quinta-feira, 5 de maio de 2016

Divagações 111


Para o bem ou para o mal, a Europa constituiu-se cânone cultural do mundo durante vários séculos. Alguns poemas épicos indianos conseguiram penetrar o muro, alguma da poesia chinesa e japonesa foram aceites, embora tardiamente. A arte azteca ou a escultura africana foram, apesar de tudo, olhadas quase sempre como manifestações exóticas, a que valia a pena conceder alguma atenção, para evitar um etnocentrismo excessivo. Mas se considerarmos a música, teremos de concluir que a ortodoxia foi quase total. Que ainda hoje predomina no cânone clássico europeu. Até a aceitação da ópera chinesa foi uma concessão, vista por muitos como uma espécie de caridade de favor a uma cultura milenar...
Se o cânone cultural, hoje, graças à globalização, é menos estreito, o fenómeno de fecho das fronteiras, a xenofobia e o racismo, voltam a encerrar, por outro lado, a Europa em volta de si mesmo. Claro que o Trump não viria acrescentar nada a estas divagações despretensiosas...

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