A existência de ideias fixas
ajuda, por vezes, reencontrar o que parece mais adequado e se revelou acertado
ao longo de uma vida. Tenho por mim que “nem toda a criação tem o selo de
inocência”.
A História da Alemanha, sobretudo
no período após o Nazismo, tinha uma versão oficial, até com cambiantes
ideológicos para todos os gostos, sem, no entanto, revelar tudo sobre a postura
de determinadas figuras públicas, tanto da área de política-social como de
cultura.
Sucede que me deram a conhecer,
no ensino oficial, alguns artistas e escritores, olvidando, de forma inocente
ou premeditada, a sua afeição, convicção ou até colaboração com o “Terceiro
Reich”. Ora, quando descobri o engano, não gostei, como não gosto de logros de
qualquer espécie. Daí que comecei a ligar mais à biografia dos criadores, numa
dúvida metódica quanto à sua inocência relativamente ao seu perfil ideológico,
designadamente na sua vertente cultural e social.
Tudo isto me veio novamente à
memória no dia em que descobri mais uma pista, porventura cheia de enganos. Tal
como Heidegger, parece que a “filosofia alemã” continua a alimentar a extrema
direita. Actualmente, a criatura em imagem acima, é o filósofo que orienta a
sua versão considerada “mais civilizada” e que dá pelo nome de AfD [=
Alternative für Deutschland, i.e.: alternativa para a Alemanha], com uma
crescente aceitação devido à sua postura xenófoba e profundamente troglodita.
Ora, o “filósofo” Marc Jongen
parece que já foi assistente do professor Peter Sloterdijk. Vieram-me,
novamente, à memória todas as minhas dúvidas metódicas sobre a “inocência” da
criação e, sobretudo, a necessidade de uma permanente vigilância relativamente
aos “criadores”.
Por enquanto, não encontrei,
ainda, nada que me fizesse rejeitar o professor Peter Sloterdijk, embora o
censure pela escolha do seu assistente. Deixo, para finalizar parte de uma
texto de Sloterdijk, naquilo que considero um olhar oportuno sobre o mundo em
que vivemos:
“According to his diagnosis, the
human beings of our time are basically bored. And to be bored means that if you
look into yourself, what you find is the profound absence of a driving
conviction.”
Post de HMJ