Devo-o ao meu pai, porque, como escrevi em Depois de Babel, ele soube adivinhar que uma língua que se aprende é uma nova liberdade, uma língua nova, um cosmos e um mundo por si só, enfim, uma probabilidade de sobrevivência inestimável. (pg. 26)
Se não soubermos quem era Hipnos, se não tivermos a decência de pegar num bom dicionário de mitologia para o descobrirmos, nada nos será acessível de René Char, do seu papel, da sua luta pela vida e pela liberdade. (pg. 119)
A arte abstracta, a de Paul Klee, de Kandinsky, ilustra a queda da matéria no silêncio com o qual tem laços indissolúveis. Em terceiro lugar, diria que a temática do ruído, na cultura e na educação modernas me apaixona. A intrusão do ruído, a impossibilidade de encontrarmos espaços consagrados ao silêncio, tanto na nossa existência privada, como na vida pública ou na educação reservada às crianças, parece-me ser a poluição mais grave com que a cultura moderna se confronta. (pg. 138/9)
O universalismo não é portador de qualquer valor de tolerância ou de acolhimento. Traz consigo o seu próprio dogma. O supermercado não quer produtos locais, enlata uma cultura capitalista de exportação que o mundo inteiro terá de sofrer. (pg. 177)
George Steiner (1929-2020), in Quatro Entrevistas... (VS Editor, 2020).
Estou a ler o vol. 3 das Entrevistas da Paris Review e, uma delas é a Steiner (p. 93 a 163). Tem um discernimento e uma filosofia de vida muito particulares. Assim como uma grande cultura.
ResponderEliminarBom domingo de Páscoa!
Era um dos meus "mestres", bem como E. M. Cioran. Este último, muitas vezes, por antinomia, e que, cada um à sua maneira, me fizeram crescer. São sempre leituras muito proveitosas e irradiantes para o nosso enriquecimento interior.
EliminarAgradeço os seus votos. E retribuo, com estima.
Interessante. Gostei sobretudo da parte sobre Kandinsky, Klee, o silêncio e o ruído. Associo a pintura deles à música e não ao silêncio, o que me deixou intrigada. Boa tarde!
ResponderEliminarTambém tive alguma dificuldade em compreender a associação, no texto, com Kandinsky e mais ainda com a pintura de Klee.
EliminarBoa noite.