Numa sequência do Apontamento
anterior sobre a construção do muro, em 1961, que isolou o “sector soviético = antiga
RDA” do resto da Alemanha, durante décadas do restante território conhecido
pela RFA.
Verificou-se uma circunstância
relevante para o esclarecimento da época do domínio da SED, na antiga RDA, com
uma entrevista, publicada recentemente pelo jornal DIE ZEIT, ao compositor, músico e
cidadão de intervenção, Wolf Biermann
Wolf Biermann nasceu, em 1936, em
Hamburgo, filho de judeu (morto em Auschwitz) e comunista, segundo consta da
seguinte página de biografia: https://www.wolf-biermann.de/
O músico mudou para a RDA, em
1953, tendo sido proibido pelo regime de então de actuar no ano de 1965. Após
uma actuação em Colónia, em 1976, tiraram-lhe a cidadania, passando a viver,
entre outros, em Hamburgo, na Alemanha.
Wolf Biermann, profundo
conhecedor da realidade do antigo sector soviético da Alemanha, forneceu umas
breves máximas sobre a actual realidade política, cultural e social dos Estados
da antiga RDA, a saber, a Turíngia, o Saxe e o Brandemburgo, com eleições
previstas para o Outono.
Assim, Wolf Biermann considera,
portanto, que muitos cidadãos da antiga RDA têm um problema com a Democracia.
Segundo ele, os “cobardes passaram a rebeldes a viver numa democracia sem riscos.
Lamentam-se das comodidades perdidas como colaboracionistas da SED e os inerentes desafios da DEMOCRACIA que lhes
estão completamente estranhos.”
Como cereja em cima do Bolo, Wolf
Bierman consegue uma máxima que considero uma caracterização ímpar e de elevado
sentido democrático: “o casal político do momento é Wagenknecht und Höcke”.
A saber, Sara Wagenknecht, do
movimento com o seu nome BSW, antiga deputada do partido DIE Linke, “herdeira
do Estalinismo do Comunismo Nacional, e Höcke, herdeiro do Nacionalsocialismo
de Hitler”. Obviamente, não seria capaz de fazer uma síntese tão breve e esclarecedora.
São anos de vivência e capacidade de observação e síntese.
Relativamente aos Estados da
Alemanha, com eleições próximas: Turíngia, Saxónia e Brandemburgo, a que o
cidadão Biermann se refere, apenas acrescento que são território de uma cultura
antiga: Jena, Weimar, Leipzig, Dresden ….
O que haveria de responder a uma
pergunta, oportuna, de uma pessoa de estima, questionado sobre o descalabro
reaccionário de zonas tidas por berços de cultura ?.
Wolf Biermann responde: “o ódio e
os ataques soezes serão transmitidos até à segunda ou terceira geração, em famílias
com uma árvore genealógica totalitária e um enxerto democrático recente”.
Palavras de sabedoria que terminamos
com uma canção de Wolf Biermann.
Pot de HMJ
Exatamente! Não é fácil as pessoas terem vivido sob uma ditadura e passarem a viver em Liberdade de um dia para o outro. Fica-lhes sempre aquela saudade (não percebo como, mas é verdade) por um chefe autoritário, seja no trabalho seja na política. Com um autoritário não piam, não reivindicam: o respeitinho é muito bonito.
ResponderEliminarPara mudar mentalidades é preciso mais do que uma geração.
O que me espanta é o que se passa em países com grandes tradições democráticas e liberais.
Bom dia!
De HMJ para MR
EliminarPena é que a Educação (entidades e agentes) não se concentrem no essencial, a saber, promover o pensamento autónomo e crítico, ao serviço do bem comum, em vez de apostar em temas de pura publicidade do momento. Já o Senhor Sonae pretendia dizer aos professores como deviam ensinar, i.e., fornercer-lhe empregados submissos.