segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

1 poema de Alicia Ostriker (EUA, 1937), vertido para português



Tudo aquilo que vive dá de si e fenece
por suas próprias regras, a maré nas suas veias, e em Abril
a força do verde é irresistível,

mas a grande lei é mutável
e nada permanece sozinho, tudo se sucede
e desaparece,
assim as plantas fecham os olhos à chuva
e os piscos bebem nela a sua alegria.


Alicia  Ostriker, in Almanak, The Book of Seventy.

domingo, 22 de dezembro de 2024

Em tempo

 

Aos Amigos, Comentadores e Visitas, que por aqui passem, os nossos melhores votos natalícios e de um  feliz Ano Novo de 2025.

sábado, 21 de dezembro de 2024

A saber

 

Há mistérios insolúveis, que sabemos quase impossíveis de decifrar. Parauta, por exemplo, era o nome afectuoso por que tratávamos a empregada dos meus primos, mas já nenhum de nós sabe o seu nome natural, nem ela é viva para nos elucidar devidamente.
Sobre este quadro (2004) de Paula Rego, intitulado "A Bruxa de Lordosa", que foi vendido em Londres, recentemente, por meio milhão de euros, tecem-se várias teorias. Na tela se agrupam, pelo menos, Salazar na horizontal e já falecido, a múmia paralítica cavaquiana e a sua "afilhada" Leite, mas também a actual ministra da Cultura. Será?
Quem souber da história, que esclareça.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Arcangelo Corelli (1653-1713) : do concerto "Fatto per la notte di Natale"

Natalícias

 

Desta vez não são as "últimas aquisições", mas as duas mais recentes ofertas natalícias e amigas de livros editados sob o patrocínio do C. de E. Históricos, cuja qualidade dos textos e gráfica se destacam.
Grato reconhecimento a quem no-los trouxe.



quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Lembrete 75

 



Para quem goste de poesia. Ou considere, naturalmente, a obra de Alexandre O'Neill, daqui lembramos que o JL dedica 7 páginas do seu último número ao Poeta. Cujo centenário do nascimento se completa hoje.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Uma fotografia, de vez em quando... (191)

 

Teve uma vida de saltimbanco, a fotógrafa germano-americana Evelyn Hofer (1922-2009). Nascida em Marburg, a família foi para a Suiça em 1933, com o início do nazismo e, depois, para Madrid, mas com a vitória de Franco, viria a fixar-se em Nova Iorque. O México foi a sua última morada, onde viria a falecer.




Alguns retratos interessantes, mas sobretudo a fixação de grupos profissionais, como motoristas e coveiros, por exemplo, dominam uma boa parte da sua obra fotográfica.



Alguns instantâneos parecem sugerir que a lição ou herança do grande fotógrafo alemão August Sander (1876-1964) não andava longe...

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Forçar a nota



Constava que o intérprete preferido de Georges Simenon (1903-1989) para desempenhar o papel de Maigret, em cinema, era o actor Bruno Cremer. Pela minha parte, sempre achei Jean Gabin mais apropriado dentro da galeria dos artistas, que iam de Charles Laughton e Gino Cervi até Jean Richard e John Malkovich.
Mais recentemente, lembraram-se de Rowan Atkinson para personificar o Comissário.



Tenho grandes dúvidas que o actor cómico inglês convença o público. Mas às vezes há surpresas. Quem diria que Raul Solnado, escolhido por Fonseca e Costa, para desempenhar o papel de Elias Santana no filme A Balada da Praia dos Cães (1987) iria ser tão convincente e magnífico no seu trabalho de actor "sério" de chefe de brigada da Judiciária?


Esquecemo-nos, talvez, que Solnado era um homem e artista polifacetado.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Revivalismo Ligeiro CCCXXXVI

Inflação

 

Informa fonte credível que, com o grande aumento dos turistas chungas, os carteiristas tiveram um crescimento significativo de 50%, só em Lisboa. Por aqui, pelos vistos, não falta trabalho. A mesma notícia precisa que nesta "profissão" estão registados ( PSP ) 141 trabalhadores activos. Não serão muitos, mas deve compensar...

domingo, 15 de dezembro de 2024

Citações D



Fale-se em Francês, quando não conseguimos pensar em Inglês, a propósito de alguma coisa.

Lewis Carrol (1832-1898), in Through the Looking-Glass.

sábado, 14 de dezembro de 2024

Divagações 200

 

Estava um frio danado quando saímos para ir ao talho. O Paulo, em vez de duas, tinha-nos guardado três perdizes. Já depenadas, que eu já não tenho pachorra para estar para ali umas horas, à mesa, a depená-las, laboriosamente. As bichinhas ficaram no congelador para a altura devida, da época natalícia.
Falta depois escolher um Dão macio pelos anos, ou um Douro amansado. Qualquer deles, tinto, de feição.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

... e porque estamos já perto do Natal...


... este In the Bleak of Midwinter, de Gustav Holst (1874-1934), à maneira do tempo que vai.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Bibliofilia 218

 

Não é uma impressão cara ou rara, este livrinho que inclui o conjunto completo dos sonetos que Shakespeare (1564-1616) mandou editar em 1609. O voluminho, integrado num estojo simples, é muito bonito e foi-me oferecido, ainda no século XX, por alguém que fora a Stratford-upon-Avon, numa viagem a Inglaterra.



quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Osmose 140

 

Vamos arranjando umas histórias para ilustrar os mistérios que ocorrem no exterior ou nas redondezas geográficas, e que não sabemos explicar. Algumas vezes a realidade vem dar-nos razão. Outras, os erros acabam por ser flagrantes. E o desencontro, total.
Há gente que desaparece para sempre, mas também regressam, raros embora, alguns filhos pródigos inesperados, que sempre foram de nossa estimação. Assim, por vezes, se nos enriquecem os dias.
E até parece que somos felizes, salvo seja...

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Recomendado : cento e cinco

 


Um estudo de 2023 informa-me que, desde a invenção da imprensa, se editaram no mundo cerca de 160 milhões de livros. E este, com a capa em imagem, é apenas um que eu gostaria de destacar, nesta época.
Pedagógico e graficamente apelativo, este livro de Luísa Ducla Soares (1939), poderá ser um presente natalício para crianças e jovens que gostem de História, e não saibam apenas dar pontapés na bola e grunhir.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Johann Joseph Fux (1660-1741)

Antologia 22

 

Daquilo que conheço, creio que há dois poetas que se abalançaram a falar com propriedade original e sabedoria sobre a criação em poesia. T. S. Eliot (1888-1965), de que registei um pequeno fragmento de texto no Arpose (2/2/2010), e René Char que passo a citar:

"Heráclito põe o acento sobre a exaltante aliança dos contrários. Ele vê neles, em primeiro lugar, a condição perfeita e o motor indispensável para produzir harmonia. Em poesia acontece que, no momento da fusão destes contrários, surge um impacto sem origem definida, cuja acção dissolvente e solitária provoca o delizar dos abismos que trazem de forma tão antifísica o poema. Pertence ao poeta interromper cerce este perigo fazendo intervir, seja um elemento tradicional de razão já experimentada, seja o fogo de uma demiurgia tão milagrosa que anule o trajecto da causa para o efeito. O poeta pode então aperceber-se dos contrários - estes milagres pontuais e tumultuosos -, direccionar a sua linha imanente personificada, poesia e verdade, que, como sabemos, são sinónimos."

René Char (1907-1988), in Fureur et Mystère (pgs. 69/70).

sábado, 7 de dezembro de 2024

Um Maigret

 

Alguns livros usados trazem-nos, por vezes, surpresas interessantes. O nº 1 da colecção Maigret da Bertrand, que comprei usado, há muito, trazia um carimbo de posse bem original, do seu anterior proprietário.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

O CAM em tirocínio para MAAT



Felizmente, o núcleo central do Museu Calouste Gulbenkian manteve-se inalterável. Rembrandt, Guardi, Lalique continuam a poder ser vistos pelos visitantes. Conserva o bom gosto e qualidade do Sr. Calouste.
Mas no CAM, estes novos curadores e administradores foleiros tinham que meter o pé na poça e, a exemplo dos gerentes das grandes superfícies de distribuição, dar nas vistas, e mudar as arrumações, para os chefes baterem palmas e aprovarem as suas palermices. Introduzindo artistas de muito duvidosa qualidade artística.
Assim, deixamos de poder ver Almada, os Galgos de Souza-Cardoso, José de Guimarães, Pedro Chorão... foi tudo para as reservas escondidas.
Este Feijó é, realmente, um grande esteta cómico!
Bem merece, a seguir, ir para o MAAT, bugiar.

Franz Schubert (1797-1828)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Obviamente, La Palice


 
Se fosse só na França, o descalabro...

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Mercearias Finas 205

 

Não serão das mais utilizadas, na gastronomia portuguesa, as carnes de coelho e de pato, mas eu aprecio-as bastante. Um bom Coelho à Caçador, depois de passado, no tempero, por uma competente vinha de alho, pode bem ser um petisco saboroso e, quebrando a regra tradicional, eu só lhe substituo a batata cozida por frita.
Mas desta vez foi um peito de pato estufado, com umas airelas (arandos) em calda, e batatas fritas bem estaladiças, que vieram à mesa. Ultimamente, venho dando importância, no Douro, à casta Touriga Franca que era, de há muito, imprescindível no Vinho do Porto.
A casta fazia parte deste Flor das Tecedeiras 2008, que bebemos, do lote em companhia da Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Barroca e Tinto Cão, nos seus 14º, de taninos já domados pela idade. E que estava muito bom portando-se à altura e qualidade do almoço, de há dias atrás.

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Uso Pessoal 21

 


Até cerca de meados do século passado uma boa parte dos livros tinham as páginas fechadas, não só para garantir a sua inviolabilidade como para evitar que furtivos leitores a eles acedessem à borla, creio...
Já tiveram muito mais uso, mas hoje estes 4 abre páginas raramente são utilizados por mim, porque os livros já vêm abertos. Em obras mais antigas, quando preciso, costumo usar o de tartaruga (ao centro) e, quando os livros são de papel mais encorpado, sirvo-me do de metal, que cumpre melhor a sua função.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Um nocturno ao entardecer

3 aforismos (irónicos) de Karl Kraus

 

1. As conversações de barbeiro são a prova irrefutável que as cabeças existem por causa dos cabelos. (pg. 58)

2. A vida familiar é uma intromissão na vida privada. (pg. 60)

3. O uso de palavras pouco usuais é um vício literário. Só se deve atrapalhar o público com dificuldades intelectuais. (pg. 107)


Karl Kraus (1874-1936), in Aforismos.

Oportunidades

 


Eu creio que nunca paguei tão pouco por uma refeição de peixe: 2 euros por dois cantaris. A banca estava cheia deles, talvez uns cinquenta, assim pequenos como estes da imagem, e ostentava um letreiro a dizer "Promoção / 5 euros / quilo". Assados no forno, os bichinhos sairam muito bons. Apenas as espinhas é que são um pouco insidiosas, como as dos salmonetes, que, curiosamente, têm o mesmo tom de pele...

domingo, 1 de dezembro de 2024

Filatelia CXXI


 

No Dia da Filatelia, aqui ficam em imagem, os 4 selos da primeira emissão portuguesa, de 1853, bem como uma carta que circulou de Elvas para Lisboa, em 1854. O selo de 50 réis de D. Maria II ostenta o carimbo numérico (48) de Angra (Açores). O selo de 100 réis é uma reimpressão de 1863, com goma.    

Impromptu 78


Uma sequência, quanto a mim, admirável! Não fosse o ritmo alucinante da Dança Húngara nº 5, de Brahms, a acompanhar...

Adagiário CCCLXXIV



Despesa é como cabelo, se não corta, acaba crescendo.

(Provérbio brasileiro)