quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

A eternidade da ficção


Entre o ulo enraivecido da agonia de Flaubert, injuriando a eternidade de Madame Bovary, e a placidez metálica e durável da Sereiazinha, de Andersen, em Copenhaga, na sua perenidade, vai o espírito do Homem, que usa a imaginação para tentar vencer a morte e a finitude dos corpos.
Não é nada frequente que uma personagem de ficção venha a ganhar os contornos e o direito estatuário de ficar, em detrimento de quem os criou e idealizou - mesmo que de forma exemplar - em palavras escritas.
Mas é o que realmente se passa, na verdade, com a simpática figura do comissário Jules Maigret, criada por Georges Simenon (1903-1989). A estátua, executada pelo escultor Pieter d'Hont (1917-1997), existe. E foi inaugurada, com pompa e circunstância, na presença de Simenon, a 3 de Setembro de 1966, em Delfzijl (Holanda).
Porque terá sido lá, nessa margem esquerda do rio Ems, que, por volta de 1930, terá sido escrito o primeiro policial da saga Maigret: "Pietr, o letão" - que viria a ser publicado em 1931.

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