Aliás, a obra ímpar supra reproduzida, modelo espantoso de junção de géneros, exige sempre um retornar à História do Liberalismo para compreender bem a obra e situar o leitor no seu contexto. Caso contrário, a criação magnífica de Almeida Garrett não passa de uma enorme “chatice”.
No entanto, a consulta e leitura de várias obras sobre a época não tem ajudado, em muitos casos, ao esclarecimento, porque, nas palavras de Reis Torgal, “sou já de um tempo em que a história do liberalismo e da república, ou a história contemporânea em geral, não era abordada na Universidade e, se o era no ensino primário e no ensino secundário, pretendia-se, de uma forma expressa ou subliminar, integrá-lo numa lógica corporativa de crítica ao liberalismo individualista, ao demoliberalismo, ao socialismo (democrático ou comunista) ou mesmo ao cristianismo dito «progressista».”
Nesse sentido, Reis Torgal cumpre perfeitamente o que
promete no capítulo O Sentido deste
Livro, a saber:
“Assumidamente esta obra integra-se nas comemorações do Bicentenário da Revolução de 1820, que se estende pelo menos até 1823, e pretende atrair a atenção do leitor para alguns aspetos que o autor foi estudando, com a maior objectividade a que o obriga a condição do historiador, aspectos que considerou de certa importância e atualidade. Não quis cometer o erro de confundir o presente com o passado, mas também não quis esconder as razões que me levarem a abordar os temas que a seguir são tratados. Num país em que (quase) nada se discute seriamente, não pretendi omitir qualquer ideia, mesmo mais presente e polémica, que justificasse o trabalho realizado e, por vezes, revisto”.
1)Luís Reis Torgal, Essa Palavra Liberdade ..., Lisboa, Temas e Debates – Círculo de
Leitores, junho de 2021
Post de HMJ