quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A evitar, absolutamente (1) : "A louca da casa" de Rosa Montero


Há muito que não lia um livro tão atabalhoado. Na sua precipitação discursiva, inconsequente, parece ter sido escrito pela Vicky Pollard (da série cómica inglesa "Little Britain"). Mas não foi: escreveu-o Rosa Montero (Madrid, 1951), traduziu-o Helena Pitta, publicou-o Edições Asa; e tem por título "A louca da casa", pecaminosamente retirado de palavras de Santa Teresa de Jesus.
Desde a abordagem de nomes grandes da literatura (Rimbaud, Tolstoi, Verlaine...) num registo, tão leviano e pobre, que faria corar de vergonha as "Selecções do Reader's Digest", até à narração repetida, por 3 vezes, e em tom de farsa do affair com o actor americano M. (pg. 22, pg. 82 e pg. 149), mas de maneiras distintas, substantivas e absurdas, porém sempre no ano de 1974, passado numa alta torre de Madrid...o livro é, todo ele, um chorrilho inconsistente e pleno de vacuidade. Com um aparente ritmo vertiginoso, para disfarçar, imensas citações de nomes conhecidos,  assim se foram enchendo 171 páginas de palavras, sem sentido.
Originalmente editado, pela jornalista madrilena Rosa Montero, em 2003, foi traduzido em português, pela Asa, em 2004. E, ao que parece, terá sido um sucesso de vendas, porque já vai na 3ª edição (Abril de 2008), que foi a que li. Como se anda a ler mal, em Portugal!... Só posso concluir: livro a evitar, absolutamente, por um mínimo de sentido crítico e em nome da qualidade e sanidade literárias.

6 comentários:

  1. Dela só li umas pequenas biografias de mulheres que ela escreveu em El País, no tempo em que eu comprava esse jornal ao sábado e ao domingo.

    ResponderEliminar
  2. Talvez eu esteja a ser exigente demais e não tenho nada contra a dita Senhora, para mais o livro foi-me oferecido pelo A. de A. M., mas acho que excede a minha paciência. Para cúmulo de tudo, tem um registo extremamente híbrido: é super(-light, no estilo) e, depois, cita "eruditamente" e, em grande abundância, mais de 100 nomes de escritores, artistas...numa piscadela de olho, a alardear cultura. Como dizia o Fernando Assis Pacheco: "...não posso com tanta ironia..." Mas acho que toda a gente enguliu, porque depois de fazer o poste ainda foi ver algumas considerações de blogues no Google (Portugal e Brasil) e todos batiam palmas entusiásticas...

    ResponderEliminar
  3. Errata:
    onde se escreveu "enguliu", deveria ter-se escrito: engoliu.

    ResponderEliminar
  4. Trabalhei durante alguns anos com um familiar próximo da autora, cuja obra não conheço. Tenho o livro há uns anos, mas ainda não li. Desconfio que tão cedo não vou lê-lo... :-)

    ResponderEliminar
  5. Bem, fico com pouca vontade de o ler...
    Mas talvez compre o último, ou outro, quando for ao Encontro de Escritores. Depende: se gostar de ouvir a escritora a falar, compro, mas se não gostar, já não compro mais nada.

    Já percebi que o APS, não arrisca mais nenhuma leitura...

    Uma boa noite:)

    ResponderEliminar
  6. Arriscar, realmente, não arrisco mais, este chegou, para ficar saturado..:-)
    Bom dia!

    ResponderEliminar