiras”. Resolviam-se, desta forma iníqua, desvios de
comportamento, quiçá pela ausência mútua de formação cívica, a contento das
duas partes, “assobiando”, alunos e professores “para o lado”!
Contudo, sempre considerei inadmissível a inanidade e a
tolerância perante esse “gérmen” da violência, provocando-me a repulsa uma
reacção espontânea de intervenção, tanto na escola como em espaço público mais
alargado. Pouco me importa, nesse contexto, a atribuição do epíteto de
“intransigente”, porque não confundo palavras, de étimos e significados tão
diferentes, como “violência”, “agressão” e “brincadeira”.
Considero, portanto, que o inequívoco respeito cívico pela
dignidade humana é uma conquista civilizacional e o mais poderoso garante de
uma sã convivência num mundo de paz. Por conseguinte, repugna-me,
profundamente, que instituições de formação, básicas ou superiores, revelem um
tão fraco sentido de um dos “últimos fins do homem”, a saber, o respeito pela
dignidade humana.
Aliás, nesse fraco entendimento, reencontram-se velhos
fantasmas de ditaduras com a actual cruzada do mundo financeiro contra a
Humanidade. Com efeito, e a bem da paz, “é a hora” de não confundir o lúdico
com cenas de violência, abjectas e reaccionárias, moralmente condenáveis e,
até, esteticamente repugnantes.
Post de HMJ