A BNP fez bem, pela mão de
João Alves Dias, evocar J.V. de Pina Martins no dia do seu centenário de
nascimento.
Associando-me à evocação
significa lembrar-me do Professor que, para além de literatura, transmitia esse
universo ilimitado do livro, reunido também na sua Biblioteca de Estudos
Humanístico e reproduzido acima.
Os ensinamentos recebidos
durante um ano como discípula de J.V. de Pina Martins, de que falei aqui no
Arpose a 30.4.2010, perduram ainda hoje, tanto nas releituras de obras que
mencionava, como na dedicação ao seu objecto de eleição suprema, o livro.
Regresso, com proveito, ao “seu”
Giovanni Pico della Mirandola (1463-1496) no Discurso sobre a Dignidade do Homem, e às palavras de J.P. de Pina
Martins, no prefácio, relembrando-nos a Filosofia que se dedica à “valorização
do homem na sua condição terrestre”.
Recentemente, porventura por
estranha influência dos astros, retomei a leitura de um outro de seus autores
citados nas longas conversas sobre literatura. Com efeito, de Petrarca (1304-1374)
releio, de momento, De sui ipsius et
multorum ignorantia. O livro constitui a invectiva contra pretensos amigos,
que o acusaram de ignorância, invejosos, sobretudo, do renome e saber de Francesco
Petrarca. Assumindo a sua própria ignorância nesta epístola, colocando a
designação de “obra” entre aspas, as reflexões não podiam ser mais actuais.
Rodeado de um mundo medíocre, ignorante e invejoso, Petrarca deseja apenas a “paz”
e lamenta-se da “guerra” que os homens, indevidamente, lhe provocam.
Uma edição fac-similada,
prefaciada por J.V. de Pina Martins, sobre o poeta Dante Allighieri, permite
recordar também, para finalizar, as iniciativas de «O Mundo do Livro» dedicadas ao
Livro Antigo.
Post de HMJ