Era um vinho silvestre, o que bebi. Branco, sem pretensões puristas ou aristocráticas, mas como manda a plebe de além Tejo, ou melhor, das terras do Sado. Fernão Pires, com certeza, mais um poucochinho de Antão Vaz, para lhe dar equilíbrio e consistência honrada e nobre, mas chegava, quanto a castas consagradas e nomes que se possam confundir com pessoas da terra chã. Devia estar lotado com uvas mais ruanas, no seu todo.
Mas isso bastou para me lembrar sobremesas de antanho: o creme (que no Sul chamam: leite-creme), rolo (torta enrolada de..., como se diz, por aqui) - que os minhotos são pessoas dirigidas ao essencial, simples mas manhosos, na sua dura e pura ancestralidade castigada, onde pesa a chuva prolongada e o granito de poucas cores. Nada róseas, mas eu não me posso queixar, inteiramente...
Na sobremesa, fui no toucinho do céu, que também é vimaranense. Há quem diga, até, que de origem. Eu, que não sou pretensioso, não chegaria a tanto. Mas parece que me abençoaram de longe, porque não me arrependi: estava delicioso e à melhor maneira de finalizar o entrecosto grelhado competente, que me serviram ao almoço, neste restaurante, à beira da estrada que leva a lugares sem história registada.
A mim que sou beirão, de nascença, com sangue de pais minhotos genuínos.
Em jeito de bónus final, e porque à gastronomia diz respeito, duas palavras recolhidas de Diário de Paris/ 2001-2003, de M. D. Mathias, que continuo a ler:
Faceira - focinho do porco.
Alheita - cabeça do peixe.
Ao que o livro refere, particularmente saborosos.
A mim que sou beirão, de nascença, com sangue de pais minhotos genuínos.
Em jeito de bónus final, e porque à gastronomia diz respeito, duas palavras recolhidas de Diário de Paris/ 2001-2003, de M. D. Mathias, que continuo a ler:
Faceira - focinho do porco.
Alheita - cabeça do peixe.
Ao que o livro refere, particularmente saborosos.