sábado, 6 de agosto de 2011

Ainda Cocteau: um breve prefácio


"Existem poemas em que o poeta tenta a sua sorte; outros onde o poeta a prolonga. Raros são os poemas de sorte. Eles correm da mão como o ectoplasma da boca de um medium. O poeta, adormecido de um olho, vai controlando a descida.
Assim nascem as mandrágoras: estátuas das profundezas. Reunir este tipo de poemas, por vezes rebarbativos, cortá-los, consolidá-los, obriga a uma tarefa ingrata; porque o público gosta de reconhecer, o conhecimento fatiga-o e raramente ele aprova o que o poema traz de novo."

Nota: este pequeno prefácio de Jean Cocteau, antecede uma escolha de poemas feita por Henri Parisot e Pierre Seghers, que integra o volume 4 da colecção "Poètes d'aujourd'hui", dedicada ao artista francês.

2 comentários:

  1. Não é fácil conviver-se com a novidade, não só na poesia. E Cocteau viu bem o "problema": não é reconhecível.

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  2. É realmente uma situação recorrente, MR. Esperar pelos mesmos registos, e não pela evolução ou mudança.

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