É frequente os historiadores e pintores darem dos reis e retratados imagens que os favoreçam ou, ao menos, lhes diminuam as imperfeições físicas. Há dias, em leitura da obra Algumas notas para a história da alimentação em Portugal (2008), de José Pedro de Lima-Reis (1942), dei por um retrato desapiedado e realista de D. Sebastião (1554-1578), ao contrário do que é habitual, que eu faço aqui acompanhar também de um quadro de Alonso Sanches Coelho (1531-1588) que, em 1562, pintou o rei ainda jovem. Coincidem, creio.
Segue, da página 127, um extracto da obra referida acima:
"Não por culpa da diabetes paterna (D. João de Portugal), mas talvez pela consanguinidade dos progenitores terá D. Sebastião nascido com alguns desarranjos morfológicos que os mestres pintores da época não representaram para não cair em desgraça. (...) Entre eles o rei teria o lábio superior grosso, o braço, a perna e o pé direitos de dimensões superiores aos seus homólogos do lado esquerdo - o que o obrigava a coxear - pés pequenos, cavos, com os dedos iguais - mais um supranumerário no mínimo do pé direito - pernas arqueadas e, como se não bastasse, o tronco tão curto «que o seu gibão não pode servir a outra pessoa mesmo que da sua estatura.»"
Coitado! Nada disso o terá ajudado em Alcácer-Quibir. Bom dia!
ResponderEliminarA guerra talvez tenha sido um desforço para tentar ultrapassar as deficiêcias físicas...
EliminarBoa tarde.
Acho graça à expressão «desarranjos morfológicos», mas escrever isto em 2008...
ResponderEliminarBom domingo!
Eis o que se poderia chamar um eufemismo caridoso..:-)
EliminarBoa tarde!
Curioso...
ResponderEliminarUm bom domingo:))
Sem dúvida.
EliminarResto bom de Domingo!
Quer dizer que foi deste menino, com desarranjos morfológicos, que estivemos à espera durante séculos para nos salvar?
ResponderEliminarAi Portugal, Portugal...
Boa noite.
Assim parece ter sido...
EliminarBom dia.