Na Alemanha, no meu tempo de meninice existia uma máxima:
“Wer A sagt muss auch B sagen” – a saber, quem “pronuncia A tem que dizer B”.
Ou seja, a questão fundamental é apenas de coerência.
Assim, não vale a pena a Chanceler – como nos idos da crise
de 2008 – falar da solidariedade europeia e virar as costas quando se aproxima
o passo seguinte – de A para B – a fase subsequente e determinante de abrir os
cordões à bolsa.
Nisso, e é bem lembrá-lo, que estão os dois de acordo,
Merkel e Schäuble. Como diria Vitorino: são “Farinha do mesmo Saco”.
Tenho muito pena, mas por cá ainda existem algumas boas
almas encantadas com os discursos da Senhora Merkel, avaliação, aliás, que
nunca partilhei. Sempre a achei profundamente provinciana, tal como o seu outro
ideólogo, vivendo num mundo reduzido aos “cifrões”, universo particular do
endinheirado germânico, promovendo a cultura de pacotilha. Bayreuth a quanto
obrigas !
De facto, nesse mundo maravilhoso dos cifrões da Alemanha há
dinheiro para muita coisa, até fortunas transformadas em fundações de apoio a
bicharadas diversas, asnos e toda a parafernália de animais domésticos.
No entanto, o universo dos idosos, no limiar da pobreza,
situa-se numa faixa de 25% da população. Haverá maior vergonha do que esta para
um país considerado rico ? Quando se fala, contudo, de aprovar, com o apoio da
CDU da Senhora Merkel, um pacote de Reforma Base Universal para os
pensionistas, vamos a passos.
Convém, no meio disto, ler artigo de 6.4.2020, publicado
pelo Público, do Ministro das Finanças alemão, Olaf Scholz (SPD) e Heiko Maas
(SPD), numa iniciativa conjunta saída em vários jornais da Comunidade Europeia.
Tardiamente, depois do discurso indispensável, oportuno e urgente de António
Costa.
Com particular necessidade da renovação do sentido último do
“Imperativo Categórico” de KANT, nesta circunstância em que o mundo financeiro
e global se afundou, espero que a Alemanha não se esqueça, mais uma vez, do profundo sentimento de humanidade de uma parte considerável da sua população
que continua a estimar os valores essenciais. São eles que merecem o nosso
apoio como povo do centro da Europa, abertos ao Mundo, humanos e solidários.
Infelizmente, são os menos esclarecidos que a imprensa
coteja, designadamente toda a cáfila de forças de direita que se aproveitam da
profunda ignorância que se instalou. Sinais do tempo.
Por último, e por razões substanciais, tenho muitas dúvidas sobre a excelência do sistema de saúde alemão quando comparado com o SNS, até por
experiências desagradáveis recentes.
Por fim, continuo a batalhar pelo universo em que cresci, da
União Europeia, de encontros culturais, humanos e apoiados, por políticas e
finanças ao serviço da comunidade.
HMJ