Uma boa parte dos escritores corrige e reescreve as suas obras. E, com os poetas, acontece o mesmo. Já Sá de Miranda o tinha dito: "...qu'emendo muito e qu'emendando dano,/.../ eu risco e risco (...)/ Ando c'os meus papéis em diferenças;..."
W. H. Auden não foi excepção, e desesperava os editores porque, muitas vezes, à última hora, queria rectificar alguns poemas ou, até, eliminá-los do conjunto que entregara para publicação. Um excerto do seu prefácio, de que farei uma tradução livre, ajuda a perceber o seu ponto de vista. Esta introdução de Auden faz parte dos Collected Poems, editados pela Faber and Faber, em 1976, e que tem, na capa, um retrato do Poeta feito David Hockney. Diz Auden:
"...Aos olhos de cada autor, eu imagino, que a sua obra passada é dividida em quatro categorias. Primeira, o puro lixo que ele se arrepende de ter escrito; segunda - para ele a mais dolorosa - as boas ideias que a sua incompetência ou impaciência não permitiram que fosse muito longe; terceira, os poemas em que, não havendo nada contra, não têm grande importância; estes são os mais numerosos, enquanto a quarta categoria, excessivamente pequena, as realizações de que se sente satisfeito. ..."
Sem comentários:
Enviar um comentário