Lembro-me bem que, nos anos 50/70 do século passado, cada jornal que se prezasse tinha um suplemento literário semanal. À quinta-feira o "Diário de Notícias", o "Popular" e o "Lisboa", à quarta "A Capital" e por aí fora... A página literária do Diário de Notícias, orientada por Natércia Freire, era uma instituição, e contribuía, através das recensões isentas de João Gaspar Simões, para criar um critério de qualidade na leitura do país. A norte, n'O Comércio do Porto, Óscar Lopes desempenhou o mesmo papel crítico e pedagógico. Actividades que permitiam a grande parte do que se editava que tivesse um mínimo de qualidade literária. Também o jornal Público, que foi lançado em 1990, publicava, ao sábado, um bom suplemento cultural (Mil Folhas), que veio vindo a definhar tal como a qualidade geral do diário. Hoje em dia, à sexta-feira, o jornal insere apenas uma ou duas recensões a obras incaracterísticas no suplemento ípsilon.
Entretanto, a ocupar este vazio, começaram a aparecer uns blogues foleiros e manhosos, orientados por umas mulherzinhas cerzideiras e mercenárias que passam o tempo entre livros e tachos e que, pagas muito provavelmente por editoras pouco preocupadas com a qualidade dos produtos que editam, lhes fornecem títulos a metro e as fazem publicitar a mediocridade dos seus livros e obras para vender aos incautos leitores.
Prezado APS,
ResponderEliminarNão pude deixar de sorrir, com o tom cáustico das suas últimas palavras.
Contudo, não posso deixar de concordar totalmente com o que escreveu!
É grave e preocupante esta realidade!
Um dia bom!
Tenho uma grande dificuldade mental em conviver com a hipocrisia e propaganda que rodeia uma parte das nossas editoras. E a leitura só sai prejudicada deste estado de coisas, infelizmente.
EliminarCumprimento-a, cordialmente.
Não há nenhum sítio onde possamos seguir o que vai saindo.
ResponderEliminarJá tinha visto este livro de Selva Almada nas livrarias e não me tinha despertado atenção. A capa também não ajuda, esta e muitas outras.
No geral, gosto do que Isabel Lucas escreve. Estou a ler um livro dela e tenho outro no monte.
Bom dia!
É verdade. E críticos a sério, já não há - apenas uns aprendizes, e raramente isentos. O panorama é desolador: daí se publicar tanta mediocridade...
EliminarBoa tarde.
Caro APS
ResponderEliminarIniciei-me na leitura dos jornais fruto do tempo que passava na Tabacaria de um familiar e confesso que descobri inúmeros livros e autores graças aos suplementos literários e recordo-me bem do suplemto literário do Diário Popular, à quinta-feira dirigido pelo Jacinto Baptista e a "Mosca" do Diário de LIsboa, jornais que comprava só para os ler. Já o "Mil Folhas" do Público gostava bastante, mas quando foi incluído no "Ypslon" começou a perder interesse. Já a referência em termos literário nos blogs, confesso que é este seu blog, que ainda me leva a descobrir ou recordar livros e autores.
Os melhores cumprimentos.
Muito boa tarde!
Os suplementos culturais eram um guia , quase sempre seguro, a ter em conta em matéria de leitura, para mim. E, sobretudo na fase juvenil, uma ajuda na interpretação de obras mais difíceis.
EliminarGrato pelas suas palavras evocativas.
Saudações cordiais!