quarta-feira, 4 de julho de 2012

As primaveras que morreram de frio


É da História: as revoluções, com o passar do tempo, vão-se atrofiando, perdendo velocidade até tudo ficar, quase, como antes - não é preciso citar Lampedusa.
Mas se quisermos, neste Verão de 2012, saber o que ficou das primaveras árabes, pelos media, dificilmente o conseguiremos saber, porque o espectáculo deixou de ter interesse. E, talvez, já não venda. Acesa, apenas a Síria, porque lá ainda se morre, numerosamente. E a morte vende sempre.
Do Egipto, a Irmandade Muçulmana ganhou as eleições, mas os generais aperrearam a legislação e continuam a dominar. Da Líbia, vem um pesado silêncio. E da primeira das primaveras árabes, da Tunísia, vale a pena traduzir algumas palavras de um artigo do último "L'Obs": "...Mas os políticos confiscaram os seus sonhos: nada mudou, senão o custo de vida que duplicou. «Para fazer uma salada de tomates, tenho que pedir um empréstimo», diz ele. E depois: «Detesto esta revolução.» E ainda: «No fim de contas, vivia-se melhor no tempo de Ben Ali.»" 

2 comentários:

  1. É, mas também o que quase sempre acontece. Não sendo o mesmo, é de lembrar que a presente legislação laboral está pior do que no tempo de Caetano. No fundo, é a tal interrupção da democracia de que falava a Ferreira Leite...

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