sábado, 3 de agosto de 2024

Notas de um quotidiano decadente 3: Quando o ruído é promovido a música, ”engano de alma ledo e cego”

 

Parece que o presente manifesto é uma continuação do desabafo anterior sobre as agruras de viver próximo de um quotidiano desregrado, incivilizado e sem respeito pelas regras de respeito do cidadão, tanto no subúrbio como no centro da capital.

De facto, é e não é uma sequência. Já explico.

Portanto, para além dos grunhidos dos jogadores, o bater sistemático das bolas no gradeamento, os utilizadores costumam trazer uns aparelhos, os tais que se vendem a tostões, para emitir uns ruídos. Não sei se nesta categoria de arruídos se enquadra o chamado RAP, possivelmente pela monotonia da lenga-lenga sem fim.

Ora, para quem tenha tido, tanto no ensino básico como no secundário uma sólida formação musical, sucede que tem uma enorme dificuldade de compreender esta promoção indevida de arruídos, monótonos e repetidos, a alguma regra básica de composição músical.

Infelizmente, esta indigência não nos consome apenas no tal mal-fadado “campo de jogos”, sofremos o mesmo, numa zona aparentemente nobre, o Chiado. Para quem passa por lá, depois do almoço, terá um quadro de indigência ruidosa idêntica. E, também, sem NENHUMA fiscalização das autoridades, aparentemente “focadas” no bem-estar dos residentes.

Lamento, mas não entendo, quem encontra em semelhante degradação um resquício, sequer, de música.

No momento em que escrevo, o energúmeno desandou, felizmente, levando o seu bisegre de ruído, permitindo que pudéssemos abrir as janelas e deixar o ar puro e o sossego entrar pela noite.

PS. A imagem é apenas uma das possíveis orientações musicais básicas do ensino oficial em Alemão.. Não me lembro de ter visto um chamado Manual para o Ensino da Música no ensino oficial do país.

Post de HMJ

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